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Oval apresenta as diferentes nuances de sua música no Brasil

20 de setembro de 2012

Depois de passar por Salvador, Markus Popp e seu projeto Oval chegam a São Paulo. Além de apresentar a sua música, ele compartilha técnicas e o software interativo que desenvolveu.

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Foto: Georg Roske

Redefinir a música diariamente em uma era na qual, por um lado, tudo é musicalmente possível e, pelo outro, não. Essa é a maneira como o alemão Markus Popp, a cabeça por trás do projeto Oval, define seu trabalho, que ele traz pela primeira vez ao Brasil.

A música deste grande adepto dos experimentos é quase impossível de ser categorizada. Cada vez mais o artista encara a música como algo que faz parte de um processo constante de flexibilidade e mutação. "Tanto no palco como no estúdio, produzo música que está em constante evolução", disse o músico em entrevista à DW Brasil.

Para o artista, a música vai muito além de sons e ruídos. Ele considera as questões visual e técnica de seu trabalho tão importantes quando as faixas que compõe desde o início da década de 1990. "Música aconteceu por acaso na minha vida. Jogos de videogame são minha grande paixão", revelou.

Som do CD riscado

Oval é uma banda que é mais conhecida pela maneira como faz música do que pela música em si. Nos anos 1990, eles começaram como um trio, trazendo elementos da vanguarda para suas técnicas de design de som, criando assim sua eletrônica experimental. Além de Popp, a banda tinha Sebastian Oschatz e Frank Metzger, que continuou colaborando com a parte visual do projeto.

A banda foi uma das pioneiras do glitch, gênero da música eletrônica que incorporava elementos de CDs danificados manualmente. Tocados e sampleados, estes resultavam em caóticos padrões sonoros e rítmicos. Junto aos sons quase esquizofrênicos, a banda adicionava camadas e melodias de eletrônica, criando um estilo estranho e fascinante. "Estava procurando uma maneira de criar novos sons. Não foi acidental, queria desafiar, derivar e ao mesmo tempo ser moderado", disse o artista, que não trabalha mais com a técnica.

Fãs famosos

Como um trio, eles lançaram seus primeiros disco. Após a saída de Oschatz e Metzger em meados da década de 1990, Popp continuou com o projeto. Apesar de nunca ter alcançado sucesso comercial, o disco 94 Diskont, de 1995, é considerado um dos melhores discos da década pelo site Pitchfork.

Assim, o Oval caiu no gosto de artistas como Tortoise, Jim O'Rourke, Squarepusher, Mouse on Mars e Ryuichi Sakamoto, com a qual colaborou nas últimas décadas. Em 2001, a islandesa Björk sampleou a faixa Aero Deck em seu disco Vespertine.

"Trabalho com a música de outros artistas da mesma maneira que trabalho com a minha. Quero sempre produzir algo cujo resultado seja relevante. Tento não me perder nas possibilidades técnicas da mudança, mas sempre trabalhei com fragmentos de música de outros artistas, rearranjando e reordenando", explicou Popp.

Markus Popp Oval
Próximo disco do artista alemão terá participação de músicos sul-americanosFoto: Nana Asase

Ovalprocess

Ele continuou lançando discos como Oval até 2001. Depois de uma longa pausa, voltou com álbum Oh em 2010. Apesar do hiato de quase dez anos sem lançar um disco oficialmente, o artista diz que nunca parou ou abandonou o projeto. “Precisei de anos de tentativas, prática e erros para encontrar meu novo estilo”, disse.

Seu último disco OvalDNA foi lançado no ano passado. O álbum é acompanhado de um DVD com mais de dois mil arquivos sonoros, para serem usados e manipulados livremente, já que o artista abriu mão dos direitos autorais. "Vejo essa iniciativa como uma forma moderna de comunicação com meu público, que está há mais de dez anos envolvido com o software Ovalprocess", explicou.

O programa de computador desenvolvido pelo artista é parte do processo de composição e de identificação visual do projeto Oval. "Queria mostrar que a música traz muito mais possibilidades do que as pessoas pensam. Ela pode ser criativa, jogar e expandir com as fronteiras do som", disse o artista, que apresenta o software para o público em São Paulo.

Parceria sul-americana

Essa é a primeira visita do músico à América do Sul. Além de Salvador e São Paulo, ele passou pela Colômbia, Venezuela, Argentina e Uruguai. "Acabei de gravar uma sessão em Salvador com sete músicos e cantores sul-americanos, que reconstruíram algumas das minhas músicas. Nunca tive, em tão curto período de tempo, tantas melodias diferentes em minha cabeça", disse o músico, empolgado.

Esse material vai virar um disco, que ele deve produzir nos próximos meses. Além do disco, ele também vai desenvolver um projeto de dança com a coreógrafa Antje Velsinger. "Mantenho meu foco claro: não posso perder de vista a presença estética e as possibilidades técnicas que existem hoje e assim produzir de maneira grandiosa a música mais atemporal possível. Uma música sobre a qual você não precisa saber nada. Você só precisa escutá-la", conclui Popp.

A aula performance Oval-O-Full Circle acontece nesta quinta-feira (20/09) no Museu da Imagem e do Som. Na sexta-feira (21/09), Oval é atração do Mês da Cultura Independente, com uma apresentação gratuita na Trackers. Ambos os eventos acontecem em São Paulo.

Autor: Marco Sanchez
Revisão: Roselaine Wandscheer