Paisagens alemãs que inspiraram quadros

Já no século 18 os pintores descobriram as pitorescas formações rochosas do Parque Nacional da Suíça Saxônica, perto de Dresden. Eles imortalizaram em suas obras as formas bizarras das pedras e as gargantas profundas. A eles se seguiram outros artistas europeus, que consagraram o local como fonte de inspiração.

Em 1786, o suíço Adrian Zingg, um dos precursores do Romantismo de Dresden, perpetuou nesta pintura um rochedo dos Picos de Arenito do Elba em forma de portal. Este local faz parte da Rota dos Pintores, uma trilha turística que atrai milhares de visitantes à região.

Caspar David Friedrich, um dos mais importantes pintores do Romantismo alemão, cresceu na costa do Mar Báltico. Desde jovem, era fascinado pela paisagem de sua terra natal. Com frequência, ele pintava em Rügen, a maior ilha alemã, cujos penhascos brancos foram tombados pela Unesco como patrimônio da humanidade.

As falésias inspiraram Caspar David Friedrich em 1818 para esta pintura, considerada hoje uma das obras mais importantes do romantismo alemão. Da mesma forma como muitos de seus contemporâneos, ele encontrou na natureza um lugar para se retrair e idealizava isso nas pinturas. Ainda hoje tenta-se descobrir o local exato onde o quadro foi pintado, pois a erosão muda constantemente a paisagem.

Worpswede está localizado numa região pantanosa chamada Teufelsmoor ("charco do diabo"), perto de Bremen. O local ficou conhecido por causa de uma colônia de artistas fundada aqui em 1889. Representantes do Art Nouveau, do impressionismo e do expressionismo foram atraídos pelas paisagens rurais e pela vida simples dos camponeses.

Uma amostra das mais belas obras dos pintores de Worpswede é mostrada no museu Barkenhoff. Antigamente, o local era ponto de encontro da comunidade artística, que ousou experimentar não só na arte, mas também testou estilos de vida alternativos. Entre os artistas estavam Paula Modersohn-Becker, Fritz Overbeck e Carl Vinnen.

Montanhas, pântanos e lagos dominam a região em torno de Murnau, também chamada de "terra azul". Em 1908, Wassily Kandinsky e sua companheira, Gabriele Münter, descobriram esta paisagem idílica. Aqui Kandinsky fundou o grupo de artistas "Der Blaue Reiter" ("O Cavaleiro Azul").

Usando cores vibrantes, como nesta pintura de 1909, Kandinsky instituiu um monumento ao interior da Baviera. Em Murnau, que ele chamou de "retiro feliz", ele definiu sua pintura expressionista e começou a seguir o caminho da abstração.

Em sua casa de verão às margens do lago Wannsee em Berlim, o pintor Max Liebermann conseguia fugir do estresse urbano. Seu local preferido era o jardim, que ele mesmo havia projetado. O ateliê de Liebermann ficava no primeiro andar da casa. Tanto o jardim quando a casa aparecem em várias das obras impressionistas do pintor.

Liebermann foi um dos principais representantes do impressionismo alemão. Ele pintou mais de 200 quadros em sua casa junto ao lago Wannsee. Cerca de 40 delas estão expostas hoje na casa, que virou museu em 2006.

Na pequena localidade de Seebüll, quase na fronteira com a Dinamarca, Emil Nolde e a esposa criaram um refúgio, com uma casa, um ateliê e um grande jardim. Ele serviu de inspiração para muitas aquarelas, onde o pintor explorava as cores intensas. Emil Nolde foi um dos principais pintores do expressionismo.

Os jardins das casas de campo, com seus canteiros de flores exuberantes, fascinavam Nolde, assim como os efeitos de iluminação nos pântanos do norte da Alemanha. Em suas aquarelas, ele consegue fazer as paisagens brilhar. Ao se ver os quadros, tem-se a impressão de estar em algum lugar do Hemisfério Sul, e não no Norte, de céu consideravelmente cinzento.