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Ilhas submersas no Caribe

11 de maio de 2010

Pesquisadores alemães encontraram ilhas submersas há milhões de anos no Mar do Caribe. O geólogo Martin Meschede falou com a Deutsche Welle sobre as descobertas da expedição e explicou também a causa dos terremotos.

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Cordilheira submarina descoberta na pesquisaFoto: Uni Greifswald

Investigadores das universidades de Hannover, Kiel e Greifswald viajaram em março a bordo do barco alemão de pesquisa Meteor até o Mar do Caribe para estudar o fundo do mar, sobre o qual até hoje pouco se sabe. A descoberta inesperada de corais e caracóis a uma profundidade de entre 800 e 1.000 metros os surpreendeu. Foi assim que eles perceberam que haviam encontrado ilhas submersas há 50 milhões de anos. O geólogo Martin Meschede, da Universidade de Greifswald, explicou à Deutsche Welle os resultados da expedição.

Deutsche Welle: Quanto tempo durou a expedição a bordo do barco de investigação Meteor?

Martin Meschede: Durou sete semanas, das quais seis transcorreram em alto-mar.

Qual era o objetivo?

Inicialmente, queríamos pesquisar as formações rochosas de basalto no solo marinho e no contexto da formação das placas tectônicas do Caribe. Enviamos uma cesta de metal e um robô para o fundo do mar, com eles recolhemos formações rochosas e para nossa surpresa encontramos formações que não esperávamos. Esperávamos encontrar rochas de basalto nas profundezas. Mas encontramos pedras, corais e caracóis que se formam fora da superfície marinha, por isto deduzimos que estávamos diante de ilhas que submergiram ao longo de milhões de anos.

Flash-Galerie Karibik Inseln neue Entdeckung
Uma equipe interdisciplinar conduziu a pesquisaFoto: Uni Greifswald

A que profundidade foram encontradas?

A uma profundidade de entre 800 e 1.000 metros, onde elas não poderiam ter se formado. Por isso chegamos à conclusão de que eram ilhas no passado. Recolhemos as pedras de basalto a mais de 2 mil metros de profundidade. Somente com um robô ou com um submarino é possível chegar a essa profundidade.

Qual é a importância das descobertas?

O resultado foi surpreendente porque não esperávamos, mas ainda não é possível dizer nada sobre a importância dessas descobertas porque ainda estamos pesquisando. É um processo que deverá durar meses ou anos. São análises geológicas e químicas, análises de conteúdo dos fósseis.

O que se quer constatar?

O que queremos saber é a idade do material rochoso que se encontra nas profundezas, mas sobretudo o que provocou a submersão. Nunca saberemos o número de ilhas que existiram ali, pois para tal seria preciso medir as profundidades do Caribe, o que requereria anos ou décadas.

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Uma cesta de metal recolheu as rochas no fundo do marFoto: Uni Greifswald

Como surgiu o projeto?

Trabalho desde 1996 no Caribe e nos arredores. Dirigi projetos na América Central, na Costa Rica, no México e em Cuba e já estive em diversas ilhas do Caribe. Ou seja, trabalho há muito tempo com a região. Há dois anos iniciamos esse projeto, viajando com o barco de pesquisa alemão Meteor, com o objetivo de estudar o fundo do mar do Caribe, que ainda foi pouco pesquisado.

Foi um projeto interdisciplinar?

Participaram o Prof. Hornler da Universidade de Kiel e o Dr. Backhausen, da Universiade de Hannover. Foi sim um projeto interdisciplinar, porque englobou vários campos da geologia, como a geofísica, a geoquímica. Eu venho da área da geodinâmica, e da expedição participaram sedimentólogos e paleontólogos. Também estava a bordo um colega suíço que conhecia muito bem o campo da pesquisa.

O que pode ter provocado a submersão dessas ilhas?

A causa da submersão dessas ilhas tem a ver com o complexo processo de formação das placas tectônicas e com a fricção à qual elas são submetidas. A placa do Caribe é muito pequena, sendo pressionada pelas placas norte-americana e sul-americana, que são grandes em comparação. A placa do Caribe está presa entre as duas, o que faz com que ela se fragmente. E essa fragmentação faz afundar uma parte da placa.

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Meteor, o barco de pesquisaFoto: Uni Greifswald

A região do Caribe é mais fragmentada que outras regiões?

É uma região tão vulnerável quanto qualquer outra que se encontre no meio de várias placas. Isso foi o que constatamos no começo do ano com o terremoto no Haiti. Nossa pesquisa aconteceu a uns 70 km de onde ocorreu o terremoto. Está claro por que ele foi tão devastador, pois ali é que se situa o limite entre as placas tectônicas.

Autora: Eva Usi (tm)
Revisão: Simone Lopes