Os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi
Os Jogos Olímpicos de Inverno acontecem entre 7 e 23 de fevereiro na cidade russa de Sochi. Com investimentos de mais de 40 bilhões de euros, são as Olimpíadas de Inverno mais caras de todos os tempos.
Olimpíadas de Inverno à sombra de palmeiras
Provavelmente, os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia, serão os mais controversos de todos os tempos, envolvendo questões de destruição ambiental, corrupção e violações dos direitos humanos. Sochi está na mira dos críticos. Para a menina dos olhos de Putin, nada foi deixado ao acaso: toda uma região foi virada de cabeça para baixo.
Alienígenas no Parque Olímpico
Quando a Rússia se candidatou para receber os Jogos de Inverno, todos os locais de competição em Sochi só existiam como maquete computadorizada. No distrito de Adler, só havia um imenso areal, até que o dinheiro para as Olímpiadas fez rolar as escavadeiras. Todos os campos esportivos tiveram de ser construídos. Mais de 2 mil famílias foram desalojadas à força. As pistas de gelo parecem ovnis.
O maior canteiro de obras da Europa
Dezenas de milhares de operários ainda estão trabalhando para finalizar a tempo as ruas, hotéis e palácios suntuosos na cidade do Mar Negro. Quase 550 quilômetros de novas estradas e vias férreas estão sendo construídos. Montanhas foram explodidas ou perfuradas. Sochi é o maior canteiro de obras da Europa. Parece que todos os operários russos de construção estão na cidade: há pleno emprego.
Nas costas dos trabalhadores estrangeiros
De acordo com estimativas de ativistas de direitos humanos, cerca de 40 mil operários estrangeiros trabalham nos canteiros de obras. São pessoas oriundas principalmente do Uzbequistão, do Quirguistão, Tadjiquistão ou da Ucrânia. Sem eles, o projeto faraônico não poderia ser realizado. Muitos desses trabalhadores relataram a ONGs falta de pagamento, abusos e péssimas condições de trabalho.
Deportados
No início de setembro de 2013, o governador da região Krasnodar ordenou a perseguição de trabalhadores ilegais. A meta era expulsar todos os operários estrangeiros ilegais de Sochi até 1° de novembro, de 2013. Muitos dos trabalhadores presos foram mandados embora e deportados, relatam outros operários. O destino deles é incerto.
O festival de Putin
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou os Jogos em Sochi como um projeto de prestígio nacional. Eles deveriam apresentar uma Rússia moderna, cosmopolita, que está retornando à sua antiga força. O equívoco de realizar os Jogos de Olímpicos de Inverno numa região subtropical veio do próprio Putin. Perto da cidade litorânea, ele possui uma casa onde gosta de receber seus convidados.
Estação de esqui de proveta
Em Krasnaya Polyana (que poderia ser traduzido como Clareira Vermelha), a 70 quilômetros de Sochi, foi erguida uma vila completamente nova nas montanhas do Cáucaso. Aqui serão realizadas as competições de esqui alpino, bobsled e luge. Ainda não se sabe se as milhares de vagas de hotéis na exclusiva estação de esportes de inverno ficarão ocupadas também depois dos Jogos Olímpicos.
Cidade de cara nova
As construções e as obras de infraestrutura transformaram radicalmente a paisagem urbana de Sochi. Se antigamente a cidade era um resort com casas de um pavimento, hoje dominam os arranha-céus. Muitos apartamentos ainda estão desocupados. Segundo os especialistas, após os Jogos Olímpicos de Inverno, paira a ameaça de uma bolha imobiliária.
Os jogos mais verdes da história?
Na verdade, os Jogos de Sochi deveriam ser os mais ecológicos de todos os tempos. Para cada árvore derrubada, deveria ser plantada uma nova. No entanto, trata-se sobretudo de palmeiras importadas da Itália, colocadas como decoração nas ruas da cidade. As intervenções na natureza são enormes. Críticos dizem que houve desmatamento e nivelamento de áreas livres em grande estilo.
Sem consideração com os moradores
Os moradores de Akhshtyr, um pequeno vilarejo localizado somente a 10 quilômetros do Parque Olímpico, foram os principais afetados. Há uma pedreira ao lado da aglomeração. Dia e noite, 250 caminhões trafegam pelas ruas transportando pedras. As casas apresentam rachaduras, tudo está cheio de pó e sujeira, e o abastecimento de água foi interrompido.
Atos homofóbicos
A situação não está fácil para gays e lésbicas na Rússia. Segundo pesquisas, 35% dos russos veem a homossexualidade como uma "doença" ou como o "resultado de um trauma". Uma lei assinada pelo presidente Putin em junho de 2013 proibiu, sob ameaça de punição judicial, observações positivas sobre estilos de vida homossexuais na presença de menores de idade.
Custos exorbitantes
Quando a Rússia ganhou a disputa para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno, em 2007, os custos do projeto foram estimados em 8,9 bilhões de euros. No final de 2013, esses custos já se aproximavam dos 40 bilhões. Os motivos estão na corrupção e no mau planejamento. Assim, a pista de salto de esqui teve de ser demolida e reconstruída várias vezes.
Jogos sem neve?
Para os responsáveis, a maior preocupação não eram os locais de competição, porque muitos deles, como o estádio de biathlon (foto), já estão prontos. Mas um problema pode ser a falta de neve. Por outro lado, em caso de necessidade, os organizadores providenciaram 430 canhões de neve e dezenas de milhares de metros cúbicos de neve armazenada, garantindo assim "jogos brancos" à sombra de palmeiras.