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Quebrou o gelo

(ns)9 de novembro de 2002

Alemanha e EUA começam a normalizar suas relações, após divergências quanto à guerra do Iraque. A visita a Washington do ministro da Defesa, Peter Struck, foi um passo importante nesse sentido.

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Donald Rumsfeld (e) e o alemão Peter Struck (d), no PentágonoFoto: AP

Após reunir-se na sexta-feira (08) em Washington com seu colega de pasta, Donald Rumsfeld, o ministro alemão da Defesa, Peter Struck, referiu-se a um "dia especial" e a um "recomeço" nas relações teuto-alemãs, que aos poucos retornariam à normalidade.

O gelo teria sido quebrado depois que o chanceler federal Gerhard Schröder e o presidente George W. Bush voltaram a telefonar e que seu encontro com Rumsfeld correu bem. O secretário americano da Defesa e ele combinaram "deixar para trás o começo infeliz, acertar uma boa cooperação e olhar para a frente."

De venenos e antídotos

Na conversação de mais de uma hora com Struck no Pentágono, Rumsfeld louvou a amizade com a Alemanha, que considerou "um aliado de longos anos", fazendo questão de frisar que as relações entre os dois países não estão "envenenadas".Em setembro, Rumsfeld e outros representantes do governo americano haviam considerado "envenenadas" as relações com o governo alemão que, antes disso, se posicionara claramente contra um ataque dos EUA ao Iraque.

Perguntado pela imprensa em Washington se a Alemanha participaria agora de um ataque ao Iraque, o ministro alemão respondeu que a posição de Berlim é conhecida. A Alemanha apóia a resolução que o Conselho de Segurança aprovou por unanimidade na sexta-feira (08). Agora o ditador iraquiano Saddam Hussein pode evitar que haja ações militares contra o seu país.

Cada um dá o que pode

O secretário norte-americano da Defesa, por sua vez, disse que a resolução da ONU é a última chance de Hussein, que não teria respeitado 17 decisões anteriores. Os Estados Unidos precisam de toda a ajuda possível. Cada país deveria dar a contribuição que acha correta e que corresponde às suas capacidades e à sua realidade política. Ele, pessoalmente, aceita uma posição nesse sentido, disse Rumsfeld, acrescentando que agradeceu a Struck a contribuição já prestada pela Alemanha na luta contra o terrorismo e está satisfeito com a futura cooperação.

O chefe de governo alemão, Gerhard Schröder, e seu ministro da Defesa disseram que demonstrou ser correta a decisão do presidente americano George W. Bush, de preferir o caminho multilateral, através do Conselho de Segurança, em vez de iniciar a guerra contra o Iraque por conta própria. Eles tornaram oferecer apoio aos inspetores de armas, seja sob a forma de pessoal ou equipamento.

O encontro entre Struck e Rumsfeld estava sendo aguardado com expectativa porque o político americano não escondeu seu desagrado com os inflamados discursos contra uma guerra no Iraque, proferidos por Schröder durante a campanha eleitoral. Durante o encontro de outono da OTAN em Varsóvia, Rumsfeld se recusou a conversar com o alemão. Segundo o secretário da Defesa, ele também conversou com Struck sobre o combate ao terrorismo, a ampliação da OTAN para o leste, a tropa rápida de ataque da OTAN e a tropa internacional de proteção para o Afeganistão (ISAF).

Em entrevista o jornal Die Welt, o ministro alemão disse que discutiu ainda com seu colega americano o pedido dos Estados Unidos a todos os países europeus membros da OTAN para que aumentem de forma substancial seus orçamentos de despesa. "Nós não podemos atender esse pedido, pelas razões que são conhecidas, e que têm a ver com a observância do Pacto de Estabilidade". O ministro se referia ao déficit orçamentário da Alemanha, que este ano deve superar o limite de 3% fixado pelo pacto que garante a estabilidade monetária na zona do euro.

Oposição: longe da normalidade

O porta-voz de política exterior da União Democrata Cristã, maior partido de oposição, Friedbert Pflüger não acredita numa normalização das relações com os EUA. "Washington está interessado, no máximo, em que funcionem as relações práticas, de trabalho com o governo alemão. Mas continuamos muito longe da velha confiança e do peso que a Alemanha tinha nos EUA", disse à agência DPA.

Segundo o porta-voz do Conselho Nacional de Segurança nos EUA, Sean McCormack, Schröder expressou a Bush em seu telefonema, a esperança de prosseguir em bom termo a cooperação entre os dois países. Bush teria respondido ressaltando seu interesse em voltar-se às questões práticas, para avançar em temas como a situação no Afeganistão, a ampliação da OTAN, a Turquia, e a luta contra o terrorismo, que seriam de mútuo interesse.