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Repercussão pelos quatro cantos do mundo

(rsr)23 de novembro de 2005

Não foi somente a imprensa alemã que dedicou as primeiras páginas à mudança de governo na Alemanha sob a batuta da democrata-cristã Angela Merkel. Jornais europeus e americanos também comentaram o fato histórico.

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Imprensa mundial comenta eleição de Angela MerkelFoto: dpa - Bildfunk

A troca do poder na Alemanha é fato consumado. Depois de abordar por semanas as incertezas a respeito da formação do governo, a imprensa mundial repercute, agora, o significado da presença de uma mulher no mais alto cargo político do país.

O jornal Süddeutsche Zeitung, de Munique, destaca a eleição como um passo decisivo na história da igualdade de direitos. Conforme o artigo, "30 anos depois de a ONU ter instituído o Ano Internacional da Mulher, ele começa na Alemanha". Naturalmente, a "confirmação do nome de Merkel não é uma questão de direito, mas sim de poder", ressalta o periódico.

Também positiva é a abordagem do Märkische Oderzeitung, de Frankfurt do Oder (Leste alemão), que dá destaque à origem de Merkel: "Uma chanceler, e ainda do Leste alemão, é extraordinário". De acordo com o texto, o fato deve ser comemorado. "Por que não uma mulher? Golda Meir, Indira Gandhi e Margaret Thatcher foram excelentes líderes. E agora (uma mulher) na Alemanha do século 21."

Contagem de votos

Para o Lübecker Nachrichten, de Lübeck, Angela Merkel teve que aceitar os votos contrários dentro da própria coalizão. "Um fato secundário, que não será decisivo para o sucesso político da chanceler", complementa o diário.

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Jornais se ocuparam durante semanas com as possíveis coalizõesFoto: AP

O artigo continua, explicando que a sobrevivência de Merkel no governo durante toda a legislatura não dependerá de votos a mais ou a menos. Conforme a opinião do jornal, não depende também das feições de seu rosto e de como ela se veste. "Decisivo será se houver avanço no crescimento e na geração de empregos", conclui.

Outro periódico que considera pouco importante o número de votos recebido por Merkel é o Thüringer Allgemeine, de Erfurt. "Não é o momento de contar os feijões. Se foram 397 ou 400 votos, é totalmente irrelevante", critica o artigo. "Apesar de muitos desejarem o contrário, Angela Merkel foi eleita por uma maioria satisfatória."

Um mar de rosas

Die designierte Bundeskanzlerin Angela Merkel waehrend einer Fraktionssitzung in Berlin am Montag, 21. November 2005.
Periódicos enfatizam a difícil trajetória de Merkel até a Chancelaria FederalFoto: AP

Seguindo o artigo, a única coisa que conta, agora, é com que rapidez o novo governo dará os primeiros passos. Também para o TZ, de Munique, os votos contra já são passado, "sobretudo quando se considera quais obstáculos Merkel já ultrapassou", aponta o jornal.

O periódico destaca que "é a primeira vez que a Alemanha pós-reunificação tem um líder do Leste". De qualquer forma, a trajetória de "Angie" até o posto mais alto do Executivo não foi fácil. Para o Frankfurter Allgemeine Zeitung, "a dependência da futura linha do SPD é a grande fraqueza da nova chanceler".

Leia a seguir: opiniões no exterior

Fora da Alemanha

Angela Merkel in Frankreich Pressekonferenz
Uma mulher no poder foi tema de consenso na imprensa européiaFoto: AP

Também a imprensa internacional opinou sobre a presença de uma mulher frente ao governo alemão. O dinamarquês Information, de Copenhague, ressaltou que o mandato de Angela Merkel não será fácil, devido à possibilidade de confronto entre os partidos.

O liberal Der Standard, de Viena, escreve sobre todo o processo até a eleição de Merkel: "Uma campanha trabalhosa, uma vitória apertada, uma coalizão difícil e agora um resultado na média. Sobre o início do governo Merkel, paira no ar uma palavra: mediocridade".

Na mesma linha de pensamento, o londrino Daily Telegraph acrescentou que Merkel não tem a mesma presença que seu antecessor. Mesmo assim, é suficientemente capaz e tem uma clara idéia do que é necessário para restabelecer o setor econômico. De acordo com o jornal conservador, "as correntes da grande coalizão poderão impedi-la de chegar mais longe e de permanecer quatro anos no cargo".

Com o questionamento se Angela Merkel conseguirá manter seu governo, o periódico russo Nesawissimaja Gaseta abre o texto sobre o principal acontecimento da semana na Alemanha. Entre os desafios apontados pelo artigo estão a alta taxa de desemprego, o enfraquecimento da economia e o grande déficit orçamentário. "Conseguiria a chanceler evitar conflitos internos?", provoca o jornal.

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Jornal francês destacou vantagens que Merkel trará para a FrançaFoto: AP

Com o título: "Paris só tem a ganhar com Angela Merkel", o Le Figaro destaca que a líder alemã chega ao poder no momento em que alguns de seus colegas europeus se aproximam do fim de seus mandatos.

O estilo diferente de Schröder em relação à sua sucessora foi abordado no Il Messaggero, de Roma. "No tempo do domínio da televisão, o estilo é tudo. Seu modo de ser é a verdadeira novidade no governo", comenta o artigo. "Schröder era sedutor e ao mesmo tempo agressivo com a mídia. Merkel é calma", compara o diário romano.

Expectativas latino-americanas

"Temos a esperança de que as relações bilaterais entre América Latina e Alemanha se intensifiquem", espera o embaixador do Chile em Berlim. Para Mario Fernández Baeza, nem todos os países latino-americanos gozam de uma relação saudável e proveitosa com os alemães. "Mais que a continuidade da política exterior, as nações esperam o aumento do trabalho em todos as áreas de interesse."

Opinião dividida pela embaixadora da Venezuela, Blancanieve Portocarrero. Segundo a diplomata, "a Alemanha deveria colocar à disposição da América Latina seu grande potencial de conhecimento e tecnologia ambiental".

Reação americana

O governo americano está feliz com a possibilidade do trabalho em conjunto com Angela Merkel. Diferente de seu antecessor, ela é vista como a garantia de uma parceria construtiva. É o que noticiou a imprensa dos Estados Unidos.

Bush in Deutschland bei Angela Merkel
Imprensa americana aposta no bom relacionamento Bush-MerkelFoto: dpa - Bildfunk

CNN e o New York Times avaliaram o número de votos contrários como primeiro sinal dos problemas que poderão aparecer com o tempo. Segundo Stephen Szabo, do Departamento de Estudos Internacionais da Universidade John Hopkins, a Alemanha se concentrará nos próximos 5 a 10 anos na política interna, deixando um pouco de lado as relações bilaterais.