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Renúncia de Köhler antecipa sucessão no FMI

Estelina Farias5 de março de 2004

Saída de Horst Köhler do Fundo Monetário Internacional, para concorrer à Presidência da Alemanha, antecipa disputa pelo cargo máximo no FMI. Berlim proíbe especulações, mas há quatro candidatos em Paris e Londres.

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Gordon Brown é um dos vários candidatos à chefia do FMIFoto: AP

Berlim não tem planos para uma sucessão de Horst Köhler na cúpula do Fundo Monetário Internacional (FMI), porque não está convencido se o candidato da oposição à Presidência da Alemanha derrotará mesmo a candidata "muito respeitável" dos dois partidos governistas, a cientista política Gesine Schwan. A revelação foi feita pelo porta-voz do governo de coalizão social-democrata (SPD) e Verde, Béla Anda, nesta sexta-feira (05), aduzindo que estão proibidas especulações. A proibição valeria também para a questão se a chefia do FMI deve ser novamente de um alemão. Oficialmente, o FMI admite uma nova candidatura de Köhler para o posto que acabou de abandonar, caso ele não seja eleito presidente alemão.

Köhler renunciou ao posto tradicionalmente ocupado por europeus, na quinta-feira (04), um ano antes de terminar o seu mandato, depois que foi nomeado como candidato comum dos partidos democrata-cristão (CDU), social-cristão (CSU) e o liberal (FDP) para a sucessão do presidente social-democrata Johanes Rau. As três legendas oposicionistas de centro-direita dispõem de clara maioria no colégio eleitoral que vai eleger o futuro presidente alemão, no dia 23 de maio.

Teuto-brasileiro fora da disputa

Caio K. Koch-Weser
Caio Koch-WeserFoto: AP

Enquanto o governo do chanceler federal, Gerhard Schröder, parecia ignorar as chances quase nulas de sua candidata na eleição indireta, o secretário de Estado do Ministério das Finanças, Caio Koch-Weser, confirmou que não está a disposição para concorrer ao cargo máximo no FMI. Koch-Weser nasceu e viveu no Brasil até os 17 anos de idade, quando foi estudar na Floresta Negra, na Alemanha.

O teuto-brasileiro foi indicado pelo governo alemão para a sucessão de Michel Camdessus, no ano 2000, mas impedido por causa da resistência dos Estados Unidos. Gerhard Schröder apresentou então Köhler como candidato de consenso e ele foi eleito por unanimidade para o posto poderoso em Washington. Com a sua renúncia agora, a vice-diretora geral Anne Krueger assumiu em caráter provisório.

Fartura de candidatos

Imediatamente após a indicação de Köhler em Berlim para a sucessão presidencial alemã, a imprensa européia divulgou os nomes de quatro concorrentes à chefia do FMI. O governo francês apontou o presidente do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, Jean Lamierre. Outro francês citado foi Pascal Lamy que, com as mudanças na Comissão Européia, deixará de ser comissário do comércio em Bruxelas, dentro de poucos meses.

Do lado britânico, foram cogitados o ministro das Finanças do Reino Unido, Gordon Brow, e o ex-chefe do Banco de Compensações Internacionais, Andrew Crocktt. Brow, de 53 anos, é presidente do Comitê Monetário Internacional, órgão principal do FMI. Subindo mais um degrau no Fundo, ele provavelmente estará renunciando à sua ambição de suceder o primeiro-ministro Tony Blair. Até o diretor do Banco Central da Polônia, que será membro da UE a partir de maio, Leszek Balcerowicz, entrou na disputa, segundo o jornal francês Guardian.

Debate programado

Os ministros das Finanças e da Economia da União Européia deverão discutir a sucessão no FMI na sua conferência de terça-feira em Bruxelas. Um porta-voz da comunidade de 15 países disse que a questão não faz parte da agenda, mas com certeza será tratada durante o almoço de serviço.

O debate na UE está programado, até porque a eleição do diretor geral do FMI é um processo muito complicado, em que os membros de diferentes pesos assumem influência política. Com sua parte de 17,1% no Fundo, os Estados Unidos não dispõem de maioria, mas isoladamente têm o maior peso político. Como o presidente do Banco Mundial é tradicionalmente um norte-americano, o FMI é dirigido por um não americano, desde que não haja resistência dos EUA, como aconteceu com Koch-Weser.

A União Européia teria quase 30% do Fundo, mas os países membros nunca conseguiram juntar as suas respectivas partes num só voto. Individualmente, a maior parte é da Alemanha (6,1%), seguida pela França e a Grã-Bretanha, com 5% cada um.