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Paulo Coelho e Peter Ustinov recebem prêmio em Frankfurt

(ns)6 de outubro de 2002

Ao receberem o prêmio "consciência global", outorgado pelo Club of Budapest, em Frankuft, Paulo Coelho e P. Ustinov não pouparam críticas a uma eventual guerra contra o Iraque.

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Paulo Coelho elogiou rejeição alemã à guerra contra o IraqueFoto: AP

O escritor brasileiro Paulo Coelho e o ator britânico Peter Ustinov receberam neste domingo (06), em Frankfurt, o prêmio Planetary Consciousness Award, que o Clube de Budapeste concede, desde 1996, a pessoas que se destacaram em prol de uma consciência global e sua aplicação prática.

Em seu discurso, o presidente do clube, Ervin Laszlo, louvou Paulo Coelho, a quem chamou de "benfeitor da humanidade". A alegria presente em seus livros une os povos, segundo ele, lembrando também que o escritor destina parte dos direitos autorais a uma fundação que cuida de crianças e anciãos carentes no Rio de Janeiro. Muitas vezes não são as obras literárias que mudam o mundo, mas sim as "publicações invisíveis dos nossos sonhos", respondeu o brasileiro, que tem livros traduzidos em 55 idiomas.

Uma cátedra contra o preconceito

- Peter Ustinov, que tem o título de "sir" e é figura sempre presente na televisão alemã, por falar bem o alemão, entre outras tantas línguas, recebeu o mesmo prêmio por sua vida e pelo conjunto de sua obra. Além de seus méritos como ator, diretor e comediante, o crítico literário alemão Marcel Reich-Ranicki destacou o grande engajamento social de Ustinov. Entre outras atividades, ele instituiu e financiou uma cátedra para a pesquisa de preconceitos. Isso não deve ser menosprezado como coisa banal, segundo Reich Ranicki. "Foram preconceitos que tornaram possível o terceiro Reich", disse o grande astro da crítica na Alemanha, ele próprio de origem judia e tendo escapado da perseguição na Polônia.

Paulo Coelho elogia repúdio alemão à guerra

Tanto Coelho como Ustinov aproveitaram a ocasião para manifestar seu repúdio a uma eventual guerra contra o Iraque. O brasileiro considerou-se orgulhoso em receber um prêmio por sua responsabilidade e consciência justamente na Alemanha, país que ousou "dizer não nestes tempos tempestuosos" - uma clara alusão à posição do chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, de não participar de uma intervenção militar no Iraque.

Peter Ustinov, por sua vez, mostrou-se "profundamente decepcionado" com a atitude dos políticos de seu país. "Não se pode travar uma guerra contra terroristas, sem se tornar também terrorista", disse ao receber o prêmio na solene Igreja de São Paulo, em Frankfurt. A guerra, nas suas palavras, é o terrorismo dos ricos. "Se os Estados Unidos fossem um indivíduo e não um grande país, já estariam há muito tempo na prisão", acrescentou.

Brasileira ganha "prêmio por mudar o mundo"

Surgido do Clube de Roma em 1993, o Club of Budapest concedeu também, pela primeira vez, o prêmio Change de World. Ele coube a quatro iniciativas, entre as quais o "Instituto Reciclar", no qual a designer brasileira Aguida Zonol ensina pessoas que recolhem lixo e vivem disso a fazerem objetos úteis e até móveis e arte com o que coletam. Aguida pretende abrir uma escola de design que trabalhe com lixo como material.

Também foram agraciados um projeto de qualificação profissional de mulheres no Nepal e um programa para formação de professores nas zonas rurais da Colômbia, que têm em comum o fato de trabalharam com um sistema de corrente, que garante a multiplicação do benefício recebido. Foi premiada ainda uma iniciativa para a adoção de crianças órfãs da Rússia, Ucrânia e Geórgia, em que os pais se comprometem a aprender a língua do país de seu filho adotivo e manter contato com sua cultura, visitando-o regularmente.