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Pelo oitavo ano, Festival Paideia celebra o teatro infanto-juvenil em SP

Marco Sanchez26 de setembro de 2014

Festival proporciona ao público paulistano quatro dias de espetáculos e atividades culturais. Este ano, dificuldades financeiras e falta de apoio reduziram número de peças.

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Espetáculo "A Caixa Encantada", da Cia. Paideia de TeatroFoto: Renata Meireles, Caca Bernardes, Thiago Leite e Carlos Bevilacqua

A Paideia Associação Cultural é uma das principais companhias brasileira de teatro para jovens e crianças. Durante alguns dias do ano, ela transforma sua sede, em São Paulo, num dos mais importantes polos de discussão e exibição de espetáculos para o público infanto-juvenil do mundo, com o Festival Internacional Paideia de Teatro para Infância e Juventude.

Em sua oitava edição, o festival oferece ao público paulistano quatro dias de atividades culturais, com artistas de Alemanha, Chile, Dinamarca e Itália, além de reconhecidos grupos brasileiros.

A Cia. Paideia de Teatro foi fundada em 1997 por Amauri Falseti e Aglaia Pusch e é um importante e premiado polo de cultura infanto-juvenil em São Paulo, mantendo durante todo o ano uma diversa programação cultural, além de um centro de estudos livre.

"Nossa história começou há 25 anos, com um grupo de teatro na favela Monte Azul. Trabalhávamos com educação, saúde e cultura na comunidade. Viajamos por diversos países com esse grupo. Saímos da Monte Azul porque queríamos focar no teatro profissional e artístico e menos no trabalho social. Fundamos uma associação e queríamos misturar crianças jovens de diferentes bairros e classes sociais através do teatro", explica Pusch.

Intercâmbio cultural

A companhia começou então a se especializar no teatro infanto-juvenil, um ramo até então pouco explorado e desenvolvido no Brasil. Hoje, conta com dez profissionais que regularmente montam espetáculos. Além disso, a Paideia desenvolve um trabalho pedagógico, recebendo todos os sábado cerca de cem jovens e crianças para uma vivência teatral.

O trabalho de pesquisa também se tornou muito importante para o grupo. Isso abriu ainda mais as portas para levar os espetáculos da Paideia para festivais ao redor do mundo.

Theaterfestival für Kinder in Brasilien EINSCHRÄNKUNG
Oficinas também fazem parte do festivalFoto: Divulgação

"Buscávamos montar espetáculos com uma dramaturgia interessante, algo que faltava no Brasil. Eu fui várias vezes para a Central de Teatro Jovem de Frankfurt. Vamos frequentemente para festivais ao redor do mundo. Conhecemos textos interessantes e criamos um intercâmbio intenso com diretores, artistas, teatros e dramaturgos", diz Pusch.

O festival acabou acontecendo em decorrência desse intercâmbio. O evento anual proporciona o contato com grupo de diversos países e evidencia a importância do teatro para a infância e a juventude. Esses encontros visam encontrar novos caminhos, metas e ideias para as encenações teatrais.

"Queremos criar um momento no qual a criança possa sentar, respirar, rir, chorar, pensar e viajar numa história cheia de fantasia. Contamos histórias que as crianças querem ouvir. Para o festival, queremos trazer artistas que tem o que dizer e dar aos nossos jovens a oportunidade de aprender com profissionais de outros países", explica a curadora.

Teatro infanto-juvenil levado a sério

Segundo Pusch, o teatro para jovens e crianças é muito forte na Alemanha, e o intercâmbio tem levado a mudanças também no Brasil. "O foco no teatro infanto-juvenil mudou, principalmente em São Paulo. Ele está sendo levado mais a sério. Há mais escritores e dramaturgos querendo fazer teatro de verdade para esse público", diz.

Brasilien Film Filmszene VIII Festival Internacional Paidéia in São Paulo
"A Bicicleta Vermelha" do grupo italiano Principio Attivo, é um dos destaques internacionaisFoto: Renata Meireles, Caca Bernardes, Thiago Leite e Carlos Bevilacqua

Nesta edição do festival, três artistas alemães conduzem oficinas com jovens e crianças. A cenógrafa e figurinista Birgit Schöne apresenta uma oficina de esculturas de Tape-Art, um movimento de arte de rua e intervenção em espaços públicos. Uma técnica que também pode ser aplicada a figurinos e cenários.

"A Birgit já veio duas vezes ao Paideia, fazendo cenário e figurino para espetáculos. Desta vez a participação dela será numa oficina, onde os participantes vão criar diferentes bonecos. Ela tem muito a oferecer aos jovens. Estamos muito felizes com sua participação", afirma a curadora.

O dramaturgo Dirk Laucke fará o workshop Do relato individual à história, sobre seu trabalho em teatro documental com pessoas que não são atores. "O Dirk escreve para jovens numa linguagem muito interessante. Achamos importante oficinas de dramaturgia", diz Pusch.

Já a dançarina, coreógrafa e pedagoga Lara Kugelmann apresenta a oficina de dança QUERIDO TIGRE, o que eu ainda queria te dizer…, além de participar de outro projeto com a Cia. Paideia de Teatro. "Nunca trabalhamos diretamente com ela, mas ela será responsável pela coreografia de um novo espetáculo que estamos montando e que deve estrear no começo do ano que vem", revela Pusch.

Janela para a Utopia

O tema da atual edição do Paideia é Janela para Utopia, uma escolha apropriada para um ano onde o festival quase não aconteceu.

"Estamos trazendo apenas um espetáculo de fora: A Bicicleta Vermelha, do grupo italiano Principio Attivo. Infelizmente não tivemos apoio suficiente. Neste ano, tivemos que fazer um pouco diferente, uma versão menor do festival. Os chilenos do La Re-sentida vem também sem espetáculo, só com uma oficina", lamenta Pusch.

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Dramaturgo alemão Dirk Laucke ministra oficina "Do relato individual à história"Foto: Thorsten Wulff

O programa conta com diversos espetáculos brasileiros. Bruxas da Escócia é uma adaptação de Macbeth da Cia. Vagalum Tum Tum, especializada em recriar Shakespeare para crianças. A Cia. Circo de Bonecos participa com dois espetáculos: Circo das coisas e Circus: A Nova Turnée.

"Muitos dos espetáculos brasileiros estão no festival através de trocas, permutas e parcerias. A Cia. Circo de Bonecos veio de graça, com seus dois espetáculos, porque eles não querem que o festival morra. Assim como a Cia São Jorge de Variedades, com o espetáculo São Jorge Menino", afirma Pusch.

Além dos espetáculos, discussões e oficinas, a curadora também destaca o ciclo de filmes Território do Brincar. "É uma viagem pelo Brasil com foco na criança e no ato de brincar. Estou muito orgulhosa desses filmes fazerem parte do festival. É uma das coisas mais lindas que eu vi em muito tempo", assegura.

O 8º Festival Internacional Paideia de Teatro para Infância e Juventude: Uma Janela para a Utopia acontece entre 26 e 29 de setembro no Centro Cultural Paideia em São Paulo.