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Parlamento alemão renova sua cara

(sv)22 de agosto de 2002

As próximas eleições dão sinais de uma verdadeira troca de geração no Bundestag. Velhas "raposas" - como o ex-chanceler federal Helmut Kohl e o neocomunista Gregor Gysi - despedem-se da vida pública do país.

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Ex-chanceler Helmut KohlFoto: AP

O próximo 22 de setembro, data das eleições parlamentares, deverá marcar o início de uma nova era na política alemã. Das 660 cadeiras do Bundestag (câmara baixa), apenas 598 serão ocupadas. Além da redução do número de deputados, a casa deverá passar por um processo de rejuvenescimento. O ano de 2002 marca a despedida de 160 "velhas caras", que anunciaram o abandono definitivo da política.

Kohl -

Da longa lista dos que dão adeus a Berlim, a figura mais conhecida é o ex-chanceler federal Helmut Kohl, ainda nos últimos quatro anos um dos políticos mais fotografados pela imprensa do país. Kohl retira-se oficialmente da política, encerrando uma carreira de 44 anos, dos quais 25 na presidência da União Democrata Cristã (CDU) e 16 na posição de chanceler federal.

Com sua presença marcante, Kohl deixa o Bundestag após os escândalos envolvendo doações ilegais de mais de um milhão de euros a seu partido. Perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigou o caso, o ex-chefe de governo admitiu ter recebido o dinheiro, mas continuou mantendo o nome dos doadores no anonimato.

Corrupção -

O relatório da CPI concluiu que o "governo Kohl era corrupto", embora isso não tenha tido até hoje conseqüências jurídicas para os envolvidos. A imagem do ex-chanceler federal perante a opinião pública, no entanto, sofreu fortes abalos com os escândalos. Quando anunciou sua despedida da vida pública em fevereiro último, durante uma convenção da CDU, Kohl não tocou no assunto das propinas, tendo apenas agradecido a "confiança" dos correligionários.

Negócios obscuros -

Outros negócios dos tempos em que Helmut Kohl governava o país mantêm-se ainda hoje inexplicados, entre eles a privatização da refinaria Leuna, localizada na ex-Alemanha Oriental, que foi vendida ao grupo francês Elf Aquitaine. Durante as transações, fluíram boas somas aos cofres da CDU. A origem dos 10 milhões de euros depositados na conta do partido continua sem esclarecimento. Não se exclui a possibilidade de que decisões políticas tenham sido tomadas em função da existência de tal "caixa dois" do partido.

Também permanece obscura uma doação de mais de dois milhões de euros à CDU, em setembro de 1998, pelo casal de empresários Ehlerding. Além disso, o partido do ex-chefe de governo recebeu 50 mil euros para fomentar a construção de uma fábrica de tanques no Canadá. O dinheiro foi entregue ao então líder da CDU no Parlamento, Wolfgang Schäuble, pelo lobista da indústria de armas Karlheiz Schreiber.

Helmut Kohl, que se vê, apesar de tudo, na posição de "vítima de uma campanha" destinada a prejudicar sua imagem de "chanceler da união" alemã, anunciou que pretende fazer um balanço de sua vida política, escrevendo nos próximos tempos sua autobiografia. Acredita-se que o suicídio de sua mulher, Hannelore, a 5 de julho de 2001, foi provavelmente um dos fatores que levaram Kohl à decisão de retirar-se da vida pública.

Demissão verde -

Também o Partido Verde deverá passar por uma reciclagem entre seus representantes no Parlamento. A ex-ministra da Saúde e da Família Andrea Fischer, por exemplo, deverá se tranformar no futuro em apresentadora de um programa de entrevistas para a TV. Fischer foi rebaixada nas listas de candidatos de seu partido, tendo com isso praticamente perdido sua cadeira no Parlamento.

Neocomunistas -

Gregor Gysi, o "vermelho charmoso que reabilitou os ex-comunistas", nas palavras do diário holandês De Volksrant, é outro nome que deixa a política alemã após as próximas eleições. Considerado a alma do Partido do Socialismo Democrático (PDS), Gysi deixou o cargo de secretário da Economia de Berlim, após seu envolvimento no "escândalo das milhagens", que povoou as páginas dos jornais alemães em meses de campanha eleitoral.

Aproveitando a oportunidade para anunciar que deixaria a vida pública, o advogado de 53 anos encerra dentro do PDS o que se pode chamar de "era Gysi" - os anos pós-queda do Muro de Berlim, em que os neocomunistas procuraram dar um novo rosto à facção, sucessora do partido único da ex-Alemanha Oriental (SED).

Entre outros políticos alemães que se despedem do Bundestag, está ainda o ex-ministro do Exterior Klaus Kinkel. Após receber de seu Partido Liberal o "conselho" para abandonar a vida pública, Kinkel anunciou que pretende se dedicar a seus hobbys, entre eles a leitura e o jogo de tênis.