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Líbia

5 de setembro de 2011

Líderes rebeldes dizem que negociações para a rendição de Bani Walid fracassaram e que esperam ordens para invadir uma das últimas cidades em poder de forças leais a Muammar Kadafi.

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Rebelde comemora vitórias sobre governo deposto
Rebelde comemora vitórias sobre governo depostoFoto: dapd

Forças rebeldes líbias disseram aguardar ordens para iniciar um ataque à cidade de Bani Walid, após o fracasso das negociações com as forças leais ao ex-ditador Muammar Kadafi. Os rebeldes não conseguiram convencer as tropas de Kadafi a entregarem um dos seus últimos bastiões remanescentes.

O povoado, localizado no deserto, a 140 quilômetros a sudeste de Trípoli, é uma das poucas áreas da Líbia ainda sob o controle de tropas leais ao governo, expulsas no mês passado da capital, após seis meses de rebelião.

Do lado de fora da cidade, um negociador das forças do Conselho Nacional de Transição (CNT), que exerce agora controle sobre o país, afirmou que as negociações com os líderes tribais de Bani Walid tinham acabado.

"Como negociador-chefe, não tenho mais nada a oferecer no momento. De minha parte, as negociações estão acabadas", declarou Abdallah Kenchil num posto de controle a cerca de 60 quilômetros de Bani Walid.

"Eles disseram que não querem conversar e estão ameaçando todos que se movem, colocando franco-atiradores em edifícios altos e dentro de olivais. Eles têm um grande poder de fogo", disse. Agora cabe ao CNT decidir o que será feito", acrescentou.

Especulações

Líderes tribais de Bani Walid haviam saído da cidade para negociar depois de porta-vozes do CNT terem dito várias vezes ao longo do dia anterior que as negociações tinham sido encerradas e que estavam prestes a atacar. Houve especulações de funcionários do CNT de que os membros da família de Kadafi, talvez até ele mesmo, estejam escondidos na cidade.

Forças anti-Kadafi também têm fechado o cerco na costeira Sirte, cidade natal do líder deposto. "Há negociações em curso a respeito de Sirte entre os líderes mais velhos, várias tribos e as forças livres da Líbia situadas ao redor de Sirte," disse o porta-voz militar do CNT, Ahmed Bani, em Bengasi. "Está chegando o tempo em que a conversa se encerra e faremos valer nossa vontade, libertando a cidade de Sirte", acrescentou.

"Estamos aguardando a luz verde do conselho", disse o comandante de brigada Naji al-Maghrabi. "Se nos disserem, 'movam-se agora para Sirte', nós iremos".

Receios humanitários

Não há relatos independentes de Sirte, Walid Bani e Sabha, três bastiões pró-Kadafi ainda remanescentes, localizados dentro do deserto do Saara, porque as comunicações com as localidades parecem estar cortadas.

As Nações Unidas expressaram receios sobre a segurança da população civil naquelas áreas. "Estamos olhando muito de perto a situação em Sirte", disse Panos Moumtzis, coordenador da ONU para questões humanitárias na Líbia. "Estamos preocupados com a proteção dos civis. Entendemos que há um diálogo acontecendo. Gostaríamos muito de ver uma solução pacífica o mais rápido possível."

No domingo, o negociador do CNT Abdul Azil afirmou que as forças rebeldes estavam a apenas 10 quilômetros de Bani Walid e avançando, prontas para atacar as forças pró-Kadafi locais, que ele estimou em 100 homens.

China nega negócios com armas

Representantes do governo de Kadafi estiveram na China em julho e negociaram a compra de armas com diversas empresas locais. Entretanto, nenhum contrato foi assinado e nenhuma arma foi entregue à Líbia, afirmou nesta segunda-feira (05/09) o Ministério do Exterior chinês.

"Empresas chinesas não entregaram produtos em militares à Líbia de forma direta ou indireta", disse a porta-voz do ministério, Jiang Yu, garantindo que a China respeita o embargo de armas das Nações Unidas contra a Líbia.

Notícias recentes sobre contatos entre empresários chineses e representantes do regime Kadafi podem abalar ainda mais a relação entre os rebeldes líbios e Pequim. A China não apoiou a resolução da ONU sobre a Líbia e até agora não reconheceu o Conselho Nacional de Transição. Durante o conflito, China e Rússia levantaram diversas vezes dúvidas se o fornecimento de armas para os insurgentes não estaria ferindo o embargo de armas da ONU.

Capital retoma o cotidiano

Em Trípoli, a vida começou a voltar ao normal depois das batalhas no mês passado. O tráfego aumentou em volume, devido à melhora no fornecimento de combustível. Restaurantes e cafés estão sendo frequentados e os escritórios começaram a reabrir.

Funcionários do CNT anunciaram planos de trazer seus combatentes para integrá-los à força policial e encontrar empregos para os outros, afirmando que haverá treinamento e reintegração para aqueles que participaram da luta contra Kadafi.

A desintegração do regime Kadafi, após uma guerra de seis meses, deixou um vácuo de segurança na Líbia, que está atualmente sem forças de segurança estatais. Há também um grande número ex-combatentes rebeldes que não fazem parte de qualquer estrutura formal, além de grandes quantidades de armas em depósitos sem segurança alguma.

MD/rtr/dadp
Revisão: Alexandre Schossler

Prédio do governo em ruínas: Trípoli tenta retomar normalidade após batalhas
Prédio do governo em ruínas: Trípoli tenta retomar normalidade após batalhasFoto: picture alliance/dpa
Tanque rebelde: cerco se fecha sobre últimos redutos controlados por forças leais a Kadafi
Tanque rebelde: cerco se fecha sobre últimos redutos controlados por forças leais a KadafiFoto: Gaia Anderson
Ex-ditador tentou comprar armas de chineses
Ex-ditador tentou comprar armas de chinesesFoto: dapd