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PF descobre suposto bunker de dinheiro de Geddel

5 de setembro de 2017

Malas e caixas com mais de 51 milhões de reais são encontradas em imóvel que teria sido emprestado a ex-ministro. Essa é a maior apreensão de dinheiro da história. Operação investiga fraude na Caixa Econômica Federal.

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Segundo PF, apartamento era um bunker para armazenagem de dinheiro
Segundo PF, apartamento era um bunker para armazenagem de dinheiroFoto: Policia Federal

A Polícia Federal (PF) encontrou nesta terça-feira (05/09) malas e caixas cheias de dinheiro num apartamento que seria usado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Salvador. De acordo com autoridades, o imóvel seria uma espécie de bunker para armazenagem de dinheiro.

A Polícia Federal informou que mais de 51 milhões de reais foram aprendidos no apartamento. Essa foi a maior apreensão de dinheiro em espécie da história.

A quantia estava guardada em pelo menos oito grandes malas e cinco caixas, de acordo com fotografias divulgadas pela Polícia Federal. As autoridades disseram que chegaram ao apartamento graças a informações recolhidas durante a investigação.

O apartamento está no nome de Silvio Silveira, que teria cedido o imóvel a Geddel, para que o ex-ministro guardasse, supostamente, pertences do pai, falecido em janeiro de 2016. Uma denúncia anônima alertou a polícia de que o apartamento estaria sendo utilizado para guardar caixas com documentos.

A operação desta terça-feira foi batizada de Tesouro Perdido, e é decorrente das últimas fases da Operação Cui Bono, que investiga fraudes na liberação de créditos da Caixa Econômica Federal entre 2011 e 2013. Nesta época, Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica da instituição.

Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013
Geddel foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa entre 2011 e 2013Foto: Valter Campanato/Agencia Brasil

No mandado de busca, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, afirma que no imóvel há elementos que comprovam a prática dos crimes relacionados na manipulação de créditos e recursos realizada na Caixa Econômica Federal.

Geddel – ministro da Integração Nacional no governo Lula e da Secretaria de Governo sob Michel Temer – teve prisão decretada em julho por obstrução de Justiça. O ex-ministro foi acusado de tentar impedir um eventual acordo de delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, ambos presos. 

Em janeiro deste ano, a Polícia Federal deflagrou a Operação Cui Bono? ("A quem beneficia?", em latim) – um desdobramento da Operação Catilinárias (deflagrada em dezembro de 2015, após autoridades terem encontrado um celular na casa de Cunha com trocas de mensagens com Geddel).

O teor das mensagens indica que Cunha e Geddel atuavam para garantir a empresas a liberação de recursos em vários setores da Caixa. Após o recebimento, os beneficiados pagavam vantagens indevidas. Em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de empréstimos e créditos para sete empresas e um partido político.

Geddel é acusado de receber 20 milhões de reais em propinas no esquema. O ex-ministro cumpre prisão domiciliar em Salvador.

Até novembro de 2016, Geddel era ministro da Secretaria de Governo de Temer, mas foi forçado a renunciar devido a fortes pressões decorrentes de suspeitas do crime de tráfico de influência. Ele foi acusado de pressionar autoridades para a liberação de uma obra embargada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em Salvador.

CN/abr/lusa/ots