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Polícia e migrantes entram em choque na ilha grega de Kos

11 de agosto de 2015

Forças de segurança usam cassetetes e extintores de incêndio para tentar conter multidão na entrada de um estádio de futebol onde aconteceria o registro dos imigrantes. Este ano, 124 mil pessoas já chegaram à Grécia.

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Policial usa um extintor de incêndio para conter a multidãoFoto: Getty Images/AFP/A. Tzortzinis

Policiais usaram cassetetes e extintores de incêndio para tentar conter centenas de migrantes que se envolveram numa confusão enquanto tentavam se registrar na ilha grega de Kos nesta terça-feira (11/08).

Aparentemente a confusão teve início durante a tentativa das autoridades de deslocar os migrantes para dentro de um estádio de futebol, onde seria organizado o registro. Os migrantes estavam havia dias acampados na praia ou nas ruas.

Durante a longa espera, algumas pessoas desmaiaram devido à grande concentração de gente e às altas temperaturas, enquanto outras protestavam por causa da falta de comida, das más condições de higiene e de alojamento, e por causa da dificuldade de obter os documentos que permitam a elas sair do país e seguir viagem para a Europa Central.

Migrantes também bloquearam na manhã desta terça-feira uma via na orla da principal localidade de Kos, exigindo documentos para poder deixar a ilha.

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Havia também crianças em meio à multidão que se aglomerava para conseguir documentosFoto: Getty Images/AFP/A. Tzortzinis

Grécia está sobrecarregada

Nas últimas semanas, dezenas de milhares de migrantes se dirigiram para as ilhas gregas do Mar Egeu, sobretudo as situadas perto da costa da Turquia, onde acampam à espera de poder chegar à Grécia continental e prosseguir viagem até o centro da Europa.

Os números divulgados esta semana pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) afirmam que, nos primeiros sete meses de 2015, 124 mil migrantes desembarcaram na Grécia, principalmente nas ilhas de Kos, Lesbos, Chios, Samos e Leros.

Apenas em julho passado chegaram 50 mil pessoas provenientes da Síria, do Afeganistão, do Iraque, de Eritreia e de outros países, um número superior ao registrado durante todo o ano de 2014 e um aumento de 20 mil pessoas face a junho.

"Estou alertando: o perigo de haver derramamento de sangue é real", escreveu o prefeito da ilha grega de Kos, Yorgos Kyritsis, numa carta enviada ao governo em Atenas e publicada pela mídia do país nesta terça-feira (11/08). Segundo ele, mais de 7 mil migrantes desembarcaram recentemente na ilha, que tem apenas 30 mil habitantes.

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Situação saiu totalmente de controle na porta do estádio de KosFoto: Getty Images/AFP/A. Tzortzinis

"Inferno na Terra"

Nesta segunda-feira, a vice-presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Claudia Roth, viajou a Kos para uma visita de dois dias. "Está um caos, e as tensões estão cada vez maiores", disse. "Para os refugiados, a estada em Kos é atualmente o inferno na Terra."

Segundo Roth, primeiros socorros são negados aos refugiados, que necessitam de comida, roupas, abrigo e cuidados médicos. A política do Partido Verde alemão afirmou que uma autoridade local transfere a responsabilidade para a outra e que as organizações de ajuda humanitária estão esgotando suas capacidades.

Roth contou que refugiados que estavam acampados nas ruas e parques foram enviados para o pequeno estádio, onde há apenas dois banheiros para centenas de pessoas. "Isso é desumano. Nunca vi algo assim", afirmou.

Ela pediu ao governo em Atenas que providencie ajuda àqueles que buscam proteção. "O trágico é que há duas crises juntas." Mas, apesar da crise econômica, o governo grego precisa agir, afirma, assim como a Europa e as autoridades locais.

Na semana passada, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, pediu ajuda à União Europeia para lidar com a crise migratória, afirmando que seu país está sobrecarregado.

LPF/dpa/afp/lusa/rtr