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Otimismo forçado em Evian

(am)2 de junho de 2003

Embora desta vez as atenções se voltem principalmente para o clima político entre os EUA, a França e a Alemanha, a conferência de cúpula do G-8 destina-se primordialmente a tratar de questões econômicas.

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Os chefes de Estado e de governo na conferência de cúpula do G-8, em EvianFoto: AP

Em que pese todas as desavenças políticas da crise do Iraque, o anfitrião da conferência de cúpula do G-8 em Evian, o presidente francês Jacques Chirac, espera que o encontro gere um claro sinal de impulso para a conjuntura econômica mundial. Apesar de todas as divergências no setor político, os membros do G-8 compartilham as mesmas posições básicas na área econômica.

Seguindo tal linha de raciocínio, o mais provável é que o documento final da conferência de Evian, às margens do Lago de Genebra, seja caracterizado por mensagens otimistas. "Estou convencido de que Evian emitirá uma moção de confiança no crescimento da economia mundial", afirmou Chirac.

Também o governo alemão vê a questão de forma semelhante. Os grandes temas de Evian serão as perspectivas futuras, afirmam as fontes oficiais alemãs. E disto fazem parte as reformas estruturais. Todos os países do G-8 enfrentam o mesmo problema estrutural: um aumento da média etária da população, o que leva a uma sobrecarga crescente para as caixas de aposentadoria e os sistemas de seguro-saúde. Em Evian terá de ser tratada a questão das reformas estruturais, a fim de fortalecer as forças do crescimento econômico.

O impasse na liberalização

Resta ainda a questão do comércio mundial. A nova rodada de negociações iniciada, em Doha, a capital do Catar, chegou a um impasse. Com isto, chegaram a uma paralisação completa as discussões sobre uma nova liberalização da economia mundial.

Principalmente o desacordo sobre as subvenções agrárias divide o G-8. Enquanto os Estados Unidos pressionam por uma rápida eliminação de tais subsídios, os países europeus e o Japão têm dificuldades em cortar as ajudas dadas aos agricultores.

Em sua primeira participação no tradicional encontro preliminar da conferência de cúpula do G-8, o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva também criticou severamente o protecionismo dos países ricos e pôs em dúvida a imparcialidade da Organização Mundial do Comércio. Segundo ele, os países em desenvolvimento fizeram grande esforço para se tornarem competitivos no mercado mundial. Mas isto se revela impossível em meio a uma guerra de subvenções e outras medidas protecionistas, que resultam na exclusão social dos países mais pobres, afirmou Lula.

Instrumentalização da África

Diretamente ligada à questão das subvenções agrárias está também a iniciativa pela África, que foi lançada durante a última conferência de cúpula, em Kananaskis, no Canadá. A iniciativa recebe agora também o apoio de Washington, que vê nela um instrumento para exercer pressão sobre os europeus na questão dos subsídios agrícolas.

Em função das ajudas estatais para as exportações de produtos agrários, os países africanos praticamente não têm qualquer chance de desenvolver uma agricultura própria, competitiva no mercado mundial, criticam os americanos. Um argumento que os europeus não têm como refutar.

Independente da instrumentalização americana da iniciativa em prol da África, o governo federal alemão dá completo apoio aos planos de ajuda política e econômica aos países africanos, segundo a encarregada oficial do chanceler Gerhard Schröder para a África, Uschi Eid. Segundo ela, a grande novidade na contribuição alemã para a iniciativa será sobretudo o fortalecimento do aspecto civil da ajuda, a fim de criar uma compensação para o pensamento militarista predominante nos países africanos.