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Quo vadis Europa?

Marc Zeugner

Apesar de restrições do Parlamento Europeu, a Comissão Européia aprovou um acordo com os Estados Unidos – com mal-estar, mas negociações nunca conduziriam a "soluções perfeitas".

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Sim, no começo desta semana o significado político do Parlamento da UE foi magificamente demonstrado perante nossos olhos mais uma vez.

A Comissão que se gaba de representar a comunidade aprovou contra a vontade do Parlamento Europeu um acordo com os Estados Unidos com respeito à transmissão de dados pessoais de passageiros de avião. O acordo obriga as companhias de aviação européias a passar no futuro os dados dos vôos entre a Europa e os Estados Unidos para as repartições americanas. Para conseguir isto, o nosso aliado EUA tinha ameaçado as linhas aéreas européias com multas altas e o cancelamento de direitos de pouso, se a UE tivesse insistido ilimitadamente em suas diretrizes de proteção à privacidade. Ah, os Estados Unidos, um país realmente sem limites.

Bravo, a auto-estima européia saiu dessa situação fortalecida pela certeza de que nós somos capazes de enfrentar os americanos sempre, tanto faz onde e quando, e para cada um neste Velho Continente deve ser claríssima a imensa importância das eleições do Parlamento Europeu daqui a três semanas. Pois a Europa é o nosso único futuro, o pólo oposto dos Estados Unidos. Só unidos, nós representamos uma unidade para ser levada a sério, econômica e socialmente e, talvez, em qualquer altura também militarmente, imune contra qualquer tentativa de solapamento.

Bem, no contexto dos acontecimetos atuais, tivemos que engolir o sapo uma vez mais – pelo menos parcialmente. Nas negociações, a Comissão Européia conseguiu baixar o tempo de armazenamento dos dados – os EUA tinham em vista 50 anos – para três anos e meio para dados não utilizados e oito anos para dados utilizados. E mais uma grande vitória foi obtida: os chamados dados "sensíveis", como datas de viagem ou de comida encomendada que dão informação sobre religião, raça ou estado de saúde do passageiro, têm que ser filtrados e liquidados imediatamente. Maravilhoso, assim só sobraram 34 categorias de dados, segundo a comissão, muito menos do que os EUA exigiram originalmente – uma primeira etapa.

Portanto, estamos orgulhosos dos talentos diplomáticos da "nossa" Comissão. E aliviados que por um lado tenha sido dado o golpe de misericórdia ao terrorismo e por outro, a nossa privacidade fique totalmente inviolável. Além disso, os dados só podem ser usados para a prevenção e a luta contra atos terroristas e não para motivos de ações penais mais amplas. Que sorte – mais uma vez. Aliás, o acordo será assinado em Washington na semana que vem.

Para que este caminho pedregoso mas compensador possa prosseguir, é preciso eleger um novo parlamento. Entre os dias 10/06 e 13/06 a população da UE será convocada às urnas. Também nos dez novos países membros se vai votar pela primeira vez, e a confiança na Europa já deve ser irrefutável. O futuro parece auspicioso desde já.

Então, boa viagem!