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Punk, estridente e reciclável: Die Toten Hosen

Ulrich José Anders (rr)25 de janeiro de 2006

Quem diria que eles agüentariam a barra por tanto tempo, tentando de tudo para manter skinheads longe dos palcos onde tocavam e promovendo a cultura punk de salão – sempre engajada, mas nunca inflexível.

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Campino, líder da banda, durante show em MagdeburgFoto: dpa

Não dá mais pra imaginar a música pop alemã sem o Die Toten Hosen. Há mais de 20 anos que Campino, Kuddel, Breiti e Andi promovem a cultura punk na Alemanha, e a receita de sucesso dos quatro rapazes de Düsseldorf é uma mistura de temas sérios, canções bem-humoradas e performances barulhentas.

No último verão, eles abriram mão de quaisquer instrumentos elétricos para uma apresentação de punk acústico no conservador Burgtheater de Viena. O show virou álbum e, pouco mais de um mês após seu lançamento, já foram vendidos mais de 200 mil exemplares, o que lhes rendeu um disco de platina.

Engajamento e paixão

Die Düsseldorfer Punk-Band Die Toten Hosenpg
Da esq. para a dir.: Breiti, Campino, Wölli, Kuddel e AndiFoto: dpa

Eles estouraram de verdade há dez anos com uma ode aos bêbados deste mundo, a faixa 10 kleine Jägermeister – dez pequenas doses desse tão amargo quanto adorado licor de ervas, acompanhante fiel de longas noites frias na Alemanha e consumível sem peso na consciência por funcionar perfeitamente como um ótimo digestivo.

Campino, Sänger der Toten Hosen
CampinoFoto: dpa

"Nossa qualidade é sempre ter tentado alcançar um equilíbrio entre coisas sérias e divertidas. Assim alcançamos uma flexibilidade que é muito, muito importante", conta Campino, vocalista da banda, cuja vida consiste em futebol, punk rock e em envolver-se pelas causas certas nos momentos certos.

Não importa se for para adquirir um novo jogador para o time do coração, o Fortuna Düsseldorf, por 75 mil euros, ou para satisfazer o desejo de um fã de assistir a um show particular em sua sala de estar: eles fazem tudo de bom grado. Mesmo que o nome da banda diga outra coisa – afinal a expressão é usada para designar aquelas situações em que nada ou pouco acontece.

Comprimento mínimo permitido: 1,5 cm

Die toten Hosen, Kein Alkohol
Capa de um disco

Tema central em tanto tempo de carreira sempre foi a luta contra o ressurgimento da extrema direita e a violência que ela traz consigo. Desde seus primórdios que as duas cenas se confrontam e, nos anos 80, muitas vezes era difícil distinguir suas manifestações visuais da própria estética punk.

"Onde havia punks, havia skinheads, e para nós era muito difícil reconhecer. Será esse um idiota ou não? Chegou uma hora em que ficamos de saco cheio e decidimos que quem quisesse assistir a um show nosso deveria ter cabelos com pelo menos 1,5 centímetro de comprimento. Foi aí que a guerra começou. E a música sobre o Sascha foi só um detalhe", conta Campino.

A faixa Sascha – ein aufrechter Deutscher (Sascha, um alemão honesto) conta a história de um alemão que vota no partido de extrema direita Os Republicanos e que odeia estrangeiros de todo tipo. A canção era uma forma de protesto contra os diversos atos de violência contra estrangeiros cometidos por neonazistas no início dos anos 90.

Na época, diversos jornais se solidarizaram com a causa do Die Toten Hosen e publicaram a letra da música em página dupla. Por outro lado, os pais de Campino sofreram ameaças de morte e o guitarrista Kuddel chegou a ser espancado em um posto de gasolina.

Busca por novas experiências

Ao longo de sua carreira, os meninos do Die Toten Hosen sempre estiveram em busca de uma experiência musical especial. Eles gravaram discos de música regional e apresentaram durante meses programas em emissoras de rádio.

Em 1991, realizaram um antigo sonho dos fãs e gravaram Learning English Lesson 1, o único disco em inglês da banda, para cuja gravação contaram com a participação de velhos ídolos do punk inglês.

Die Toten Hosen
A banda em frente ao Burgtheater de VienaFoto: dpa

Há tempos, eles vinham sondando a idéia de fazer um show acústico. No último verão, pintou a chance de tocar no Burgtheater de Viena, onde desde 1983 não é permitido nem bater palmas após concertos. Os fãs da banda certamente teriam trazido um pouco mais de vida ao estabelecimento, se as regras de um show acústico não fossem tão severas.

"A idéia era reduzir tudo o que pudesse distrair da nossa música. Isso significa que o público precisava sentar e se concentrar exatamente como a banda", explica Campino. Esta não foi a primeira tentativa do grupo com a alta cultura: há mais de dez anos, eles apresentaram Laranja Mecânica de Stanley Kubrick como ópera-rock – trechos da qual não puderam faltar no show em Viena.