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Professores alemães carecem de preparo

(sm)23 de setembro de 2004

Um estudo recém-divulgado pela OCDE revela as deficiências dos educadores na Alemanha. Organização sugere abolir o status de funcionário público dos professores, uma idéia que divide os políticos alemães.

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Salas de aula alemãs: professores acomodadosFoto: dpa

Um estudo da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) comprovou que os professores alemães têm pouca motivação, falta de interesse em aprimorar seus conhecimentos e uma formação insuficiente para o cotidiano escolar.

Além disso, na Alemanha os educadores são bem mais velhos, se comparados com os de outros países-membros da OCDE: 45% dos professores primários têm mais de 49 anos, de acordo com dados relativos a 2001. Só na Itália os educadores têm idade mais avançada ainda. Apesar de os professores alemães terem uma remuneração comparativamente elevada, a satisfação dos mesmos com o trabalho é mínima.

A recente divulgação de um outro estudo da OCDE, onde se compara o nível de ensino em 24 países desenvolvidos, já tinha revelado que o sistema educacional alemão fica bastante aquém do geral. Apesar de a organização reconhecer que a Alemanha vem se empenhando por uma reforma abrangente do ensino, o relatório faz ressalvas quanto à morosidade do processo.

Funcionário público se acomoda

Lehrerin vor Klasse
Professora de escola primáriaFoto: Bilderbox

O fato de os professores serem funcionários públicos na Alemanha seria um empecilho para implementar as necessárias mudanças, avalia a OCDE. Apesar de garantir uma grande segurança profissional, o status também estaria levando os professores a se acomodar e dispensar maiores qualificações profissionais. A organização sugere um sistema de contratos temporários. Após um prazo de cinco a sete anos, os professores seriam avaliados. Este sistema permitiria demissões.

A OCDE também sugeriu que os alemães repensem o papel do educador, a fim de que possa haver um acompanhamento mais individualizado dos estudantes. A formação de professores também deveria ser reformada no país. De acordo com a proposta da OCDE, o curso superior exigido para poder exercer o cargo de professor deveria ser mais curto e a prática de ensino mais intensa. Na Alemanha, a duração da profissionalização de professores é a mais longa dos países envolvidos no estudo.

A fim de motivar os professores, a OCDE sugere recompensa financeira em troca de empenho profissional. Isso incluiria, por exemplo, complementação salarial para professores que trabalham em regiões mais problemáticas, um pagamento adicional para cobrir gastos com transporte ou uma recompensa pela atividade docente “em condições desfavoráveis”.

Competências da União ou dos Estados?

Schulunterricht in Stutgart
Aula em escola de StuttgartFoto: dpa zb

A presidente da Conferência de Secretários Estaduais da Educação (KMK), Doris Ahnen, advertiu que tais mudanças podem levar à perda do prestígio da profissão de educador. Ela sugeriu que a qualificação dos professores já efetivados não dependa da vontade individual, mas esteja previsto em um plano estadual de formação profissional.

Ao mesmo tempo, Ahnen reagiu com grande reserva à proposta de excluir os professores do funcionalismo público e de avaliar seu desempenho esporadicamente. A presidente da Comissão de Educação do Parlamento, Ulrike Flach, por sua vez, considera ultrapassado o status de funcionário público dos professores.

Os democratas-cristãos e verdes reagiram ao estudo da OCDE com críticas ao sistema de formação de professores e ao desnível entre os diferentes estados alemães. A vice-líder da bancada democrata-cristã no Parlamento, Maria Böhmer, propôs a introdução de um padrão de ensino nacional e uma maior troca entre os estados quanto à formação de professores. A política verde Grietje Bettin, por sua vez, defende a atribuição de mais competências à União na política de educação. Ela também é contra o status de funcionário público do professor.