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UE-EUA

Christoph Hasselbach (sv)28 de outubro de 2008

A Guerra do Iraque marcou ponto mais crítico nas relações entre a UE e os EUA. Passado pior momento do conflito, ficou claro para os dois lados que a cooperação entre o bloco europeu e Washington é de interesse mútuo.

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EUA e UE: mais baixos que altos durante a era BushFoto: AP

"Cada nação e região deverá decidir: ou estar conosco ou com os terroristas", rezava a máxima do presidente George W. Bush após o 11 de setembro. Os atentatos em Nova York e Washington, em setembro de 2001, aconteceram pouco mais de seis meses após a sua posse na presidência. E sua reação ao ocorrido foi a de dividir o mundo entre "amigos e inimigos".

Europa dividida

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Chirac e Schröder: opinião comum sobre o Iraque, apesar das divergênciasFoto: dpa

Em 2003, a Guerra do Iraque causou ainda mais rupturas para a política externa dos EUA. Mas não só os bastidores norte-americanos sofreram com os ecos da guerra. Também os bastidores da UE se dividiram entre os que apoiavam Bush incondicionalmente e os que mantiveram uma posição crítica frente à guerra.

No início de 2003, o então chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, afirmava que "uma Europa dividida não é resultado da minha política. Em relação ao Iraque, 15 ministros europeus do Exterior definiram uma política européia comum, entre estes também o nosso ministro. Isso mostra o quanto a política exterior européia ainda se encontra em seus primórdios", afirmava o então premiê.

Schröder e o presidente francês na época, Jacques Chirac, defenderam, apesar de todas as divergências políticas e partidárias, um ponto de vista comum em relação à invasão do Iraque pelos EUA. "Não vemos nenhuma razão para mudar nossa lógica, que é uma lógica de paz, em prol de uma lógica de guerra", dizia Chirac.

Velha Europa

Dentro da Otan, o então secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, piorava ainda mais a situação, ao dar declarações do tipo: "Você pensa na Alemanha e na França quando pensa na Europa. Eu não. Essa é a Velha Europa. Se você observa hoje a Europa na Otan, como um todo, percebe que o centro de gravitação se desloca em direção ao Leste".

No decorrer do conflito no Iraque, as supostas armas de destruição em massa não foram encontradas, como anunciado pelos EUA. Em 2004, foram divulgados vídeos mostrando maus-tratos a soldados iraquianos no campo de Abu Ghreib. Nessas alturas, o governo Bush parecia completamente desacreditado.

No momento mais crítico de toda a desavença, a Europa constatava sua própria impotência. "Os EUA e a Europa não podem, sozinhos, dar conta de todas as tarefas do mundo. Vamos falar uns com os outros, pois nossos valores fundamentais são os mesmos", proclamou em 2005 o português José Manuel Barroso, presidente da Comissão Européia.

Reconciliação

EU-USA-Gipfel in Brüssel - Bush und Barroso
Bush e Barroso em 2005: sorrisos aparentes escondem cronologia de desavençasFoto: AP

Em fevereiro de 2005, no início de seu segundo mandato, Bush fez uma viagem de reconciliação à Europa, indo, entre outros, até Bruxelas, sede da UE. "Os EUA apóiam uma Europa forte, pois precisamos de um parceiro forte para dar conta de tarefas como impulsionar a liberdade e a paz no mundo", anunciava o presidente americano.

Suas palavras, que eram claramente um ato de reconciliação, receberam aplausos oficiais. A população européia, no entanto, estava longe de ver o presidente com bons olhos. Hoje, anos mais tarde, nem Bush nem o Iraque estão tão presentes na Europa como antes.

Novas dificuldades

No contexto da atual crise financeira, a discussão gira mais em torno dos candidatos à sucessão na Casa Branca: Barack Obama e John McCain. Entre os dois, a preferência dos europeus é clara: "Acho que é possível observar tanto entre a população quanto entre os políticos uma preferência generalizada por Obama. Durante sua visita a Berlim, ficou claro que as pessoas estão dispostas a dividir esse entusiasmo por ele", analisa Fabian Zuleeg, do Centro Europeu de Pesquisa em Bruxelas.

Uma coisa, porém, é certa: Bush era um ótimo alvo para todos aqueles que queriam atacar os EUA, sendo uma plataforma perfeita para receber qualquer tipo de acussação antiamericanista.

Em relação ao sucessor, seja ele Obama ou McCain, é possível que os europeus tenham também dificuldades, alerta Zuleeg. "Vai ser de qualquer forma mais difícil, não importa quem assuma o governo. Principalmente na economia e na política externa. Vai também aumentar a pressão sobre os europeus para que participem mais nas missões no Afeganistão. Mas acho que a vantagem tanto de Obama quanto de McCain é a de que eles terão mais disposição em cooperar", finaliza o especialista.