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Partido de Merkel adota orientação mais conservadora

7 de dezembro de 2016

Durante congresso, membros da CDU dão recado à chanceler federal: querem posição mais dura em relação à imigração e fim da dupla cidadania para filhos de imigrantes.

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Essen CDU Bundesparteitag Abstimmung Tauber Merkel Kauder
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

A União Democrata Cristã (CDU), partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel, encerrou nesta quarta-feira (07/12) seu congresso anual em Essen dando um passo à direita, com novas propostas sobre migrantes na Alemanha, enquanto a legenda se prepara para uma campanha eleitoral dura em 2017. "Orientação em tempos difíceis", diz o título da moção aprovada por unanimidade.

Leia também: CDU de Merkel parte "de volta para o futuro"

Durante o congresso, Merkel foi reeleita presidente do partido com 89,5% dos votos válidos. Apesar da vitória por ampla maioria, o resultado é inferior aos 96,7% alcançados dois anos atrás e o mais baixo desde que ela se tornou chanceler, em 2005. A chefe de governo deve enfrentar agora sua mais difícil campanha eleitoral, enfraquecida por uma política migratória que polarizou a opinião pública.

Indo de encontro a essa política, a base da CDU manifestou-se a favor de revogar, nesta quarta-feira, a regra que permite a dupla cidadania a filhos de pais imigrantes nascidos na Alemanha. A medida, acertada com o parceiro de coalizão Partido Social-Democrata (SPD), foi implementada em 2014.

Merkel não demorou para expressar sua oposição à proposta, afirmando, ao final do congresso, que "não haverá mudanças nessa legislação". A regra em questão vale apenas para jovens nascidos na Alemanha de pai e mãe estrangeiros e afeta principalmente turcos. Até 2014, eles eram obrigados a escolher, entre os 18 e 23 anos de idade, pela cidadania dos pais ou a alemã. Hoje podem manter as duas nacionalidades.

A chanceler, no entanto, foi aplaudida por mais de dez minutos pelos colegas de partido quando, em discurso no dia anterior, manifestou-se a favor da proibição do uso de véus muçulmanos que cobrem totalmente o rosto de mulheres, como a burca e o niqab, em lugares públicos da Alemanha.

"O véu integral não é apropriado e deve ser proibido sempre que isso for legalmente possível", disse Merkel, afirmando que, no país, as pessoas devem "tomar atitude e se mostrar". Segundo a líder, em prol da integração de refugiados e migrantes e contra a existência de sociedades paralelas na Alemanha, a lei e a Justiça sempre estarão acima de regras religiosas.

A declaração pode ser vista como uma estratégia eleitoral de Merkel, que desagradou muitos eleitores conservadores ao facilitar a entrada de milhares de refugiados na Alemanha, a maioria vindo de países de tradição muçulmana, como Síria e Afeganistão. Essa política migratória também fez crescer o apoio a partidos de extrema direita, como a anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD).

No discurso de terça-feira, Merkel garantiu que a situação vivida em 2015, quando o país recebeu 890 mil migrantes, não vai se repetir. "Essa será a nossa e a minha meta política", afirmou a chanceler, acrescentando que, na Alemanha, os refugiados encontraram abrigo contra guerras, perseguições e falta de perspectiva em sua terra natal, mas que "nem todo migrante pode ficar".

Além da regra sobre dupla cidadania, os membros da CDU concordaram com propostas que endurecem as leis de imigração na Alemanha, incluindo novas regras para facilitar a deportação de migrantes, e também com o banimento de casamentos envolvendo menores de 18 anos, sejam estrangeiros ou não. O partido também se manifestou contra aumentos de impostos.

No encerramento do congresso, Merkel destacou que ainda há "muito trabalho" pela frente e que, a partir de janeiro, será desenvolvido um programa eleitoral conjunto com a União Social Cristã (CSU). O objetivo é negociar o programa e finalizá-lo em meados do ano que vem, antes das eleições gerais no final de setembro.

EK/afp/dpa/rtr/lusa/efe/dw