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Reforma entra em vigor sem caos temido

ef5 de janeiro de 2004

Apesar da má disposição de médicos e pacientes, não aconteceu o caos temido na estréia da reforma do sistema de saúde. Médicos duvidam que ela proporcione poupança de 3,3 bilhões de euros e redução do valor do seguro.

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O princípio agora é primeiro pagar e só depois...Foto: AP

A relativa tranqüilidade com que transcorreu o primeiro dia de vigência da reforma deveu-se principalmente à pequena afluência aos consultórios médicos e clínicas, na sexta-feira imprensada entre os feriados do Ano Novo e o fim de semana. Ainda assim, a linha de telefone criada pela organização equivalente ao Conselho Nacional de Medicina especialmente para esclarecer dúvidas urgentes recebeu em média 40 chamadas por hora.

Desde 1º de janeiro de 2004, cada paciente maior de 18 anos, na Alemanha, terá de pagar dez euros na primeira vez, por trimestre, que for ao médico, dentista, psicoterapeuta ou a serviços de emergência de um hospital. O pagamento da taxa é obrigatório também para os pacientes hospitalizados e os atendidos pelo médico em casa.

Primeiro pagar e depois...

- Ao contrário do sistema antigo, agora vale o princípio "primeiro pagar e depois ser atendido", mesmo que o paciente vá ao médico só buscar uma receita. Existe exceção, naturalmente, para os casos de emergência. São também isentos de pagar a taxa de dez euros os pacientes de especialistas, como cardiologista ou urologista, encaminhados por um clínico geral, bem como os que fizerem visita de controle a dentista e acompanhamento pré-natal.

Todos tiveram de pagar a taxa com dinheiro vivo, porque os consultórios médicos não possuem o equipamento necessário para receber pagamento com o cartão do banco do paciente, nem existe cheque em euro. Mesmo assim, o tempo de espera não se alongou muito e as temidas discussões iradas foram casos isolados, conforme relataram médicos de diversos estados alemães.

Muitos já entregaram a nota de dez euros juntamente com o seu cartão do seguro de saúde. "As discussões acirradas já haviam acontecido nas semanas que antecederam a vigência da reforma", contou uma atendente em Munique. As maiores perplexidades e queixas partiram dos pacientes e médicos dos hospitais. Como os doentes não podiam pagar a taxa com dinheiro vivo, aumentou muito o trabalho da administração.

Em geral, a maioria dos pacientes pagou sem protestar, tendo médicos e auxiliares sido poupados de xingamentos no início da reforma do sistema de saúde, segundo o porta-voz da organização de cúpula dos médicos que atendem pacientes com seguro obrigatório de saúde, Roland Stahl. Esta conduta não seria, porém, representativa, segundo Stahl, porque a grande afluência aos consultórios já havia acontecido em dezembro. Milhões trataram de adquirir óculos de grau e medicamentos nos últimos dias de 2003 para escapar das taxas extras que terão de pagar a partir de 2004.

Insegurança dos pacientes -

O presidente da organização de cúpula dos médicos alemães, Jörg-Dietrich Hoppe, relatou sobre o que chamou de "insegurança dos pacientes". A grande maioria não conhece o novo sistema e vai precisar de até dois anos para entendê-lo, segundo ele. Stahl disse que os médicos temem que a reforma faça com que muita gente deixe de procurar um médico, "o que não seria trágico se fosse só em casos de resfriado ou de rouquidão".

De um modo geral, os médicos duvidam que a reforma surta o efeito esperado pela ministra da Saúde, Ulla Schmidt, que seria principalmente uma poupança de 3,3 bilhões de euros para as companhias de seguro de saúde obrigatório e, por via de conseqüência, uma redução do valor da contribuição dos segurados.