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Recuo dos EUA permite consenso na conferência de Bali

15 de dezembro de 2007

Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática escapa de fracasso na última hora e aprova roteiro para as negociações de um acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto.

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Reunião organizada pelas Nações Unidas reuniu representantes de 187 paísesFoto: AP

Após vários dias de discussões, os 187 países que participaram da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática em Bali, na Indonésia, chegaram a um consenso que permite o início das negociações para um acordo que substituirá o Protocolo de Kyoto. O consenso foi obtido apenas neste sábado (15/12), após os Estados Unidos cederem a reivindicações dos países pobres.

O novo tratado deverá estar finalizado até o final de 2009 e deverá garantir que as emissões mundiais de gases do efeito estufa sejam claramente reduzidas até a metade deste século. As negociações para o novo acordo, que terão a participação dos Estados Unidos e da China, deverão começar em abril de 2008 e terminar no final de 2009, em Copenhague.

O novo tratado deverá entrar em vigor em 2012, quando o Protocolo de Kyoto deixará de valer. O acordo negociado na cidade japonesa – e que não foi ratificado pelos Estados Unidos – prevê que os países industrializados diminuam suas emissões de gases do efeito estufa em 5% até 2012 em relação aos níveis de 1990. Se depender dos europeus, o novo acordo estabelecerá uma redução entre 25% e 40% até 2020.

Merkel: "grande êxito"

Para o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, o resultado obtido de última hora é muito mais do que se poderia esperar diante dos interesses conflitantes que haviam sido expostos em Bali. Mas é menos do que a União Européia e a Alemanha inicialmente esperavam alcançar.

Segundo Gabriel, o importante é que agora existe um mapa de negociações para um novo tratado climático com um comprometimento "claramente maior" dos países industrializados, incluindo os Estados Unidos, com a proteção do clima. Outro sucesso de Bali é que, pela primeira vez, os países em desenvolvimento estão comprometidos com a adoção de medidas de proteção do clima.

A chanceler federal Ângela Merkel definiu o resultado como um "grande êxito" e disse que ele abre caminho para as negociações sobre medidas eficientes de proteção ambiental. Ela disse estar convencida de que o plano de ação de Bali logo comprovará ser "indicador de um rumo e estabelecedor de bases".

Metas ficam de fora

O acordo em torno do "mapa do caminho" de Bali foi obtido numa sessão final dramática, na qual, cerca de 20 horas após o término previsto da conferência, a delegação americana resolveu retirar suas objeções ao documento final. A chefe da delegação americana, Paula Dobriansky, disse que seu país não queria mais ficar no caminho de um consenso.

Os americanos aceitaram incluir no texto final uma exigência dos países em desenvolvimento para que as nações industrializadas transfiram tecnologia aos países pobres com o objetivo de ajudá-los a combater o aquecimento global. Em troca, estes países deverão se comprometer com a adoção de medidas de proteção climática, como a redução das emissões de gases do efeito estufa e a proteção de suas florestas.

Mas os Estados Unidos se opuseram à vontade dos europeus de incluir, no plano de ação para o novo acordo climático, uma referência explícita à meta de redução de 25% a 40% nas emissões de gases do efeito estufa dos países industrializados até 2020. Com isso, o documento final contém apenas uma nota de pé de página com uma referência ao relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que traz esses percentuais. (as)