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Visita a Berlim

Agências (sm)10 de julho de 2008

Um candidato democrata à presidência dos EUA planejar um discurso em frente ao Portão de Brandemburgo é considerado descabido por conservadores e pertinente por social-democratas. Questão divide governo alemão.

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Barack ObamaFoto: AP

A intenção do candidato democrata à presidência norte-americana, Barack Obama, de discursar em frente ao Portão de Brandemburgo em sua planejada visita a Berlim gerou divergências dentro da coalizão de governo na Alemanha. A chanceler federal Angela Merkel disse "estranhar" a iniciativa, enquanto o ministro do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, do Partido Social Democrata, saudou o gesto.

O porta-voz de Merkel declarou que nenhum candidato ao governo federal alemão teria a idéia de organizar comícios de campanha em avenidas representativas de Washington ou na Praça Vermelha em Moscou. Por isso, a realização de um evento eleitoral no Portão de Brandemburgo não contaria com a total compreensão da premiê alemã.

Um local de peso histórico como esse não é adequado para uma campanha eleitoral disputada fora da Alemanha, justificou o porta-voz. Presidentes eleitos nos Estados Unidos, esses sim continuam sendo bem-vindos a fazer discursos públicos em Berlim.

Símbolo da aliança teuto-americana

O conflito dentro do governo em Berlim começou quando o ministro do Exterior reagiu à declaração de Merkel. O porta-voz de Steinmeier declarou que este não estranha a intenção de Obama. Afinal, o Portão de Brandemburgo seria um símbolo de aliança na memória dos alemães e dos americanos.

O fato de o candidato democrata ao governo em Washington ter arrumado tempo para visitar a Europa em plena corrida eleitoral e ter priorizado Berlim seria um "gesto notável", na opinião de Steinmeier.

Em declaração ao diário Frankfurter Rundschau, o ministro lembrou que os americanos contribuíram de forma decisiva para a salvação da cidade, de modo que deveriam ser autorizados a se pronunciar em lugares de relevância histórica. Isso valeria tanto para o candidato democrata como para o republicano, John McCain.

O prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, considera positiva a iniciativa de Obama usar Berlim como plataforma para um discurso político relevante. A prefeitura não realizaria o comício, mas garantiria a segurança no local, mesmo em se tratando apenas de um "evento particular", assegurou Wowereit.

Começo e fim da Cortina de Ferro

Diante do desagrado causado pelo anúncio de seus planos em Berlim, Obama se mostrou flexível e anunciou que cogitará outros lugares para fazer seu discurso. Ele se declarou feliz com a oportunidade de visitar a Alemanha e de se encontrar com a premiê Merkel. A visita deverá ser no dia 24 de julho, mas a prefeitura de Berlim informa que ainda há uma série de detalhes a serem acertados.

Im abendlichen Lichterschein - das Brandenburger Tor am Pariser Platz
Portão de BrandemburgoFoto: dpa

O Portão de Brandemburgo, construído no final do século 18, é um importante marco da história alemã do pós-guerra, simbolizando a divisão do país e posteriormente sua reunificação. Em 22 de dezembro de 1989, o portão da cidade dividida foi aberto sob aplauso de dezenas de milhares de pessoas, marcando a queda definitiva do Muro de Berlim.

Na história das relações bilaterais entre Alemanha e EUA, o Portão – não muito distante da recém-inaugurada embaixada norte-americana – também é um referencial.

O famoso discurso em que o presidente John Kennedy se declarou berlinense, em 1963, foi pronunciado em frente à Prefeitura de Berlim Ocidental, em Schöneberg, e não diante do Portão de Brandemburgo.

No entanto, foi aqui que o presidente Ronald Reagan participou da comemoração dos 750 anos da cidade, em junho de 1987, usando a oportunidade para exigir do chefe de governo russo, Michail Gorbatchov, o fim do Muro de Berlim: "Mr. Gorbatchov, tear down this wall" (Senhor Gorbatchov, derrube este muro!)