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Verdes em alta

17 de novembro de 2010

Enquetes apontam os maiores índices de aceitação da história do partido junto ao eleitorado alemão e indicam que os verdes podem pela primeira vez liderar coalizões em governos estaduais.

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Líderes verdes: Renate Künast, Claudia Roth, Jürgen Trittin e Cem ÖzdemirFoto: DW/dpa

O parlamentar Hans-Christian Ströbele não se admira da ascensão dos verdes. O político verde que tem o bairro berlinense de Kreuzberg como reduto eleitoral sabe o que é contar com o apoio da população. Em 2009, ele obteve quase 47% dos votos de seu distrito, conquistando o único mandato direto do Partido Verde.

Portrait Christian Ströbele Grüne
Hans-Christian Ströbele: posições firmesFoto: AP

Seus eleitores conhecem sua personalidade e posição política, na qual ele sempre se manteve firme. Para Ströbele, a confiabilidade é o principal motivo de prestígio dos verdes. "Temos uma confiabilidade maior que políticos de outros partidos e atualmente nossas metas verdes já se tornaram prioritárias para todos", afirma.

Ascensão meteórica

Nas eleições parlamentares alemãs de 2009, os verdes obtiveram 10,7% dos votos, suficiente apenas para o título de "menor partido de oposição". Se houvesse novas eleições agora, entre 20% e 25% dos eleitores votariam nos verdes. Nunca o partido teve tanto prestígio nas sondagens de intenção de voto e tanta aceitação entre camadas tão amplas da população.

O cenário partidário alemão está mudando e os eleitores não se sentem tão comprometidos com uma única legenda como antes. Os partidos do governo – União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU) e Partido Liberal (FDP) – espantaram muitos de seus próprios eleitores durante seu primeiro ano de governo. E quem saiu ganhando com isso foram sobretudo os verdes.

Um novo partido de massa?

Pode ser que as atuais sondagens de intenção de voto sejam incertas e efêmeras. Resultados concretos só se revelarão nas eleições estaduais do próximo ano, a serem realizadas em seis estados diferentes, inclusive na cidade-estado de Berlim.

Na capital do país, a líder verde Renate Künast desafia o atual governante social-democrata, Klaus Wowereit. No estado de Baden-Württemberg, o candidato verde, Winfried Kretschmann, tem chances de se eleger governador. O protesto contra a dispendiosa reforma da estação ferroviária da capital do estado, Stuttgart, trouxe tanto prestígio aos verdes que os dias do atual governo conservador-liberal estão praticamente contados.

Renate Künast Spitzenkandidatin BÜNDNIS 90/DIE GRÜNEN
Renate Künast vai concorrer ao governo de BerlimFoto: BÜNDNIS 90/DIE GRÜNEN

A ascensão dos verdes não deixa de ser motivo de espanto para os sociólogos. "Isso evidentemente altera o cenário partidário", analisa Richard Hilmer, do instituto de pesquisa Infratest Dimap. "Afinal, esta é a primeira vez em que parece viável a um dos pequenos partidos assumir um governo estadual".

Fechamento das usinas nucleares, proteção do clima e direitos iguais para todos: por essas causas os verdes já lutam há décadas. Essas reivindicações, antes periféricas, se tornaram centrais na sociedade alemã.

Cem Özdemir Bundesvorsitzender BÜNDNIS 90/DIE GRÜNEN
Cem Özdemir: A sociedade alemã se tornou mais verdeFoto: BÜNDNIS 90/DIE GRÜNEN.

"A sociedade se tornou mais verde", constata o copresidente do partido, Cem Özdemir, "e nós também mudamos". Divergências dentro do partido não terminam mais em arremesso de sacos de tinta contra os correligionários, mas na busca por consenso; e entre os verdes de hoje, ternos são tão bem-vindos como pulôveres de tricô.

O que conta é a atitude. E de fato, os verdes têm um perfil claro. O teor das causas políticas está acima da luta pelo poder: esse o princípio que os orienta no fechamento de alianças com outros partidos.

Verdes prestes a encabeçar coalizões?

Os outros partidos já começam a temer o prestígio apontado pelas enquetes. Os social-democratas, por exemplo, estão aos poucos tendo de se acostumar com a ideia de possivelmente vir a integrar uma coalizão estadual encabeçada pelos verdes. Até hoje, a relação de poder entre os dois partidos era inversa, com os verdes sempre como parceiros menores.

No entanto, há que se ressalvar que a popularidade de um partido sempre aumenta o potencial de decepção junto ao eleitorado. O pesquisador Richard Hilmer lembra do caso do Partido Liberal, por exemplo, que perdeu grande número de eleitores desde que passou a integrar a coalizão de governo federal com os conservadores.

Se os verdes chegarem a conquistar um governo estadual, serão observados com olhos argutos pelos eleitores. "É claro que isso expõe o partido a pressões de outra ordem", constata Hilmer.

Flash-Galerie Atomkraft in Deutschland
Jürgen Trittin lidera uma passeata contra a energia nuclear na Alemanha, em 2009Foto: picture-alliance / dpa

A maioria dos verdes, contudo, acha que não decepcionará o eleitorado e descarta um eventual "efeito Obama". A liderança do partido sabe muito bem que sondagens de intenção de voto ainda não são resultados eleitorais. Além disso, a atual popularidade não surgiu de uma hora para outra, mas foi conquistada durante muito tempo, passo a passo.

É por isso que a convenção dos verdes aposta na seguinte divisa: Mantenha os pés no tapete – mesmo que, desta vez, ele esteja voando alto.

Autora: Nina Werkhäuser (sl)
Revisão: Alexandre Schossler