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Presidente do Peru depõe sobre caso ligado à Lava Jato

19 de abril de 2016

Ollanta Humala e primeira-dama são suspeitos de receber propina de empresas privadas, incluindo a Odebrecht. Anotações na agenda de Nadine Heredia podem vincular presidente às investigações da Polícia Federal brasileira.

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Ollanta Humala, presidente do Peru
Foto: picture-alliance/dpa/P. Aguilar

O presidente do Peru, Ollanta Humala, prestou depoimento ao Ministério Público peruano nesta segunda-feira (18/04) sobre anotações nas agendas de sua mulher, que podem vinculá-lo ao esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

O depoimento sobre as agendas da primeira-dama, Nadine Heredia, e os aportes recebidos pelo Partido Nacionalista, presidido por ela, nas campanhas presidenciais de 2006 e 2011 durou 12 horas. As anotações incluem contribuições financeiras de empresas feitas para o governo, incluindo a Odebrecht.

Uma comissão parlamentar que investiga o caso desde 2015 quebrou o sigilo bancário de 432 pessoas físicas e jurídicas. Entre elas, estão Nadine Heredia, os ex-presidentes do Peru Alan García e Alejandro Toledo e o ex-ministro e candidato presidencial Pedro Pablo Kuczynski.

Em março, Heredia disse à comissão que esteve com o presidente em reuniões com empresários quando ele era candidato. "Mas isso não significou nenhum tipo de contribuição econômica, nem alguma especificação sobre projetos", afirmou.

Nas agendas, há anotações sobre reuniões com empresários brasileiros investigados na Lava Jato, ocorridas durante a campanha eleitoral de 2011. "Isso não significou, em nenhuma dessas reuniões, propinas, comissões ou qualquer vinculação a respeito de algum projeto, concessão ou obra", ressaltou a primeira-dama.

O que a Lava Jato investiga

Em fevereiro, na 23ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal (PF) apreendeu uma planilha de gastos de um funcionário da Odebrecht com provável pagamento de propina de 4,8 milhões de reais a Humala.

Na planilha, consta o "Projeto OH", que, segundo as investigações, pode se referir às iniciais no presidente peruano. Humala também é citado numa mensagem registrada no celular do presidente da construtora, Marcelo Odebrecht, preso desde o ano passado por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Na ocasião, Humala rechaçou as conclusões da Polícia Federal brasileira e convocou o embaixador do Brasil em Lima.

A Odebrecht manteve contratos bilionários com o governo em Lima na última década. A última obra, iniciada na gestão de Humala, foi um gasoduto orçado em 5 bilhões de dólares. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou cerca de 1 bilhão de reais para obras feitas pela Odebrecht no Peru entre 1998 e 2014, de acordo com relatório divulgado no ano passado.

KG/efe/dw