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Palocci é preso em nova fase da Lava Jato

26 de setembro de 2016

Polícia Federal deflagra 35ª etapa da operação, que investiga suspeita de relação criminosa entre o ex-ministro petista e a construtora Odebrecht. Ao todo, 45 mandados judiciais são expedidos em sete estados.

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Antonio Palocci
Foto: Diógenis Santos/Câmara dos Deputados

A Polícia Federal (PF) prendeu temporariamente nesta segunda-feira (26/09), em São Paulo, o ex-ministro Antônio Palocci, ao deflagrar a 35ª fase da Operação Lava Jato. A nova etapa, chamada Omertà, investiga indícios de uma relação criminosa entre o político e a empreiteira Odebrecht.

"Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos", afirmou a PF, em nota. 

As suspeitas sobre Palocci – que foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e ministro da Fazenda durante o governo Lula – surgiram no depoimento de outro acusado na Operação Lava Jato, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Em delação premiada, Costa afirmou que, em 2010, o doleiro Alberto Youssef teria lhe pedido 2 milhões de reais da cota de propinas do Partido Progressista (PP) para a campanha presidencial de Dilma. O pedido, segundo o delator, foi feito por encomenda de Palocci.

Entre as negociações envolvendo Palocci sob investigação da PF estão a tentativa de aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009, que resultaria em benefícios fiscais à Odebrecht; o aumento da linha de crédito do BNDES para um país africano com o qual a empreiteira tinha relações comerciais; além de interferência no procedimento licitatório da Petrobras para aquisição de 21 navios-sonda para exploração da camada pré sal.

Operação Omertà

Ao todo, foram expedidos nesta segunda-feira 45 ordens judiciais, sendo 27 mandados de busca e apreensão, três de prisão temporária e 15 de condução coercitiva em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, também são alvos de mandados de prisão Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci na Casa Civil, e Juscelino Dourado, seu ex-chefe de gabinete na Fazenda.

A PF explicou que o nome dado à nova fase da operação é uma referência à origem italiana do codinome que a Odebrecht usava para se referir a Palocci ("italiano"). Omertà é um termo usado pela máfia italiana para definir o código de honra entre as organizações criminosas diante das autoridades.

"[O nome também refere-se] ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht que, ao ser quebrado, permitiu o aprofundamento das investigações. Além disso, remete à postura atual do comando da empresa que se mostra relutante em assumir e descrever os crimes praticados", afirmou a PF.

EK/abr/efe/lusa/ots