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Prêmio Echo retira indicação de banda acusada de extremismo

15 de março de 2013

Organizadores retiram banda tirolesa Frei.Wild da premiação depois de outros indicados ameaçarem com boicote. Grupo é acusado de promover ideias de extrema direita.

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Foto: picture-alliance/dpa

Os organizadores do Prêmio Echo resolveram retirar a indicação do grupo tirolês Frei.Wild da categoria Melhor Grupo Nacional de Rock/Alternativo, depois do protesto de outras bandas indicadas, como MIA, Die Ärzte e Kraftklub. A entrega do prêmio ocorre na próxima quinta-feira (21/03).

O Frei.Wild é acusado de promover ideias de extrema-direita. Os fãs discordam e expressam seu descontentamento principalmente na página no Facebook do Echo Awards. Eles afirmam que os membros do grupo não são nazistas, mas patriotas.

A inclusão do Frei.Wild na lista dos indicados para a premiação mais importante da música alemã provocou uma forte reação de artistas que criticam a postura da banda. A banda de electro-pop MIA e o grupo de rock Kraftklub ameaçaram boicotar o evento e renunciar a suas indicações.

"Nós não podemos decidir quem será indicado para um Echo, mas felizmente podemos nos distanciar de nossa indicação", declarou a banda MIA em sua página no Facebook. Em seu site oficial, a banda de punk Die Ärzte descreveu o Frei.Wild como "politicamente questionável".

07.12.2012 popxport MIA
A banda berlinense MIA ameaçou boicotar o evento

Através de um comunicado, a Deutsche Phono-Akademie, que organiza o Echo, disse que o prêmio "não deveria ser uma arena para debates políticos". A polêmica em relação à indicação do Frei.Wild "ofuscou toda a premiação, consequentemente todos os artistas e bandas", disse Florian Drücke, presidente da Deutsche Phono-Akademie.

Os organizadores alegaram que a indicação do Frei.Wild foi baseada em seu sucesso nas paradas. Antes de voltar atrás e retirar a indicação para a banda, os organizadores haviam argumentado que a retirada não seria possível por ela não estar listada no Departamento Federal de Mídias Nocivas para os Jovens, entidade que controla material violento e sexualmente explícito.

Patriotismo que não é patriotismo

A banda do Tirol do Sul, região autônoma no norte da Itália onde a língua predominante é o alemão, foi fundada em setembro de 2001 por Philipp Burger e Jonas Notdurfter. Seu primeiro álbum, Eines Tages (Um dia, em alemão), foi lançado em 2002.

Apesar das críticas acusando o grupo de ser nacionalista e racista em suas canções – uma acusação negada pela banda – o Frei.Wild encontrou sucesso comercial na Áustria, Alemanha e Suíça. O grupo foi indicado pela primeira vez ao Echo em 2011, depois do sucesso do álbum Gegengift (antídoto), que alcançou a segunda posição na parada alemã.

Kraftklub boykottieren Echo
O Kraftklub, outra banda que ameaçou boicotar o EchoFoto: picture-alliance/dpa

O oitavo disco da banda, Feinde deiner Feinde (inimigos de seus inimigos), foi lançado em outubro de 2012 e foi um dos álbuns mais vendidos no país, alcançando novamente o segundo lugar na parada.

Mas o sucesso do Frei.Wild serviu apenas para intensificar as críticas. Uma apresentação planejada para o festival With Full Force em junho de 2013, na cidade de Löbnitz, foi cancelada já em fevereiro, depois de protestos nas mídias sociais e a saída de grandes patrocinadores.

Para o especialista em teoria musical Hartmut Fladt, da Universidade das Artes de Berlim, o Frei.Wild é uma banda de extrema-direita. "Esse assim chamado patriotismo não é patriotismo, pois sempre é voltado contra alguém. No melhor dos casos, patriotismo é algo que expressa o amor pela terra natal ou as próprias origens, e esse amor não deve depreciar os outros, muito menos partir do princípio de que os outros são subumanos, como diriam os nazistas", afirma o professor, que estudou a música da banda tirolesa.

MAS/dw