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Putin admite que sanções ocidentais abalaram economia russa

4 de dezembro de 2014

Em discurso anual, presidente diz que EUA e União Europeia tentam enfraquecer Rússia e anuncia medidas para tentar contornar fuga de capitais e desvalorização do rublo e do petróleo.

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Foto: picture-alliance/dpa/Sergei Ilnitsky

O presidente Vladimir Putin usou seu discurso sobre o estado da nação, nesta quinta-feira (04/12), para reafirmar sua intenção de restaurar plenamente o status da Rússia como potência global – apesar do que chamou de esforço ocidental para enfraquecer Moscou e do "difícil momento" da economia russa.

No discurso no Parlamento, realizado anualmente, Putin deixou claro que Moscou continuará a buscar uma política externa independente e objetivos econômicos ambiciosos. Porém, admitiu que as sanções ocidentais abalaram a Rússia, ainda que tentando minimizá-las.

"As sanções foram apenas uma reação nervosa dos EUA e seus aliados", afirmou. "Mesmo sem isso [o conflito na Ucrânia], eles teriam inventado outra coisa para travar as oportunidades crescentes da Rússia."

O tom usado na primeira parte de seu discurso é similar ao adotado por Putin desde a eclosão da crise ucraniana, em março passado. Ele tachou de "claro cinismo" o apoio ocidental à derrocada, em fevereiro passado, do então presidente ucraniano Viktor Yanukovich – o que qualificou de "golpe de Estado".

"Tragédia" na Ucrânia

O presidente russo também condenou a violência contra os civis no leste da Ucrânia e usou a palavra "tragédia" para definir a situação na região. Segundo ele, o Ocidente apoiou o Exército ucraniano na "repressão" à população pró-russa.

"Agora nos tentam convencer por todos os meios que esta é a política mais ponderada e acertada, e que nós devemos nos subordinar de maneira cega e sem pensar. Isso não vai acontecer", disse.

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Recentemente, europeus pararam projeto de gasoduto no sul da EuropaFoto: picture alliance/ZUMAPRESS.com

Putin ressaltou ainda que o Exército russo "é moderno e, como se diz habitualmente, educado, mas temível", destacando que "ninguém pode conseguir superioridade militar sobre a Rússia".

"Contudo, nós não temos intenção de nos ver impulsionados a uma corrida armamentista a longo prazo, mas ao mesmo tempo garantiremos de maneira confiável nossa capacidade militar nas novas condições", assinalou.

Contra a especulação

A crise entre a Rússia e o Ocidente – a pior desde o final da Guerra Fria – tem afetado seriamente a economia russa, levando Moscou a anunciar que o país vai entrar oficialmente em recessão no início de 2015.

Putin pediu ao banco central russo que tome medidas com vista a combater "os especuladores que aproveitam as flutuações da moeda russa". Segundo ele, "a cotação do rublo não pode se tornar, impunemente, alvo de especulação."

"Peço ao banco central russo e ao governo que tomem medidas severas contra os especuladores, que jogam com as flutuações da cotação do rublo", declarou o chefe do Kremlin.

Putin Rede an die Nation 04.12.2014
Putin: "Proponho uma anistia total para os capitais que regressem à Rússia"Foto: picture-alliance/dpa/Sergei Ilnitsky

Desde o início do ano, o rublo perdeu 60% de valor em relação ao dólar americano. Entre as razões para a queda estão as sanções ocidentais contra a Rússia e a queda do preço do petróleo, um dos principais produtos de exportação da Rússia.

Fuga de capitais

Na tentativa de combater a fuga maciça de capitais da Rússia, Putin anunciou ainda uma "anistia total" para os ricos que quiserem repatriar o dinheiro que têm depositado em paraísos fiscais.

"Proponho uma anistia total para os capitais que regressem à Rússia", anunciou o chefe de Estado, explicando que a medida será aplicada agora, e apenas uma única vez.

A proposta surge dois dias depois de o Ministério da Economia em Moscou ter avaliado em 124 bilhões de dólares a fuga de capitais do país, desde o início da crise ucraniana e das sanções ocidentais

Também nesta quinta-feira, um ataque rebelde provocou dezenas de mortos e feridos em Grozny, capital da Chechênia. O grupo radical islâmico Emirado do Cáucaso assumiu a autoria do ataque, que aconteceu pouco antes do discurso de Putin sobre a situação da nação.