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Prejuízo do Borussia Dortmund questiona modelo empresarial

Paulo Chagas28 de fevereiro de 2004

O clube futebol alemão Borussia Dortmund está afundado em dívidas. O fracasso esportivo é uma das causas da crise financeira, que traz à tona o problema da viabilidade econômica dos clubes-empresas.

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Escudo do Borussia: negócios não emplacam sem êxito no futebol

O clube futebol alemão Borussia Dortmund, cotado na Bolsa de Valores, está afundado em dívidas. O fracasso esportivo é uma das causas da crise financeira, que traz à tona o problema da viabilidade econômica dos clubes-empresas.

O balanço semestral do Borussia Dortmund não podia ser mais desastroso. O prejuízo de 29,7 milhões de euros superou os prognósticos mais pessimistas e colocou em cheque a política financeira da diretoria.

Com um elenco de estrelas, inclusive os brasileiros Amoroso, Éwerthon e Dede, o Borussia Dortumund é o time alemão que, ao lado do Bayer de Munique, mais títulos ganhou na década de 90. Dentre os troféus está a conquista do Mundial Interclubes, em 1997.

O êxito esportivo levou os dirigentes do Borussia a sonhar com um futuro semelhante às das grandes equipes européias, como Real Madrid, Manchester United ou Milan. Em outubro de 2000 o Borussia aventurou-se na Bolsa de Valores, capitalizando cerca de 130 milhões de euros.

O clube realizou contratações milionárias – dentre elas a do atacante brasileiro Amoroso que custou quase 25 milhões de euros, recorde de transferência no futebol alemão. Mas os resultados esportivos deixaram a desejar

Na atual temporada 2003/2004, o Borussia não conseguiu se qualificar para a lucrativa Liga dos Campeões e foi eliminado logo na segunda rodada da Copa da UEFA.

O fracasso nos torneiros europeus causou um verdadeiro colapso financeiro: só as perdas com receitas de tevê já representam um rombo de 16,6 milhões de euros.

Ações despencaram

Os resultados positivos em negócios paralelos ao futebol, como a venda de artigos esportivos e merchandising, não foram suficientes para compensar o desastre financeiro. As ações do Borussia, emitidas por 11 euros em outubro de 2000, valem hoje apenas 2,90 euros.

O presidente Gerd Niebaum admite que houve erro de planejamento, mas que há uma margem de manobra até o fim do ano fiscal, que termina em 30 de junho de 2004. Até lá, o Campeonato Alemão já estará concluído e se saberá se o Borussia conseguiu ou não qualificar-se para a Liga dos Campeões ou a Copa da UEFA.

A equipe ocupa atualmente o em sexto lugar na tabela, que não dá direito a nada, mas está em fase de ascensão esportiva.

Craques à venda

Para sanear as finanças, o presidente do Borussia não exclui a venda de jogadores, sobretudo as atuais estrelas do time: os tchecos Tomas Rosickz e Jan Koller e o brasileiro Dede. Isto traria economia de pelo menos 20 milhões de euros aos cofres do clube.

Um crédito de 70 milhões de euros está pesando no orçamento no Borussia. O clube já se desfez parcialmente de vários negócios, como por exemplo 20% da sua empresa de artigos esportivos (goool.de) e 75% do seu próprio estádio.

Futebol é negócio especulativo

O grande erro dos dirigentes do Borussia é foi ter montado uma equipe cara demais, afirma o analista financeiro Carsten Heise. Sem a participação nos torneiros europeus criou-se um rombo financeiro que precisa agora ser saneado.

Mas os dirigentes precisam ter jogo de cintura para conciliar redução de custos e êxito esportivo. Eles não podem cair no erro de desmontar o time, adverte Heise.

A crise do Borussia Dortmund deixou bem claro o quanto a empresa "clube de futebol" é dependente dos resultados esportivos. Este é um realidade que, mais cedo ou mais tarde, os clubes de futebol brasileiros terão de enfrentar.

A abertura de capital e a bolsa de valores podem ser bons instrumentos para captar dinheiro de potenciais investidores. Mas o clube tem de estar respaldado num modelo econômico convincente, diz Heise.

Entretanto, qualquer que seja o modelo, uma coisa é certa: ações de clubes de futebol são um investimento altamente especulativo.