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Assessor do ministro

3 de dezembro de 2010

Chefe de gabinete do ministro alemão do Exterior confessou que havia repassado detalhes das negociações da coalizão de governo à embaixada norte-americana. Partido tenta amenizar escândalo desencadeado pelo WikiLeaks.

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Informante era o chefe de gabinete de WesterwelleFoto: dapd

Logo após as revelações feitas pela plataforma WikiLeaks, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, insistia em negar que alguém próximo a ele tivesse repassado informações confidenciais aos Estados Unidos. Isso até vir à tona que o informante mencionado pelos documentos era Helmut Metzner, chefe de gabinete do ministro e responsável por contatos internacionais na central do Partido Liberal Democrático (FDP).

De acordo com os documentos liberados pelo WikiLeaks, o embaixador dos Estados Unidos na Alemanha, Philip Murphy, recebeu no segundo semestre de 2009 informações confidenciais oriundas de um membro do FDP.

Metzner havia sido o encarregado de protocolar para seu partido as negociações para a coalizão de governo. As inconfidências dele fazem parte do pacote de aproximadamente 250 mil documentos confidenciais de embaixadas e consulados dos EUA em todo o mundo, divulgados pelo Wikileaks no final de semana passado.

Comportamento "não criticável"

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Mídia alemã comenta escândalo WikiLeaksFoto: picture-alliance/dpa

O ministro Westerwelle não se pronunciou, a princípio, sobre o caso. O porta-voz do partido, Wulf Oehme, afirmou que não foram repassados "documentos confidenciais", acrescentando que não há indícios de um comportamento passível de críticas do ponto de vista jurídico.

Na tentativa de minimizar o escândalo em torno de Metzner, afastado do cargo nesta quinta-feira (2/12), o FDP faz questão de salientar que diversos funcionários de outros partidos também mantiveram conversas com a embaixada norte-americana.

Murphy, segundo os documentos liberados pelo WikiLeaks, recebeu, em outubro de 2009, informações de que os partidos da coalizão de governo (CDU e FDP) teriam apresentado divergências quanto ao futuro das armas nucleares norte-americanas em solo alemão.

Políticos ligados ao ministro Westerwelle afirmam que tal afirmação e outras similares já eram de conhecimento da opinião pública, tendo sido até mesmo tratadas pelos jornais do país naquele momento.

"Trabalho cumprido"

FDP-Maulwurf Helmut Metzner
Helmut Metzner: repasse de informações confidenciaisFoto: picture-alliance/dpa

Nesta sexta-feira, Dieter Niebel, ministro da Ajuda ao Desenvolvimento, também do Partido Liberal, defendeu os atos de Metzner. Em entrevista à emissora de televisão ZDF, ele afirmou que o assessor ministerial revelou, por exemplo, "que defendemos a retirada das últimas armas nucleares norte-americanas do país. É verdade, defendemos mesmo. Isso aliás consta da plataforma política do partido", diz o ministro.

Segundo Niebel, Metzner apenas cumpriu seu trabalho. "Quando se pensa em quantas pessoas envolvidas nas negociações de uma coalizão vivem telefonando de seus celulares para jornalistas, aquele que executa com exatidão as tarefas previstas por seu cargo acaba sendo talvez o que menos revela informações". Niebel destacou ainda que todos os partidos possuem esse tipo de funcionário, que mantém contatos com embaixadas.

Hans-Michael Goldmann, deputado da bancada liberal no Parlamento alemão, conclamou o governo norte-americano a retirar Murphy de seu posto em Berlim.

"Um embaixador como esse tem que ser levado de volta para casa", disse Goldmann ao jornal popular Bild. O parlamentar critica sobretudo que, ao contrário da secretária de Estado Hillary Clinton, Murphy não tenha ainda se desculpado oficialmente perante o governo alemão.

SV/dpa/dapd

Revisão: Alexandre Schossler