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Presidente italiano aprova Giuseppe Conte como premiê

23 de maio de 2018

Mattarella dá luz verde a nome indicado por partidos populistas. Conte, um acadêmico sem experiência política e acusado de ter inflado seu currículo, deve agora formar um Executivo e submetê-lo ao voto do Parlamento.

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Giuseppe Conte
Giuseppe Conte participou de uma reunião de mais de duas horas com o presidente italiano nesta quarta-feiraFoto: Getty Images/V. Pinto

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, aprovou nesta quarta-feira (23/05) a indicação de Giuseppe Conte – um jurista e professor acadêmico sem passado político – para o cargo de primeiro-ministro, dando luz verde para os dois principais partidos políticos do país, ambos populistas, formarem um governo.

A decisão foi anunciada pelo governo italiano ao final de uma reunião de mais de duas horas entre Mattarella e Conte, "a quem foi concedido o mandato para formar um governo", informou Ugo Zampetti, secretário-geral da presidência do país europeu.

A sugestão de Conte ao cargo foi enviada ao presidente italiano na segunda-feira pela sigla populista antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S) e a populista eurocética e anti-imigração Liga Norte. Os partidos haviam revelado seu programa conjunto de governo na semana anterior.

Após o anúncio da presidência, Conte declarou que seu governo buscará "confirmar o lugar da Itália tanto na Europa como internacionalmente", acrescentando que sua prioridade é ser o "advogado de defesa do povo italiano".

Com a confirmação do presidente, o futuro primeiro-ministro fica encarregado agora de formar um Executivo. A lista de ministros que vão compor seu gabinete deve ser primeiro endossada por Mattarella antes de seguir para análise do Parlamento italiano.

A aprovação entre os parlamentares não será tarefa difícil, já que M5S e Liga possuem maioria nas Casas. Uma votação no Parlamento é esperada para a próxima semana.

Segundo a imprensa italiana, o líder da Liga Norte, Matteo Salvini, está sendo cotado para chefiar o Ministério do Interior, enquanto o líder do M5S, Luigi di Maio, seria indicado ao cargo de ministro do Desenvolvimento Econômico.

Uma possível escolha de Conte, no entanto, estaria preocupando o presidente italiano: Paolo Savona para o Ministério da Economia. Ministro da Indústria entre 1993 e 1994, Savona, de 81 anos, opôs-se firmemente à assinatura do Tratado de Maastricht, de 1992, que deu origem ao que é hoje a União Europeia, e chegou a afirmar que a moeda euro é uma "gaiola alemã".

Conte, de 54 anos, é um jurista e professor universitário que não faz parte do Parlamento e é praticamente desconhecido da opinião pública. Sua indicação para a chefia do governo foi questionada nos últimos dias por alguns setores, dada sua falta de experiência política.

Além disso, o acadêmico se envolveu numa polêmica ao ser acusado de ter exagerado em algumas informações descritas em seu currículo. Conte teria incluído a passagem em universidades prestigiadas que alegadamente não frequentou. Ele nega as acusações.

Governo de coalizão para destravar impasse

Após mais de dois meses desde as eleições de março, foi finalmente superado o impasse político que imperava no país europeu, que será agora governado por dois grupos políticos populistas considerados por muito tempo oponentes.

Entre as promessas da coalizão está a redução drástica de impostos, a  aprovação de um subsídio de 780 euros para pessoas com dificuldades financeiras, além da reforma do sistema de previdência, que, segundo Di Maio e Salvini, estimularão o crescimento.

Os partidos também propuseram fechar todos os acampamentos considerados irregulares onde vivem pessoas de etnia cigana; introduzir a legítima defesa para os cidadãos em seus domicílios; e solicitar aos aliados europeus uma revisão da política monetária.

EK/afp/ap/dpa/lusa/rtr

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