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Roma inicia processo histórico contra máfia

5 de novembro de 2015

Massimo Carminati, gângster ligado à extrema direita, e outras dezenas de políticos e empresários ligados à chamada "Mafia Capitale" vão a julgamento por corrupção sistemática na capital italiana.

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Foto: Reuters/Y. Nardi

Os supostos líderes de um grupo mafioso que teve influência sobre quase todos os departamentos da prefeitura de Roma começaram a ser julgados nesta quinta-feira (05/11), num dia histórico para a luta da Itália contra o crime organizado.

Massimo Carminati, gângster condenado com histórico de envolvimento com grupos de extrema-direita, e 45 outros são acusados de operar uma rede mafiosa que usava extorsão, fraude e roubo para desviar milhões de euros destinados a serviços públicos para o próprio bolso. Procuradores chamam o grupo de "Mafia Capitale".

Um ano de investigações teria revelado corrupção sistemática na capital italiana, onde políticos, burocratas e empresários se ligaram a mafiosos para manipular licitações envolvendo desde a criação de centros de refugiados à coleta de lixo.

Carminati e seu ajudante Salvatore Buzzi são acusados de assassinato e de liderar uma operação que representa um novo tipo de máfia na Itália, segundo procuradores.

Nenhum dos dois acusados comparecerá ao tribunal durante o julgamento, que deve durar até julho do ano que vem, mas eles vão acompanhar o processo por videoconferência a partir dos presídios de segurança máxima onde estão detidos.

Eles negaram ter ligação com a máfia, o que lhes renderia penas mais longas e mais severas que as por corrupção. "Carminati não tem nada a ver com a máfia", disse seu advogado, Giosue Naso.

Procuradores afirmam que a extorsão dos criminosos durou anos em Roma, contribuindo para o colapso financeiro e a degradação de sua infraestrutura e serviços públicos, segundo os procuradores. Entre os réus também estão políticos locais, empresários e funcionários públicos.

Passado que condena

Para muitos analistas, o mais surpreendente no caso é o fato de Carminati e Buzzi terem conseguido chegar perto de dinheiro público considerando o passado dos dois.

Carminati foi condenado a dez anos de prisão em 1998, por ser membro da Banda della Magliana – grupo criminoso que dominou o submundo de Roma nos anos 1970 e 1980 e que teria dado origem à Mafia Capitale, segundo procuradores.

Ele também foi membro do grupo de extrema direita Nuclei Armati Rivoluzionari (Núcleos Armados Revolucionários), envolvido num ataque a bomba na estação de trem de Bolonha em 1980, que deixou 85 mortos. Carminati perdeu o olho esquerdo durante um tiroteio com a pólicia no ano seguinte.

Buzzi foi condenado em 1983 por assassinar um cúmplice que virou informante da polícia. O esfaqueamento rendeu a Buzzi uma sentença de 30 anos de prisão, mas ele só cumpriu seis anos da pena, após investir em sua educação na cadeia.

Numa gravação obtida pelos procuradores, Buzzi afirma que o dinheiro destinado a acomodar e alimentar requerentes de asilo da África e do Oriente Médio é mais lucrativo que o tráfico de drogas. Em outra gravação, Carminati descreve a si mesmo e seus aliados como a ligação entre o submundo e a sociedade.

LPF/afp/rtr