Em discurso no Parlamento, Gerhard Schröder defendeu uma política externa e de segurança comum que fortaleça a União Européia no cenário internacional: a lição da crise que antecedeu a guerra do Iraque.
Gerhard Schröder fala ao Parlamento
A declaração do chanceler federal Gerhard Schröder perante o Bundestag, nesta quinta-feira (03/04), teve dois fios condutores: a defesa de um reforço da política externa e de segurança da União Européia, que coloque a Europa em condição de assumir maior responsabilidade; e a confirmação da relevância que as organizações multilaterais como a ONU e a Otan continuam tendo no atual cenário internacional.
É preciso que a Europa volte a estar em condições de falar com uma só voz, declarou o chefe de governo. O desenvolvimento de uma nova política externa e de segurança da comunidade deve incluir impreterivelmente a participação do Reino Unido, acrescentou.
Um dos primeiros passos para a concretização dessa visão seria refletir sobre a possibilidade de enviar tropas européias — e não nacionais — para a participação em missões internacionais da ONU. A atual primeira missão conjunta dos europeus na Macedônia é, na opinião de Schröder, o exemplo a ser seguido no futuro, com o objetivo de prevenir guerras.
Planos para o Iraque
As Nações Unidas devem desempenhar o papel central na reestruturação política do Iraque no pós-guerra, defendeu Schröder, acentuando que essa reconstrução significa muito mais que "a restauração de edifícios, poços de petróleo e infra-estrutura".
O estabelecimento de uma ordem democrática e justa no país pressupõe, segundo o chanceler federal, quatro condições:
Fischer x Straw
Fischer e Straw antes do encontro em Berlim dia 2 de abril
Na busca de uma política externa e de segurança comum para os europeus, a reaproximação com o Reino Unido - após as divergências que se revelaram no conflito do Iraque -desempenha para o governo alemão um papel preponderante. Na noite de quarta-feira (02/04), o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, recebeu em Berlim seu colega de pasta britânico, Jack Straw.
Após o encontro confidencial, Fischer manifestou abertamente a esperança de que a derrocada do regime de Saddam Hussein ocorra "o mais rápido possível", para que "não continuem se perdendo vidas de inocentes". Straw, por sua vez, declarou-se "otimista" quanto à possibilidade de que os europeus encontrem um caminho conjunto para planejar o futuro do Iraque após a guerra.
Em entrevista ao diário Handelsblatt, Fischer acentuou, da mesma forma que Schröder, que nenhum país seja excluído no processo de estruturação da política externa e de segurança européia, "muito menos os britânicos". Ao mesmo tempo ele defendeu, porém que, "se necessário", um grupo menor de países comece com debates e negociações que conduzam mais tarde a acordos. O acordo de Schengen, que eliminou o controle nas fronteiras nacionais de alguns países da União Européia, seria um exemplo disso.
A fim de que a Europa possa desempenhar um papel mais importante no cenário internacional, é indispensável que se reflita a respeito de um aumento dos gastos com a defesa, visando principalmente a uma equiparação das estruturas militares, concluiu o ministro.