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Procuradoria-Geral da Venezuela investiga fraude eleitoral

3 de agosto de 2017

Procuradora-geral fala em "fato escandaloso" após empresa responsável por contagem de votos apontar fraude. Maduro nega acusação e diz que mais pessoas teriam votado se não tivessem sido impedidas por manifestantes.

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Eleição na Venezuela
Conselho Nacional Eleitoral afirmou que 8 milhões de eleitores foram às urnasFoto: picture alliance/dpa/M. Quintero

A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, anunciou nesta quarta-feira (02/08) a abertura de uma investigação sobre a suposta manipulação dos resultados da votação para a Assembleia Nacional Constituinte, realizada no último domingo. A empresa responsável pela contagem de votos, Smartmatic, denunciou fraude nos números de participação no pleito.

"Designei dois procuradores para investigar as quatro reitoras do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) por esse fato escandaloso", afirmou Ortega em entrevista à emissora CNN. "Também estamos avaliando se levaremos a denúncia a organizações internacionais, uma vez que estamos diante de possíveis crimes de lesa-humanidade."

As autoridades eleitorais venezuelanas afirmam que o número de votantes foi de 8,1 milhões de pessoas, ou seja, 41,43% dos eleitores do país. No entanto, a Smartmatic, que instalou cerca de 24 mil urnas eletrônicas na Venezuela, disse hoje que as cifras oficiais superestimam o número de cidadãos que compareceram às urnas em pelo menos um milhão de votos.

Luisa Ortega Diaz, procuradora-geral da Venezuela
Ortega: Suposta manipulação é "mais um elemento do processo fraudulento e inconstitucional" da constituinte convocada por MaduroFoto: picture-alliance/dpa/A. Cubillos

Para Ortega, é necessário medir o alcance desse fato, que representa, segundo ela, "mais um elemento do processo fraudulento e inconstitucional" de convocação da constituinte pelo presidente Nicolás Maduro.

Ortega rechaçou a eleição da Assembleia Nacional Constituinte por considerá-la uma "ambição ditatorial" do chavismo e denunciou que o processo deveria "ser convocado pelo povo", e não por Maduro, o que a transformou em uma das vozes mais críticas à Constituinte. Segundo a procuradora-geral, o órgão terá "superpoderes".

A votação foi criticada pela comunidade internacional e denunciada pela oposição como o último passo do governo Maduro para consumar uma ditadura.

Maduro e CNE rechaçam acusação

Por meio de comunicado, o CNE descartou a suposta manipulação. "É uma afirmação irresponsável, com base numa estimativa sem fundamento do dado manejado exclusivamente pelo poder eleitoral", disse a presidente do CNE, Tibisay Lucena.

"Ainda mais grave: a empresa Smartmatic participou de todas as auditorias. [...] Estas incluem a certificação do software da máquina e do sistema de totalização [de votos]", acrescentou.

Maduro também rechaçou as alegações sobre manipulação do número de eleitores que participaram do pleito do último domingo. Ele acusou a Smartmatic, que fornece plataformas tecnológicas de votação e serviços para as eleições na Venezuela desde 2004, de ceder a pressão dos Estados Unidos para colocar em dúvida a constituinte.

O presidente venezuelano não apenas reafirmou que 8 milhões de eleitores foram às urnas, como disse que outras 2 milhões de pessoas teriam votado se não tivessem sido impedidas por manifestantes antigoverno.

Maduro anunciou que a instalação da constituinte não ocorrerá nesta quinta-feira, como inicialmente planejado, mas sim na sexta-feira, para que o governo possa "organizá-la em paz e com tranquilidade". Ele afirma que o órgão irá solidificar o sistema socialista instalado pelo ex-presidente Hugo Chávez.

O presidente convocou a eleição da Assembleia Constituinte em maio, após semanas de protestos em meio à crise no país, que enfrenta inflação alta e escassez de alimentos e medicamentos. Desde o dia 1º de abril, a Venezuela vive uma série de manifestações a favor e contra o governo, que já deixaram mais de 120 mortos.

LPF/efe/ap