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Ronaldinho: "Vivo tudo o que eu sempre sonhei"

Geraldo Hoffmann19 de abril de 2006

Ronaldinho diz que não é famoso e que ainda leva uma vida normal. Confira como é essa "vida normal", na terceira e última parte da entrevista que o craque da seleção concedeu à DW-WORLD.

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Estrela do futebol mundial diz que vive seu sonhoFoto: AP

DW-WORLD: Aos 26 anos de idade, você já conquistou quase tudo o que um jogador de futebol pode sonhar. É campeão mundial, joga no maior clube do planeta (levando em conta o número de associados) e, nos dois últimos anos, foi eleito melhor jogador do mundo. Esse sucesso é fruto do trabalho, do destino ou da sorte?

É um pouco de tudo. É preciso ter um pouco de sorte, trabalhar muito e, acho que, quando o homem lá de cima fala, isso vai acontecer, então isso acontece. Se ele fala que algo vai acontecer e você se esforça para que isso aconteça, daí é só trabalhar que as coisas acontecem.

Com "o homem lá de cima" você se refere a Deus ...

Deus, com certeza. Deus colocou tudo nos caminhos. Penso que cada um tem seu destino, sua vida a seguir. E então, tendo-se saúde para poder trabalhar, o resto acontece naturalmente.

O que passa na cabeça de Ronaldinho – embaixador da ONU contra a fome – quando compara o salário das grandes estrelas do futebol com a renda de milhões de pessoas no Brasil e outros países pobres?

Não sou muito de parar para fazer essa comparação. Hoje, mesmo, se não ganhasse nada para jogar futebol, continuaria jogando futebol porque é o que eu gosto de fazer. É lógico que teria de buscar um outro trabalho, mas jamais deixaria de jogar futebol. Hoje eu tenho uma oportunidade maravilhosa e, com aquilo que eu posso, procuro ajudar as pessoas que necessitam. Para mim o dinheiro não é a coisa mais importante do mundo.

E a fama?

Eu não me considero famoso. Tenho a possibilidade de ser conhecido, por fazer o que eu mais gosto. E procuro desfrutar o máximo do momento.

O fato de ser tão conhecido também tem um lado incômodo? Como você faz para tentar levar uma vida normal?

Interview mit Ronaldinho junge Ronaldinho Fans
Crianças nas ruas de Barcelona com a camisa do ídoloFoto: Geraldo Hoffmann

Eu ainda tenho uma vida muito normal. Estou vivendo tudo o que eu sempre sonhei. Até agora, para mim está sendo fácil. Esse outro lado ainda não conheço. Posso vir a conhecer um dia e saber o quanto é ruim. Mas hoje eu vivo tudo o que eu sempre sonhei e procuro aproveitar o máximo. Tudo o que eu sempre sonhei era isso: ser conhecido por jogar futebol, poder andar na rua e dar autógrafos, tirar fotos com as pessoas e poder jogar num grande clube.

Você ainda pode ir normalmente ao supermercado?

Ir normalmente, não, porque todo mundo sabe quem eu sou e todo mundo quer autógrafo. Não deixo de fazer nada, porém, a gente procura um horário que seja mais calmo. Quando se vai ao cinema, procura-se ir a uma sessão que tenha pouca gente. Se vai à praia, vai num lugar onde tenha menos movimento. Simplesmente procuro organizar um horário em que eu possa estar mais tranqüilo.

Diz-se que em Barcelona existem até tortas com decoração do Ronaldinho. Já experimentou essas tortas?

Já, no ano passado e no ano anterior, quando cheguei aqui. Para mim também foi uma surpresa. Quando chega a época da Páscoa, todo mundo faz esse monte de coisas com chocolate. Isso foi uma surpresa para mim e eu acho muito legal.

O que não pode faltar na mesa do Ronaldinho? Qual é seu prato preferido?

Eu gosto de comer, no dia-a-dia, arroz, feijão e carne. Arroz e feijão, quase todos os dias – com galinha, com peixe, com o que for.

E um churrasco gaúcho?

Isso tem nos finais de semana, principalmente quando jogamos no sábado. Então, treinamos no domingo de manhã e temos a tarde livre. Daí eu gosto de fazer um churrasco. Domingo é o dia do churrasco.

Você faz isso com os amigos brasileiros do futebol?

Com todos os amigos, alguns aqui do clube, outros que jogam futebol de salão, com amigas que jogam basquete. Quase sempre os brasileiros que moram por aqui [em Barcelona] se juntam.

Sabe-se que os jogadores brasileiros no exterior são muito unidos. Com quais você tem mais contato?

São muitos, de muitos países. Rodrigo Costa, no 1860 Munique, Roque Júnior e Juan, no Bayer Leverkusen, outros na Turquia, como Alex. Outros ainda em Paris, Paulo César e Fred do Paris Saint Germain. Aqui no nosso time somos seis brasileiros – Belletti, Sylvinho, Edmilson, Thiago Motta, Deco e eu. E mais o Eduardo Costa, que joga no Espanhol, e assim vai. Fora os que jogam futebol de salão aqui na liga espanhola. Tenho contato com muitos jogadores.

Você ainda tem contato com seus colegas da equipe de futebol de salão que aparecem no novo comercial da Nike?

Sim, tenho contato com quase todos que aparecem nesse anúncio.

O que eles se tornaram na vida?

O Kako, por exemplo, está fazendo curso de treinador. Formou-se em Educação Física na faculdade. Outros ainda jogam. Tem o Marquinhos e o Tiaguinho que ainda jogam. Um joga futebol de salão, o outro futebol de campo. A grande maioria se deu bem.

Dá saudade desse tempo?

Dá muita saudade. Sempre que volto a Porto Alegre e tenho oportunidade, a gente se reencontra para relembrar. Estamos sempre juntos.

Além do futebol, você ainda tem uma segunda paixão, que é a música. O que você aprendeu primeiro: a cantar, dançar ou jogar futebol?

Em primeiro, sempre veio o futebol. Mas minha família também sempre foi do meio da música. Nasci escutando música e jogando futebol. Na minha família sempre foi assim: depois das peladas de domingo ou de sábado, tinha churrasco junto com pagode. Eu cresci nesse ambiente. Sempre gostei de música e hoje posso dizer que sou um amante da música. Sou muito curioso pela música e amo a música.