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Os desafios das restrições a não vacinados em Berlim

Kate Brady
17 de novembro de 2021

Falta de fiscais e protestos de negacionistas são alguns dos entraves às novas regras que começaram a valer na capital alemã. Críticos associam veto a não imunizados ao ódio contra os judeus durante o nazismo.

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Taça de café, celular e máscara numa mesa de restaurante
Certificado eletrônico da vacinação da UE e máscara estão entre os itens necessários para frequentar restaurantes em BerlimFoto: K.Brady/DW

À medida que o cinzento inverno berlinense começa, diminui o desejo dos berlinenses de ficar do lado de fora sob temperaturas congelantes. Mas qualquer pessoa que buscar abrigo do lado de dentro terá que provar que está totalmente vacinado ou se recuperou da covid-19. A regra é conhecida como 2G ("geimpft oder genesen" – "vacinado ou recuperado").

Um passeio por alguns dos 12 bairros de Berlim dá uma ideia de como a regra 2G está – ou não – sendo implementada. Em um café perto do Portão de Brandemburgo, o barista pede para ver o certificado que comprove a vacinação completa antes mesmo de tocar os pedidos no caixa. Uma visita a um café no bairro oriental de Friedrichshain também parece promissora: um cartaz na porta descreve a regra 2G em detalhes. Mas no balcão, nem a prova de vacinação ou da recuperação parecem ser um pré-requisito. Questionado se é necessário mostrar um comprovante de vacinação, o barista responde: "Bem, você está com ele aí? Se não for o caso, não precisa."

Outros restaurantes também decidiram contornar a nova regra fechando o estabelecimento. Placas na vitrine de um restaurante no bairro de Prenzlauer Berg dizem: "Fechado por causa do 2G! Todos são bem-vindos aqui, e não excluímos ninguém."

Cinemas, teatros e museus também devem seguir o regulamento. Na Ilha dos Museus de Berlim, um segurança, que pediu para permanecer anônimo, escaneia o código QR dos visitantes vacinados.

"Não tivemos tantas pessoas que se recuperaram recentemente da covid", diz. "Mas escanear o código QR de todos é demorado – especialmente dos visitantes de fora da União Europeia (UE). Nossos scanners só podem escanear os certificados CovPass, da UE. Os que vêm de fora da UE precisam trazer seus documentos. Isso requer um certo nível de confiança de que os papéis são válidos."

Irritação de não vacinados

No geral, no entanto, a mudança parece ter sido bem recebida. "Acho que há uma sensação de alívio para alguns clientes – e para os funcionários também", diz uma garçonete de uma lanchonete de kebab vegano. "Considerando a velocidade com que o número de casos está crescendo, a regra 2G, em vez da 3G (que permite que os não vacinados frequentem ambientes fechados mostrando teste negativo), é uma camada adicional de segurança para muitos."

Papéis colados em porta de vidro de restaurante
Protesto do dono do estabelecimento: "Fechado devido ao 2G. Não excluímos ninguém"Foto: DW

Mas nem todos estão satisfeitos. Negacionistas estão colando estrelas amarelas – em alusão àquelas que judeus eram obrigados a portar durante o regime nazista – nas vitrines de alguns estabelecimentos que estão seguindo a nova regra. "Pessoas saudáveis ​​e testadas não são desejadas aqui", diz o texto impresso nas estrelas de papel.

O dono de um restaurante diz que ficou "horrorizado" ao ver que o Holocausto está sendo instrumentalizado por aparentes negacionistas do coronavírus e céticos da vacina.

Do outro lado da cidade, o dono de adega Vincenzo Berenyi diz que alguns clientes que foram recusados ​​depois de não conseguirem provar que estavam completamente imunizados ou que se recuperaram recentemente publicaram críticas negativas online. "Não pude sentar na minha mesa reservada porque o funcionário na porta não me deixou entrar", dizia um comentário.

Falta de fiscais

As autoridades locais também estão sendo chamadas para ajudar a garantir que a nova regra 2G seja cumprida. Mas a falta de fiscais e policiais para desempenhar a tarefa em Berlim está se revelando um desafio.

Benjamin Jendro, porta-voz do Sindicato da Polícia (GdP) em Berlim, afirma que as violações à segurança pública estão se acumulando. "Processá-las ainda levará vários meses porque não foram adicionadas mais pessoas à equipe de campo ou no escritório. Portanto, no máximo, haverá verificações pontuais", diz.

"Uma regra 2G clara é melhor do que a combinação anterior, porque cria uniformidade", avalia Jendro. "Mas também está claro que nem a nossa polícia nem as autoridades que fiscalizam podem verificar se a regra 2G está sendo seguida em todos os níveis."