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Preparando-se para a guerra biológica

av24 de dezembro de 2002

Enquanto o fantasma de uma guerra com o Iraque se aproxima, a Alemanha adota medidas para proteger sua população contra atentados biológicos. Segundo especialistas, a velocidade dos preparativos deixa a desejar.

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O inimigo mais temido: o vírus da varíolaFoto: AP

O serviço secreto da Alemanha adverte que a probabilidade de atentados terroristas em solo nacional é mais elevada do que nunca. O ministro do Interior, Otto Schily, pediu aos cidadãos que se mantenham em alerta, especialmente em face à grande tensão entre os Estados Unidos e o Iraque. Segundo especialistas em segurança, dentre os alvos preferenciais de um eventual ataque estão as estruturas altamente simbólicas, como as duas torres do Deutsche Bank, em Frankfurt, ou mesmo a famosa catedral de Colônia, cuja forma lembra um M.

Entretanto, um alvo que preocupa ainda mais os analistas é a saúde da população. Aqui as armas são biológicas, como por exemplo o cólera, antraz ou a varíola. Segundo peritos, a mais perigosa seria a varíola, já que o vírus causador não pode ser tratado com antibióticos e a doença é fatal em 30% dos casos. Uma vez abolida a vacinação obrigatória na Alemanha em 1976, a resistência atual dos adultos é muito baixa, e os mais jovens não dispõem de qualquer tipo de proteção.

A Organização Mundial da Saúde declarou a varíola como erradicada em 1980, porém pequenas amostras do vírus foram mantidas nos Estados Unidos e na Rússia. Como as Forças Armadas americanas acreditam que parte desse material possa haver caído nas mãos de Saddam Hussein ou de organizações terroristas, o Exército já começou a vacinar seus soldados e pessoal de emergência. Agora, a Alemanha também inicia preparativos contra eventuais atentados envolvendo o vírus da varíola.

Prevenção custosa

A ministra alemã da Saúde, Ulla Schmidt, anunciou recentemente que o governo está adquirindo grandes partidas da vacina e continuará a ampliar os estoques existentes. No momento, o país dispõe do suficiente para imunizar 35 milhões de pessoas, pretendendo atingir um estoque que garanta sua população de 80 milhões. Entretanto, até agora não se cogita realizar uma vacinação em massa, pois o risco seria demasiado: duas pessoas em um milhão morrem em conseqüência da vacinação contra a varíola e outras mil sofrem graves efeitos colaterais.

Segundo a revista Focus, as vacinas estariam guardadas em diversos locais secretos, e os custos de aquisição e armazenamento chegariam a 380 milhões de euros. Ainda se discute quem financiará estas despesas, se o governo federal ou os estaduais. Estes últimos normalmente assumem as questões de defesa civil.

Uma questão de rapidez

Críticos acusam Berlim de lentidão nos preparativos para enfrentar um ataque biológico, o que poderá custar centenas de milhares de vidas, no caso de uma investida em grande escala. Desta forma, a discussão sobre financiamento da medida seria uma perda de tempo precioso.

De acordo com seu secretário do Interior, Günter Beckstein, a Baviera seria, atualmente, o único estado realmente equipado para empreender uma vacinação em massa. Oliver Thränert, do Instituto Alemão de Política Internacional e Segurança, confirma que a Alemanha tem deficiências quanto a treinamento e equipamento, assim como na área do tratamento médico. Estas lacunas podem ter conseqüências trágicas, se um grande número de pessoas for inoculado.