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Die Toten Hosen: de volta

Ralf Kennel (rsr)28 de novembro de 2008

A banda punk Die Toten Hosen está entre as de maior sucesso na Alemanha: são 26 anos de carreira e 22 milhões de discos vendidos. "In Aller Stille", o novo álbum, mostra um grupo mais sério do que de costume.

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Toten Hosen, com Campino à frenteFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Se, no começo, Campino e companhia eram motivo de piada para alguns, foi com o inovativo álbum Ein kleines bisschen Horroshow (de 1988) e o hit Hier kommt Alex que a banda Die Toten Hosen conseguiu convencer até os críticos mais ferrenhos. Agora, a banda punk de Düsseldorf lança o álbum de número 19 da sua carreira: In aller Stille.

Como os últimos seis discos do grupo, In aller Stille emplacou direto a primeira posição nos charts da Alemanha. A pausa antes da gravação desse novo trabalho parece ter feito bem aos Toten Hosen.

Sänger Campino von den Toten Hosen
Campino em ação durante showFoto: AP

Punk e ator

Pela primeira vez nos 25 anos de história da banda, os roqueiros punks não fizeram nada durante um ano, ao menos não em conjunto. Enquanto o baterista se dedicava aos seus inúmeros projetos paralelos e os guitarristas viajavam pelo mundo, o vocalista Campino se apresentava no teatro.

Numa montagem da Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, em Berlim, o roqueiro punk atuou sob a direção de Klaus-Maria Brandauer. No cinema, foi dirigido por Wim Wenders em Palermo Shooting. Campino foi o protagonista da película.

Essas duas atuações influenciaram as canções do novo álbum. "Reencontrei um prazer com a língua e, sobretudo quando fiz teatro, pude observar como as pessoas se relacionam com as palavras, como elas brincam com as palavras", explicou em entrevista à Deutsche Welle. Para Campino, Klaus-Maria Brandauer é o "rei do timing e da pausa".

Fase de reflexão

Essa, por assim dizer, "nova fase de reflexão" encontrou lugar nas letras do Die Toten Hosen: toda insignificância de conteúdo deveria ser evitada. Os tempos de letras engraçadinhas como Zehn kleine Jägermeister já se foram.

"Fazer piada não é algo ruim. Mas quando se precisa preencher uma determinada 'cota' porque as pessoas esperam um determinado comportamento, então é hora de se despedir disso", filosofou Campino, que disse não temer um período no qual nada engraçado lhe venha à mente.

Der Sänger und Schauspieler Campino als Mackie Messer
Cantor atuou em montagem da 'Ópera dos Três Vinténs'Foto: picture-alliance/dpa

Não apenas a capa do disco mostra uma caveira com fones de ouvidos – também nas canções Campino se dedica aos temas morte e efemeridade. O cantor de 46 anos usou o fim do relacionamento com a atriz Karina Krawzyk e a relação distante com o filho Lennie para escrever canções de caráter pessoal.

Cantar e não latir

Em relação ao velho estilo dos Die Toten Hosen, o álbum In aller Stille não decepciona. As canções pesadas de punk rock com garantia de vocais gritados estão lá. Mas a banda de Düsseldorf surpreende com três faixas calmas e, pela primeira vez, com um dueto. Campino já havia atuado e cantado com a atriz austríaca Birgit Minichmeyer na Ópera dos Três Vinténs.

Em relação à parte vocal, Campino se mostra bem mais contido neste novo álbum. Em trabalhos anteriores, ele não procurava evitar berros, principalmente nos trechos mais agitados. Em In aller Stille, sua voz apresenta mais nuances do que no passado – dentro do seu espectro, claro. O próprio Campino já se disse disposto a "cantar uma canção e não apenas latir".

Szenenbild aus dem Film Palermo Shooting
Campino é um fotógrafo no filme de Wim WendersFoto: AP / Senator

Feliz em Palermo

O trabalho no teatro, em Berlim, impressionou Campino. Não somente no aspecto positivo. Vaidade e inveja no palco são coisas que ele disse desconhecer no mundo dos Die Toten Hosen, onde prevalece o trabalho em equipe. Por isso, disse ter se sentido muito melhor no set de filmagem. No filme Palermo Shooting, de Wim Wenders, Campino faz o papel de um fotógrafo.

E caso a crítica venha a desaprovar sua atuação na película, as seis semanas com Wim Wenders e sua mulher Donata em Palermo valeram a pena. "Se dependesse de mim, eu faria o filme de novo. E ele não precisaria nunca ser exibido. Foi um período ótimo. Principalmente as seis semanas em Palermo. Lá eu acordava de manhã e, pela primeira vez em muito tempo, me sentia realmente feliz."