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Prêmio para promoção da cultura alemã no exterior

Renata Martins
8 de dezembro de 2017

Com mulheres como foco, concurso de organização alemã destaca propagadoras da cultura germânica mundo afora. Brasileira de Santa Catarina está entre as quatro finalistas.

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Dois homens e duas mulheres vestidos com trajes tradicionais alemães dançam na Oktoberfest de Blumenau
Candidata brasileira é natural de Santa Catarina, estado onde fica Blumenau (foto), símbolo da cultura teuto-brasileiraFoto: picture-alliance/dpa/E. Rappold

A organização alemã Internationale Medienhilfe (Apoio internacional às mídias ou IMH, na sigla em alemão) promove pela primeira vez um concurso para reconhecer representantes e propagadoras da cultura alemã no exterior, intitulado Auslandsdeutsche des Jahres (Alemã estrangeira do ano). A competição é disputada por quatro finalistas, entre elas uma brasileira.

Através de mídias parceiras em todo o mundo, a IMH recebe constantemente informações sobre o engajamento de descendentes de alemães, especialmente de mulheres. Justamente com a intenção de valorizar e reconhecer internacionalmente o trabalho e a iniciativa delas na divulgação da cultura e língua alemãs em seus países é que o concurso foi concebido. 

Segundo o diretor da IMH, Björn Akstinat, a escolha das quatro finalistas foi feita pelo júri da organização, situada em Berlim, que recebeu candidaturas de 20 países. Uma das finalistas é a teuto-brasileira Isabel Pitz, de 30 anos, do município catarinense de São José.

Isabel Pitz
Isabel Pitz: "O Brasil é rico de culturas, culturas dos povos que constituíram esse país. E a cultura teuto-brasileira faz parte dessa constituição."Foto: privat

Há quase dois anos ela criou Deutschbrasischland, página do Facebook que já conta com mais de 50 mil seguidores. Na página, Pitz –  que também é diretora cultural da Associação Caminhos da Imigração Alemã na Grande Florianópolis – aborda tradições, costumes, histórias e vivências da cultura teuto-brasileira em solo nacional.

"O que quero transmitir ao público é a cultura dos nossos antepassados germânicos (luxemburgueses, alemães, austríacos, belgas e suíços), que ainda é vivida nas casas de famílias teuto-brasileiras e que está longe de morrer", disse a catarinense em entrevista à DW Brasil.

Com a página na rede social, a catarinense pretende mostrar a "terra teuto-brasileira", que ela chama de Deutsch-brasisch-land. Pitz é a única em sua família que busca preservar, aprender e falar o Hunsrückisch – dialeto da região de Hunsrück, no estado alemão da Renânia-Palatinado. Seus antepassados maternos vieram de lá, e chegaram ao Brasil na primeira metade do século 19.

"Vieram fugidos de uma Alemanha miserável, faminta e sem emprego. Vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida", conta. A valorização da cultura teuto-brasileira, que surgiu do encontro dessas duas culturas, é o enfoque do trabalho de Pitz.

"Muitos dizem que nós, tradicionalistas, paramos no tempo; que a Alemanha evoluiu. Mas a Alemanha evoluiu e deixou para trás uma identidade cultural que nós, aqui no Brasil e em outras comunidades de descendentes de imigrantes germânicos ao redor do mundo, vivemos até hoje. Não somos atrasados. Não paramos no século 19. Vivemos a cultura, os costumes e tradições que nos ensinaram em casa. Essa é a nossa identidade", defende a catarinense.

"Não se trata de saudosismo"

A iniciativa de Pitz promover a cultura teuto-brasileira deu tão certo que, constantemente, ela recebe mensagens de apoio e cumprimentos de fãs da Alemanha, da Polônia, de teuto-descendentes na Argentina e até de pesquisadores.

"Os seguidores da DB [Deutschbrasischland] não querem ser alemães ou fazer do Brasil uma Alemanha ou algum dia morar na Alemanha. Nós queremos ser teuto-brasileiros e temos orgulho da cultura que germânica que nasceu aqui no Brasil", defende Pitz.

"Parece saudosismo, mas cada povo tem sua história, sua trajetória e sua identidade. Nipônicos do bairro da Liberdade em São Paulo; sertanejos de uma festa de peão de boiadeiro quando cantam suas modas de viola; afrodescendentes quando dançam no candomblé ou preparam o acarajé", acrescenta. "O Brasil é rico de culturas, culturas dos povos que constituíram esse país. E a cultura teuto-brasileira faz parte dessa constituição e é tão rica quanto estas e outras."

Levar conhecimento à Alemanha

Juntamente com Pitz, estão no páreo do concurso Auslandsdeutsche des Jahres outras três candidatas: uma da Austrália, outra da Hungria e a última do Paraguai. Para Akstinat, é muito importante tornar conhecidos e presentes na Alemanha a cultura e o idioma transmitidos por essas quatro jovens mulheres.

"Um dos objetivos do concurso é tornar mais conhecidas na Alemanha as grandes iniciativas culturais e tradições dos alemães estrangeiros. Muitos cidadãos da Alemanha não sabem praticamente nada sobre as comunidades e minorias alemãs em todo o mundo. E justamente porque isso é raramente tematizado nas escolas e universidades", afirma.

A intenção da IMH é de dar continuidade ao concurso no próximo ano e talvez incluir a candidatura de homens. Neste ano, a candidata com mais votos receberá como prêmio a divulgação de seu trabalho entre os colaboradores e parceiros da IMH em todo o mundo.

Até o dia 10 de dezembro é possível votar, mandando um e-mail para info@imh-service.de com o nome do país onde vive e de sua candidata favorita.

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