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Petróleo caro gera corrida ao etanol na Alemanha

(fs)9 de setembro de 2005

Com preço do óleo perto dos 70 dólares por barril, montadoras lançam no país modelos de carros movidos a etanol. O Brasil, líder mundial em combustíveis alternativos, pode lucrar muito com essa tendência.

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Preço de combustíveis: trajetória ascendenteFoto: AP

A alta do preço do petróleo, que deixa o preço da gasolina cada vez mais alto nos postos de combustíveis da Alemanha, está fazendo o país buscar alternativas para ficar menos dependente da importação de óleo cru. O crescimento dos combustíveis alternativos na Alemanha está refletida no esforço de montadoras presentes no mercado alemão em produzir carros com motor bicombustível, que funcionam tanto com gasolina comum quanto com etanol.

O primeiro modelo a chegar ao mercado será uma variação do Ford Focus, a ser apresentada no Salão Internacional do Automóvel de Frankfurt, que será aberta ao público na próxima quinta-feira (15/09). Montadoras como BMW, Daimler-Chrysler e General Motors também têm planos de lançar na Alemanha veículos com motores híbridos disponíveis em outros países – como Suécia e Espanha, que têm sistemas de produção de etanol mais desenvolvidos que o alemão.

Regras ambientais

Autoshow in Peking
Ford Focus ganhará modelo movido a etanolFoto: AP

Outro fator que incentiva a corrida por alternativas ao petróleo são as regras ambientais da União Européia. Várias nações pertencentes à UE pretendem cumprir a meta de ter 5,7% da frota de veículos movidos a algum tipo de etanol até o fim de 2010. Entretanto, é consenso entre especialistas em energias alternativas que a capacidade de produção de combustíveis biológicos do continente, especialmente a preços competitivos, é reduzida.

Um dos exemplos da fragilidade européia na produção de combustíveis que exijam matéria-prima agrícola são os números da colheita da colza, vegetal usado para a produção de etanol na União Européia. Depois de colher um recorde de 15,3 milhões de toneladas do produto no ano passado, o mercado comum reduziu sua safra para 14,6 milhões de toneladas em 2005, segundo informações do boletim alemão de combustíveis Oil World.

Projeto-piloto

Na Alemanha, existe um projeto piloto de produção de etanol a partir de cereais. Com os carros híbridos chegando ao mercado e os preços do petróleo em alta, proprietários de destilarias ganharam incentivos fiscais para produzir um etanol capaz de competir em preço com a gasolina – objetivo que ainda não atingiram. A exemplo da Alemanha, países como Holanda, França, Itália e Reino Unido oferecem reduções tributárias a produtores de etanol.

Entretanto, segundo análises publicadas na imprensa alemã, as chances do produto feito na Europa ganhar mercado são reduzidas, apesar do forte incentivo oficial. "A situação é a seguinte: o etanol do Brasil é substancialmente mais barato que o que seria produzido na Alemanha. Possibilidade de competição do combustível biológico alemão somente com um programa europeu de proteção ao comércio exterior", afirma uma reportagem da rádio Deutschlandfunk.

Segundo a matéria, a UE cobra impostos de 0,19 euro para cada litro de biocombustível importado pelos países do mercado comum. O Brasil, em compensação, quer exportar para a Europa sem pagar as taxas. O consenso é de que, se o caso for parar na Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil levaria vantagem. Com isso, os produtores alemães de etanol teriam de reduzir muito suas perspectivas de ganho com o biocombustível.


Brasil na competição

Zapfsäule
Bomba de combustível: variedade de matérias-primasFoto: AP

No Brasil, o litro de álcool custa R$ 0,65 (0,22 euro). A produção alcooleira do país está ganhando mercado dentro e fora da Europa. Em 2004, as exportações brasileiras do produto cresceram 25%. O país, que atualmente produz cerca de 14,5 bilhões de litros de álcool por safra, já exporta quase 20% deste total.

Para aproveitar o mercado em expansão, o governo brasileiro tem feito propaganda do álcool combustível em vários países, como Japão, Índia e Austrália. Na Alemanha, uma grande vitrine de produtos brasileiros – com o etanol entre os principais destaques – será a Copa do Mundo de 2006. Em Dortmund, uma das cidades-sede do mundial, carros oficiais e ônibus circularão movidos a álcool brasileiro.