Retrospectiva William S. Burroughs em Hamburgo
A retrospectiva William S. Burroughs, no Sammlung Falckenberg em Hamburgo, mostra as colaborações criativas do escritor beat e seus experimentos com pintura, filme, som e fotografia.
Ícone da contracultura
Obras como "Almoço Nu" e "The Soft Machine" fizeram de William S. Burroughs (na foto em seu apartamento em Nova York – apelidado de "O Bunker" – em 1981) um ícone da geração beat. Sua literatura influenciou artistas, cineastas e músicos: de John Cage e Patti Smith a Lou Reed e David Cronenberg. Porém, seus experimentos com filme, som e pintura são menos conhecidos.
Garoto rebelde
William Seward Burroughs II nasceu em St. Louis, no estado norte-americano de Missouri em 1914. Ele conheceu Allen Ginsberg e Jack Kerouac após se mudar para Nova York em 1943. Assim como os outros escritores beat, Burroughs era uma figura subversiva, protestando contra moral, política e economia da moderna sociedade norte-americana. Ele pintou "Helpless Pieces in the Game He Plays" em 1989.
Espírito pioneiro
A retrospectiva em Hamburgo explora a conexão entre a arte e a escrita de Burroughs, apresentando o escritor como um dos artistas pioneiros das novas mídias. Muitos de seus trabalhos semiautobiográficos foram inspirados em suas viagem pela América Latina, Tânger, Londres, Paris, Berlim – e em seu vício em heroína. "Return of the Eternal Black Penny" (foto) foi pintado em 1988.
Parceria frutífera
A exposição revela dimensões menos conhecidas da obra de Burroughs através de diversas colaborações com outros artistas. Uma de suas mais frutíferas parcerias criativas foi com o poeta e pintor britânico-canadense Brion Gysin, na foto com Burroughs em 1979 na Basileia. Gysin inspirou Burroughs a usar a técnica "cut-up", criando uma justaposição aleatória de texto, sons e imagens.
Musical vanguardista
Junto com o diretor teatral Robert Wilson e o músico Tom Waits, Burroughs trabalhou na fábula musical vanguardista "The Black Rider: The Casting of the Magic Bullets" em 1988. Baseado em uma coletânea de histórias de fantasma, a mistura de comédia e horror é também um alerta sobre o poder do vício. Na foto, Burroughs é retratado ao lado de Wilson e Waits na estreia do espetáculo em Hamburgo.
Tiros mágicos
Em 1981, o ícone da contracultura se mudou para Lawrence, no Kansas, onde morou o resto de sua vida. Lá o escritor desenvolveu sua técnica de pintura, na qual atirava com uma espingarda em latas de tinta spray. Inicialmente, ele usou pastas de arquivo como paletas improvisadas para misturar as cores antes de decidir quais eram ou não obras de arte, como nesse trabalho sem título (c.1992).
Criatividade e desprezo
JG Ballard descreveu Burroughs como uma pessoa cheia de "desprezo remoída pelos valores da classe média, frugalidade, trabalho, paternidade, tendo apenas desculpas para a ganância e a exploração pequeno-burguesa". Mas ele se dava bem com todo mundo de Warhol e Susan Sontag a Allen Ginsberg e Bowie. A retrospectiva reúne textos, fotos, gravações, filmes e 150 de suas obras de arte visual.
Viagem final
Retratado aqui no apartamento de Brion Gysin em 1979 em Paris, o autor de "Junkie", "Queer" e "Wild Boys", ensaísta, artista e figura cultuada da contracultura morreu em casa no Kansas em 2 de abril de 1997, em consequência de um ataque cardíaco. "William S. Burroughs - Retrospectiva" está em cartaz no Sammlung Falckenberg em Hamburgo até 18 de agosto de 2013.