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Seqüestro de crianças

27 de dezembro de 2007

Colaboradores da ONG Arca de Zoé condenados no Chade por seqüestro de crianças têm chance de ser repatriados para cumprir pena na França.

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Colaboradores da Arca de Zoé ao serem detidos em outubroFoto: AP

Os seis franceses condenados no Chade a oito anos de trabalhos forçados por seqüestro de crianças serão provavelmente repatriados nos próximos dias. O Ministério francês das Relações Exteriores anunciou na quarta-feira (26/12) que entrará com um pedido de extradição, sem mencionar uma data concreta. Segundo a revista Nouvel Observateur, os colaboradores da ONG Arca de Zoé podem embarcar de volta à França já no próximo domingo.

Uma convenção de 1976 permite que franceses condenados no Chade cumpram suas penas na França. Como não há trabalho forçado na França, prevê-se que a punição seja convertida em penas de prisão. O ministro chadiano da Justiça, Albert Pahimi Padacké, acentuou, no entanto, que a conversão da pena depende da anuência das autoridades do Chade.

A sentença foi criticada na França por simpatizantes da Arca de Zoé, que consideram a punição exagerada. Um dos advogados dos condenados falou mesmo em "escândalo da Justiça". Já no país africano, o veredicto do tribunal é visto como uma "vitória do povo chadiano".

Doces como iscas para as crianças?

Os colaboradores da ONG Arca de Zoé tinham sido detidos em outubro, no leste do Chade, pouco antes de embarcarem com 103 crianças em direção à Europa. Alegavam ter informado tanto as autoridades francesas como as chadianas de seu intento de encaminhar os menores, que seriam órfãos provenientes da região sudanesa de Darfur, a famílias adotivas na França e na Bélgica.

Muitas das crianças, no entanto, afirmaram que seus pais ainda estão vivos e que elas teriam sido atraídas a deixar seus povoados, a maioria no Chade, na região fronteiriça com o Sudão, por meio de doces e biscoitos.

O caso despertou grande comoção no Chade, que é antiga colônia francesa, e chegou a gerar tensões nas relações bilaterais, porque Paris insistiu na extradição dos acusados antes mesmo que o julgamento fosse aberto. Em novembro, o presidente Nicolas Sarkozy conseguiu a libertação de sete europeus também envolvidos na acusação.

Além da pena de oito anos de trabalhos forçados, o Tribunal Criminal de Ndjamena impôs aos seis réus – quatro homens e duas mulheres – multas de mais de 6 milhões de euros pelo trauma sofrido pelas crianças e por suas famílias. (lk)