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Plataformas quase idênticas para a política externa

Nina Werkhäuser (am)10 de setembro de 2002

Após a reunificação, a Alemanha viu-se obrigada a assumir responsabilidades crescentes no panorama internacional. Com isto, a política externa passou a ter importância ainda maior para o governo de Berlim.

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Stoiber (esq.) ou Schröder: na política exterior não haverá grande mudançaFoto: AP

O trabalho da diplomacia alemã, nos últimos anos, destacou-se especialmente na área da política de segurança e da prevenção de crises. Antes da queda do muro de Berlim, a principal prioridade alemã na política externa era a de fomentar a unificação da Europa, no âmbito da União Européia.

Após a derrocada do bloco socialista, a Alemanha viu-se compelida a fomentar prioritariamente a integração dos países do Leste europeu na UE e na OTAN – uma conseqüência da situação geopolítica do país, que lhe impõe o papel de mediador entre os dois antigos blocos da Guerra Fria.

A evolução dos acontecimentos mundiais – as guerras civis nos Bálcãs e a luta contra o terrorismo – obrigaram Berlim entretanto a assumir responsabilidades também fora da Europa.

Dentro deste contexto, as posições de política exterior dos dois candidatos à chefia do governo de Berlim tornaram-se de grande importância, não apenas para os eleitores alemães. Também os governos estrangeiros e os analistas políticos de todo o mundo acompanham com redobrado interesse as opiniões manifestadas pelo atual chanceler federal Gerhard Schröder, candidato à reeleição, bem como do seu desafiante, o governador bávaro Edmund Stoiber, candidato oposicionista da coligação conservadora entre a União Democrática Cristã e a União Social Cristã (CDU-CSU).

As posições de política exterior
do chanceler Gerhard Schröder

Bundeskanzler Gerhard Schröder auf dem Weltumweltgipfel in Johannesburg
Chanceler Gerhard SchröderFoto: AP

Na campanha eleitoral de 1998, o Partido Social Democrático (SPD) divulgou um programa político sucinto com dez pontos – nele, não havia qualquer menção à política externa. Mas os acontecimentos da política internacional logo obrigaram Gerhard Schröder a assumir uma posição.

Da guerra em Kosovo até os atentados de 11 de setembro: hoje não se pode mais menosprezar a importância da política externa. Atualmente, a política exterior da República Federal da Alemanha é avaliada de maneira positiva pela maioria dos alemães. O que não ocorre em muitos outros setores da política.

União Européia, Rússia e EUA

Para Gerhard Schröder, deverá ter continuidade a linha adotada até agora: um papel forte na UE e na OTAN, ampliação das relações com a Rússia. Um dos pilares da política exterior é a estreita aliança com os Estados Unidos, aos quais o chanceler prometeu "solidariedade ilimitada" da Alemanha, após os atentados de 11 de setembro. Disto faz parte também a participação de soldados das Forças Armadas alemãs na operação "Liberdade Duradoura", de combate ao terrorismo. Paralelamente a isto, os soldados alemães atuam no Afeganistão e em três países dos Bálcãs, em operações de garantia da paz. Quatro destas cinco missões foram decididas pelo atual governo.

"A Alemanha não pode negligenciar a sua crescente responsabilidade no mundo", afirma o chanceler, como justificativa para o aumento das missões militares no exterior, que já ultrapassam as fronteiras européias. Reprimir a violência, se necessário com o uso de força, e prevenir crises – como na Macedônia – tornaram-se as diretrizes da política de segurança. Inicialmente, Schröder não excluiu nem mesmo a atuação de soldados alemães no Oriente Médio. No auge da campanha eleitoral, contudo, distanciou-se dos planos americanos de invasão do Iraque.

Poupança de gastos militares

No seu programa governamental para 2002 a 2006, o SPD afirma que a política militar conjunta na União Européia e o papel dos países europeus na OTAN deverão ser fortalecidos. No entanto, os parceiros da OTAN reagem com irritação à poupança dos gastos militares por Berlim. Neste ponto, o programa eleitoral do SPD não promete um aumento das verbas no setor.

Schröder quer investir mais na política de ajuda ao desenvolvimento: para o combate à pobreza, que é mencionado explicitamente no programa do SPD, deverão ser destinados 0,33% do Produto Interno Bruto da Alemanha, até 2006. Atualmente, os recursos destinados ao setor perfazem 0,27% do PIB alemão. A meta internacional – fixada há décadas – é de 0,7% do PIB em cada país industrializado: este dado é omitido no programa eleitoral dos social-democratas.

As posições de política exterior
do candidato oposicionista

Edmund Stoiber, Porträt
Candidato oposicionista Edmund StoiberFoto: AP

Os governadores da Baviera sempre mantiveram seus próprios contatos na política exterior. Disto, está tirando proveito agora o candidato oposicionista e atual governador bávaro, Edmund Stoiber.

Mesmo que a política externa não seja o seu ponto forte, ele não pode ser considerado um principiante no setor. A sua visita aos Estados Unidos, como candidato a chanceler, deixou transparecer as suas prioridades: também a União Democrata-Cristã / União Social Cristã (CDU-CSU) apóia inteiramente a aliança com os Estados Unidos. Isto, no entanto, não passa da continuidade de uma política praticada há décadas. Assim sendo, Stoiber procura a diferenciação com a política governamental em outros pontos.

Fortalecimento das relações transatlânticas

Caso seja eleito chanceler, o atual governador da Baviera pretende destinar maior verba para que a Alemanha e a Europa possam desempenhar um papel mais importante na Aliança Atlântica. No seu programa eleitoral, a CDU-CSU critica o "enxugamento" das Forças Armadas e adverte para o fato de que está aumentando a defasagem entre americanos e europeus, no tocante à tecnologia militar. A solução proposta é, em suma, maior verba para o setor militar. A contribuição alemã para a segurança conjunta tem de corresponder à importância do país. Através de uma política armamentista conjunta e de um sistema conjunto de compra de armas, deverão ser aproveitadas sinergias entre os parceiros europeus – esta é a proposta de Edmund Stoiber.

As missões das Forças Armadas alemãs no exterior são apoiadas pelo candidato oposicionista. Mas ele não descarta inteiramente qualquer tipo de missão no Iraque. Neste ponto, a sua posição diverge da do chanceler.

Os alemães banidos do Leste Europeu depois da Segunda Guerra Mundial são mencionados explicitamente no programa eleitoral da CDU-CSU, na parte referente à política externa. O capítulo concernente fala sobre a "validade do direito à terra natal" e elogia a liberdade de fixação de domicílio no território dos futuros membros da União Européia no Leste da Europa. Stoiber pretende dar apoio às minorias alemãs no Leste e consolidar a língua alemã nas instituições da União Européia.

Maior peso na Europa

O candidato oposicionista considera lamentável que "a Alemanha tenha perdido peso dentro da Europa" e deixado também deteriorar as relações com parceiros como a Áustria. O governo atual negligenciou, em especial, as relações com a França, afirma Stoiber. Isto será corrigido, caso seja eleito, promete o governador da Baviera. A CDU-CSU também pretende apoiar os esforços de reforma na Rússia, mas deseja "abrir o verbo", quando o processo de reforma estiver ameaçado de paralisação.