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Reinhard Kleist e o romance gráfico alemão

Joaquim Sciarra28 de agosto de 2013

Autor de romances gráficos sobre a vida de figuras importantes do século 20 retorna ao Brasil para a Bienal do Livro do Rio de Janeiro para lançar versão em português da biografia do boxeador Hertzko Haft.

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Foto: picture-alliance/dpa

Nascido em Hürth, no oeste da Alemanha, o autor Reinhard Kleist é hoje um dos mais bem-sucedidos e amplamente traduzidos autores de romances gráficos da Alemanha. Seu nome começou a circular fora do país especialmente por seu trabalho, nos últimos anos, com biografias, como fez em Cash - I See a Darkness (2006) - sobre Johnny Cash, Elvis - Die illustrierte Biographie (2007), Castro (2010) e Der Boxer (2011), este último sobre o boxeador judeu polonês Hertzko Haft, sobrevivente de Auschwitz que emigraria para os Estados Unidos e se tornaria famoso no fim da década de 40, até perder sua última luta para Rocky Marciano em 1949 e se aposentar.

Todos eles são figuras masculinas marcantes do século 20, ainda que tão diferentes em seus campos de atuação. Em conversa em seu ateliê em Berlim, Kleist disse que foi atraído por suas vidas conturbadas e fílmicas.

Outra linha importante de seu trabalho têm sido os romances gráficos descrevendo suas viagens, passando desde o símbolo resistente (e para muitos decadente) do socialismo como é Havana, capital de Cuba, até símbolos claramente decadentes do capitalismo norte-americano, como é Coney Island. Estas viagens foram descritas e desenhadas nos livros The Secrets of Coney Island (2007)e Havanna (2008).

Um alemão num gênero americano

O romance gráfico, ou graphic novel, vem ganhando cada vez mais adeptos internacionais e prestígio cultural nas duas últimas décadas, mas segue sendo um gênero eminentemente associado com a cultura norte-americana. Traça-se a história do termo à publicação de Will Eisner e seu Um Contrato com Deus em 1978, assim como ao grande sucesso comercial de Maus, de Art Spiegelman, na década de 80.

Com a explosão das adaptações cinematográficas, há muito a graphic novel saiu das mãos exclusivas de adolescentes e aficionados para ganhar as páginas dos principais cadernos de cultura e a lista dos mais vendidos.

Reinhard Kleist e o romance gráfico alemão

Entre a graphic novel e o comic book, termo que muitos ainda preferem, surgiram no cinema até mesmo filmagens biográficas para alguns dos seus criadores, como foi o caso de American Splendor em 2003, dos diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini, sobre a vida de Harvey Pekar (1939 - 2010), criador da série de mesmo nome.

Mas a conjunção entre texto e trabalho gráfico encontra alemães entre seus precursores, e alguns especialistas apontam para o trabalho dos alemães Otto Nückel (1888 - 1955) e Max Ernst (1891 - 1976), assim como o belga Frans Masereel e a norte-americano Lynn Ward.

Buchcover Reinhard Kleist Der Boxer
Versão alemã de 'Der Boxer' será lançada no BrasilFoto: Carlsen Verlag

Reinhard Kleist certamente traz também o cenário alemão e a cidade de Berlim, onde mora hoje, para este ambiente sombrio do romance gráfico. O melhor exemplo é sua série Berlinoir, em colaboração com Tobias O. Meissner. Já com três volumes, Berlinoir transforma a pacata capital alemã em palco para intrigas políticas, assassinato, corrupção, arrastando a cidade para um universo paralelo no qual é comandada por uma horda de vampiros fascistas.

Retorno ao Brasil

Palestrando e oferecendo oficinas de criação em várias partes do mundo, Reinhard Kleist esteve no Brasil em 2009, onde conheceu o jornalista e tradutor Augusto Paim. Admirador do trabalho do alemão, Paim foi quem traduziu e organizou a primeira publicação de Kleist no Brasil, com as biografias de Johnny Cash e Elvis Presley, lançadas pela editora 8Inverso em 2010.

Durante a Bienal do Livro do Rio, Reinhard Kleist lançará seu mais novo volume no Brasil, a biografia de Hertzko Haft sob o título O Boxeador, que já ganhou o Prêmio PENG! 2013 de melhor álbum em língua alemã no Festival de Quadrinhos de Munique, e o Grande Prêmio 2013 do Festival de Quadrinhos de Lyon. A versão brasileira também é tradução de Augusto Paim.