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Quatro anos e nenhum plano

Johannes Beck/rr9 de setembro de 2004

Há quatro anos, chefes de Estado de 147 países – inclusive a Alemanha – elegeram um objetivo comum: reduzir a pobreza mundial pela metade até 2015. A iniciativa 'Aktion 2015' fez um balanço do que foi feito até agora.

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Rupert Neudeck, da 'Aktion 2015', também é fundador da organização Cap AnamurFoto: AP

Parece um sonho: todas as crianças devem poder ir à escola, igualdade entre homens e mulheres, redução da mortalidade infantil e maior proteção ambiental. E para completar: erradicar doenças como Aids e malária e reduzir pela metade a pobreza mundial. Isso tudo em 15 anos. No programa "Millenium Development Goals"- estipulado pelas Nações Unidas em 8 de setembro de 2000 - não faltou nada. Muito menos ambição.

Quatro anos depois, uma iniciativa intitulada Aktion 2015 fez um balanço dos esforços feitos até agora. "Temos a impressão de que promessas são feitas como em uma campanha eleitoral. Quer dizer: alguém faz uma promessa, tudo soa muito bem e serve de enfeite. Mas depois de quatro anos – e isso é quase um terço do período estipulado – nada aconteceu, a não ser a troca de cartões".

A declaração é de Rupert Neudeck, membro da iniciativa Aktion 2015 e fundador da ONG humanitária alemã Cap Anamur. Para ele, os objetivos estipulados pela ONU estão correndo perigo, mesmo que seja perfeitamente possível reduzir pela metade o total de 1,2 milhão de pessoas que vivem hoje em condições extremas de pobreza, com todas as suas conseqüências, como fome, doença e morte. Segundo dados da iniciativa, 6 mil crianças morrem diariamente por ingestão de água contaminada.

Governo promete há 30 anos

Para evitar isso, seria preciso uma mudança radical da política de desenvolvimento, com um maior investimento financeiro. "O governo alemão vem anunciando internacionalmente, desde os anos 70, que aumentará o montante investido em ajuda humanitária para 0,7% do PIB. Hoje investimos um terço disso, 0,28%", criticou o jornalista Franz Alt, também membro da iniciativa.

Principalmente créditos individuais deveriam aumentar. Segundo Alt, 60 milhões de pessoas em todo o mundo dependem hoje desses créditos. Na opinião da iniciativa, esse número poderia ser 10 vezes maior no futuro.

Cap Anamur Boat People gerettet
Cada vez mais africanos tentam caminhos ilegais para entrar na Europa e escapar da pobrezaFoto: dpa

Para Neudeck, o governo alemão se dedica muito pouco ao cumprimento do programa. "Ainda não há nenhum plano concreto, prático de ação por parte do governo. E como eles acham que ninguém se importa mesmo com o cumprimento do prazo, ele permanece só uma promessa".

Aumento do petróleo custa mais que ajuda

Um plano de ação detalhado deveria ser apresentado dentro dos próximos três meses, segundo Neudeck. E deveria considerar especialmente a questão da África, que necessita urgentemente da ajuda européia. Mas, lembra Franz Alt, a situação dos países em desenvolvimento piorou ainda mais nos últimos meses.

"Só o aumento do preço do petróleo neste ano já significa um gasto maior para esses países do que eles recebem de ajuda humanitária. Foi um aumento de 60 bilhões de dólares contra os 55 bilhões que eles recebem", argumenta Neudeck.