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Partido dos Aposentados empenha-se por mudanças na previdência

Arnd Riekmann (sv)13 de setembro de 2013

Partido defende contribuição compulsória à previdência para todos, inclusive para funcionários públicos, e aposentadoria mínima de 1200 euros, mesmo para quem nunca tenha contribuído para a previdência.

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Foto: picture-alliance/Tobias Hase

"Combate à pobreza" e "reformas" – essas são as palavras de ordem do Partido dos Aposentados na campanha eleitoral alemã. A meta é clara: chegar ao Bundestag. Algo que, do ponto de vista da contagem de votos, não seria problemático, afinal, vivem hoje na Alemanha mais de 20 milhões de aposentados – um número com tendência crescente.

Da cédula eleitoral constará o nome do partido em letras maiúsculas, numa visibilidade impossível de ser ignorada: "APOSENTADOS". No entanto, não se sabe se muita gente irá marcar ali seu "x" na hora do voto. Pois, até agora, em seus 11 anos de existência, o partido nunca conseguiu mandato no Parlamento.

E para dialogar com o maior número possível de segmentos de eleitores, o partido tenta evitar a impressão de que se volta apenas para os mais velhos, tendo criado um novo lema, destinado a todas as faixas etárias: "Partido dos Aposentados para jovens e idosos".

Em sua principal plataforma política, o partido sugere um pagamento anual de 150 euros para os aposentados, a fim de compensar as perdas com a inflação. O partido divulga que vê seu papel como força motriz de toda a sociedade, na tentativa de preservar os cidadãos do país da pobreza que os ameaça.

"Partido para todos"

Dieter Balck é um homem eloquente. Ex-presidente nacional do Partido dos Aposentados, ele é agora seu presidente honorário. Na condição de partido menor, com apenas algumas centenas de filiados e poucos recursos financeiros, o Partido dos Aposentados depende do engajamento voluntário de seus membros.

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Aposentado na urna: contingente enorme de eleitoresFoto: picture-alliance/dpa

A facção não tem, por exemplo, sede administrativa comparável às dos outros grandes partidos. A entrevista à DW foi concedida numa residência de Hamburgo, onde um membro do partido disponibiliza uma sala para reuniões. "Há no país 20 milhões de aposentados e 37 milhões de futuros aposentados. E eles não têm lobby", justifica o presidente honorário. "Eles precisam de um lobby e é para isso que estamos aí", completa Balck.

Quando o partido fala em "futuros aposentados", a referência são as crianças, jovens e pessoas que hoje ainda estão no mercado de trabalho. Em algumas décadas, elas próprias estarão recebendo aposentadorias e precisam, antes disso, ter contribuído para o sistema de solidariedade e seguros de previdência.

O partido de Balck aposta num sistema de "três bases": a primeira delas, calcada numa política social e previdenciária. A segunda, numa política de saúde. E a terceira, de educação. Tudo girando em torno de uma política econômica e de trabalho. Mas, por fim, todas as reflexões do partido giram em torno da segurança dos aposentados.

Os trabalhadores que recebem salários baixos não podem contribuir muito para o seguro de previdência, diz Balck. Ou seja, é por isso que a meta do partido é, segundo seu presidente honorário, estabelecer uma justiça entre as gerações, com trabalhadores recebendo melhores salários, para que possam contribuir melhor para suas previdências e assegurar as aposentadoria dos que já não estão mais trabalhando nos dias de hoje. Ou seja, uma prática de lucro de todos os lados.

Concretamente, o Partido dos Aposentados defende a introdução de uma contribuição compulsória à previdência para todos, inclusive para os funcionários públicos, que recebem uma aposentadoria diretamente do Estado. Além disso, o partido defende outro ponto: uma aposentadoria mínima de 1200 euros para todos, independentemente do que cada um tenha contribuído anteriormente para a previdência.

Indisposição com os partidos tradicionais

Além de suas competências no tema "aposentadoria", o partido, fundado em 2002, tenta contar pontos junto aos eleitores de outras formas, apelando inclusive para a idade avançada de seus filiados. "Se você observa os outros partidos estabelecidos, o que você vê?", pergunta Balck, para em seguida dar ele próprio a resposta: "Das fraldas ao Parlamento, sem qualquer experiência".

O Partido dos Aposentados quer mudar isso ao ocupar cadeiras no Bundestag depois das eleições de setembro próximo. Seus líderes pretendem contribuir com a política com suas experiências profissional e de vida. Nota-se, contudo, que o partido congrega também membros mais jovens, em idade ativa, que, na definição de Balck, "mal deixaram as fraldas": o presidente do Partido dos Aposentados no estado de Hessen, por exemplo, tem apenas 28 anos.

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Idosos em visita ao ParlamentoFoto: picture-alliance/dpa

A convicção de que algo não está bem com a política alemã é o que une os afiliados. Segundo uma publicação do partido, 60 milhões de alemães são "vítimas de uma política de clientelismo dos partidos tradicionais, que só contribuem ao bem-estar dos ricos e abastados".

Günter Pfeifer, correligionário de Balck em Hamburgo, diz que seu engajamento é voltado ao futuro dos filhos e netos. "Quero que tenham uma vida melhor", resume.

A barreira dos 5%

A primeira vitória nas urnas do Partido dos Aposentados se deu em 2009, com quase 1% dos votos nas eleições europeias, mas a barreira dos 5% impediu que o partido chegasse ao Parlamento Europeu. Esta cláusula na legislação eleitoral exige que o partido obtenha ao menos 5% dos votos para ganhar mandatos no Parlamento.