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PF faz buscas em imóveis de Blairo Maggi

14 de setembro de 2017

Residências do ministro da Agricultura em Brasília e Mato Grosso são alvos de mandados. STF afirma haver fortes indícios de crime de obstrução de Justiça. Maggi rejeita acusação.

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Hoje ministro do presidente Michel Temer, Maggi foi senador e governador do Mato Grosso
Hoje ministro do presidente Michel Temer, Maggi foi senador e governador do Mato GrossoFoto: Geraldo Magela/Agencia Senado

A Polícia Federal (PF) cumpriu nesta quinta-feira (14/09) mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, incluindo o apartamento em que ele mora em Brasília. A ação foi autorizada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Policiais chegaram à residência do ministro por volta das 7h (horário local), deixando o prédio cerca de duas horas mais tarde. Mandados de apreensão também foram cumpridos em endereços relacionados a Maggi em Cuiabá e Rondonópolis, no Mato Grosso. O político do PP foi governador do estado de 2003 a 2010. Não houve buscas no Ministério da Agricultura.

Em sua decisão, Fux afirma que há fortes indícios de que Maggi tenha cometido crime de obstrução de Justiça em diversas ocasiões. Ele menciona depoimentos e documentos fornecidos por meio da delação premiada do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) e seu ex-chefe de gabinete, Sílvio Cesar Correa Araújo. Em agosto, o ministro do STF autorizou abertura de inquérito para investigar as denúncias feitas por Barbosa no acordo de delação.

Ainda no documento, Fux relata alguns fatos apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) que embasam o pedido de busca e apreensão. Entre eles está a suposta tentativa por parte de Maggi de comprar o silêncio de investigados da Operação Ararath, em 2014, bem como o de Barbosa depois que ele foi preso, em 2015.

Num dos documentos enviados ao STF no âmbito da operação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também acusou Maggi de ter solicitado ao então presidente do BicBanco, José Bezerra de Menezes, que fizesse empréstimos ao ex-secretário Eder de Moraes a fim de cobrir um desfalque de 130 milhões de reais deixados por sua gestão no governo do Mato Grosso.

Em nota, Maggi negou as acusações. "Nunca houve ação, minha ou por mim autorizada, para agir de forma ilícita dentro das ações de governo ou para obstruir a Justiça. Jamais vou aceitar qualquer ação para que haja 'mudanças de versões' em depoimentos de investigados. Tenho total interesse na apuração da verdade", declarou o ministro.

"Ratifico ainda que não houve pagamentos feitos ou autorizados por mim, ao então secretário Eder Moraes, para acobertar qualquer ato, conforme aponta de forma mentirosa o ex-governador Silval Barbosa em sua delação", acrescentou o político.

Operação Malebolge

Os mandados desta quinta-feira fazem parte da Operação Malebolge, que corresponde à 12ª fase da Ararath. Ao todo, a PF fez buscas e apreensões em 64 endereços, na capital federal e em dois estados, Mato Grosso e São Paulo. Segundo o órgão, participaram da ação 270 pessoas, entre policiais federais e procuradores da República.

Fux autorizou a apreensão de documentos como livros contábeis, recibos, agendas, ordens de pagamento, entre outros. Também os dados armazenados em arquivos eletrônicos, como computadores, pen drives e celulares puderam ser acessados.

O ministro do STF ainda ordenou que fosse apreendido dinheiro em espécie que somasse valor igual ou superior a 30 mil reais, além de objetos suspeitos de serem fruto de lavagem de dinheiro.

Além de Maggi, também foram alvos de mandados vários políticos do Mato Grosso, incluindo o deputado federal Ezequiel Fonseca (PP-MT), que teve seu gabinete na Câmara revistado pela PF, e o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), que foi flagrado em vídeo recebendo dinheiro de propina.

EK/abr/ots