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Planet Germany

Udo Marquardt (av)31 de março de 2007

Nada como a visão do estrangeiro para revelar as verdades profundas de um país. O livro de um ex-missionário mórmon critica com humor os alemães. Mas também lhes fornece alguns motivos para gostar mais de seu país.

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Capa do livro de Eric T. Hansen

A Alemanha deve algumas coisas positivas aos norte-americanos: a libertação de Hitler, o Plano Marshall, um monte de care-packets e a Luftbrücke [abastecimento de Berlim Ocidental pelos aliados entre 1948 e 1949].

Também acontece de os alemães passarem a bola adiante para os colegas transatlânticos, quando o assunto é explosivo, e, sobretudo, quando diz respeito à sua própria história.

Assim, os americanos foram os primeiros a levar o Holocausto à TV: em 1979, a série em quatro episódios fez mais de 20 milhões de telespectadores se envergonharem na Alemanha. E em 1993 a Lista de Schindler de Steven Spielberg voltou a provocar discussões acaloradas.

Lição de amor à Alemanha

Agora é de novo a vez de um americano segurar a batata quente, em nome dos alemães. Com seu livro Planet Germany: Eine Expedition in die Heimat des Hawaii-Toasts (Uma expedição à pátria da torrada Havaí), Eric T. Hansen dá uma lição de patriotismo. Um leitura imperdível, para aqueles que vivem se perguntando por que motivo se deveria amar a Alemanha.

Hansen é jornalista, natural do Havaí e vive há 20 anos na "good old Germany". Tempo bastante para ter se habituado a algumas das peculiaridades do país. E, como alguém vindo de uma outra galáxia, ele só pode se espantar com certas facetas do "Planet Germany".

Fast food: coisa de alemão

Tome-se, por exemplo, a eterna queixa alemã de que o país se estaria americanizando. Por todo lugar MacDonald's, Coca Cola e rap. A receita do autor de como lidar com este e outros preconceitos é simples, porém convincente: ele pesquisa quantas lanchonetes à moda americana existem, e quantos restaurantes de outras nacionalidades.

O resultado é surpreendente: os turcos é que são os principais invasores do setor gastronômico da Alemanha, juntamente com chineses e italianos. Há definitivamente mais vendedores de döner [o nome turco para o "churrasco grego"] do que todas as filiais do McDonald's e Burger King juntas.

Independente disto, complementa Hansen num excurso histórico, a fast food não é uma invenção ianque, mas sim alemã. Pois não há nada mais germânico do que a wurst (salsichão), em suas variantes bock-, brat-, currywurst ou outras.

Concluindo, uma olhada na economia: a Alemanha exporta muito mais mercadorias para os Estados Unidos do que importa. A bem da verdade, dever-se-ia falar numa germanização dos EUA. Porém, ao contrário dos alemães, nenhum norte-americano acha que está sendo telecomandado por Angela Merkel, pelo fato de dirigir um Volkswagen.

Não resmungue, leia!

Hansen escreve sobre a tão germânica mania de seguros, sobre a relação dos alemães com o dinheiro e com Goethe, seu medo de mudanças e sua tendência de resmungar. Isto, ele faz com muito humor e amor pela pátria da hawaii toast – queijo, presunto e abacaxi, e que, aliás, é uma invenção alemã, e não americana, sem a menor sombra de dúvida.

Apesar de toda a leveza com que empreende suas expedições a esse estranho planeta, o ex-missionário mórmon pesquisou bem cada tópico, e oferece valiosas informações históricas e culturais, embora haja pontos passíveis de discussão, aqui e ali.

Mas como, segundo o autor estadunidense, na Alemanha resmungar é considerado um indicador de inteligência superior, o autor desta resenha prefere calar a boca e se curvar diante deste livro que deixa o leitor com uma bela impressão:

Nós vivemos numa país maravilhoso! Obrigado, Eric T. Hansen. Obrigado, América.