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Os candidatos a presidente do Irã

Thomas Latschan | Davoud Khodabakhsh md
18 de maio de 2017

Entre os quatro concorrentes, somente o atual ocupante do cargo, Hassan Rohani, e o ultraconservador Ebrahim Raisi têm reais chances de vitória nas eleições para a presidência iraniana.

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Mulher deposita voto na urna durante eleição parlamentar no Irã em 2016
Nas eleições presidenciais iranianas, ganha quem conseguir maioria absoluta dos votosFoto: Getty Images/AFP/A. Kenare

Em abril registrava-se um total de 1.636 candidatos para concorrer nas eleições presidenciais iranianas. No fim restaram apenas quatro: o atual presidente, Hassan Rohani, e Mostafa Hashemi-Taba são tidos como pertencentes ao campo reformista, Ebrahim Raisi e Mostafa Agha Mirsalim concorrem como candidatos ultraconservadores.

Porém só Rohani e Raisi têm chances reais de vitória. Os dois candidatos têm em comum uma certa semelhança física, mais fácil é distingui-los pela cor de seus turbantes. Mas, em suas orientações políticas, eles não poderiam ser mais diferentes. Quando os 56 milhões de cidadãos com direito de voto forem às urnas nesta sexta-feira (19/05), eles também escolherão entre uma abertura política externa ou o confronto.

Pela colaboração com o Ocidente

O presidente iraniano, o moderado Hassan Rohani, de 68 anos, quer continuar sua política de aproximação com o Ocidente, cujo auge foi a assinatura do acordo nuclear internacional, em julho de 2015. Embora ele lidere as pesquisas de intenção de voto, a batalha pelo segundo mandato pode se revelar mais difícil do que se pensa.

Presidente iraniano, Hassan Rohani
Presidente Hassan Rohani quer continuar sua política de aproximação com OcidenteFoto: picture alliance/dpa/D. Bockwo

Ruhani quer mais tempo para continuar seu curso de abertura externa. Durante a campanha eleitoral, ele deu prioridade a temas como direitos civis e liberdades culturais. Para isso tem o apoio de numerosos ativistas de direitos humanos, representantes da área cultural e ativistas dos direitos civis.

Economicamente, o Irã apresenta uma leve recuperação. No governo de seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, a moeda iraniana sofreu forte desvalorização, sob a influência das sanções internacionais. Ruhani conseguiu estabilizar a moeda e aumentar significativamente a produção de petróleo.

Mas o desemprego e a falta de perspectiva permanecem altos, especialmente entre os jovens, também devido à extrema cautela que as empresas estrangeiras ainda têm em investir no país, apesar do relaxamento das sanções.

Raisi é contra maior abertura

Por sua vez, o oposicionista ultraconservador Ebrahim Raisi critica a suposta má gestão do governo e pede mais justiça social. Ele acusa o presidente de fazer política para as elites e negligenciar os pobres e desempregados.

No campo da política externa, ele é a favor da confrontação política. "Não mostrar fraqueza diante do inimigo" é seu slogan. Ele não questiona o acordo nuclear, mas é claramente contra uma maior abertura do país, inclusive na questão dos investimentos estrangeiros. Em vez disso, Raisi insiste em conquistar independência política e econômica do Ocidente.

Candidato ultraconservador Ebrahim Raisi
Ultraconservador Ebrahim Raisi visa independência internacional do IrãFoto: RASA

Nos bastidores Raisi vinha sendo apontado como possível sucessor do líder religioso supremo Ali Khamenei, mas agora se esforça para alcançar a presidência. Ele fez carreira no sistema judicial iraniano. E nisso, tem um passado obscuro: na década de 80 foi responsável por milhares de execuções de prisioneiros políticos.

Nas redes sociais iranianas, Raisi também é chamado de "aiatolá da execução". Dois meses atrás foi nomeado pelo líder religioso supremo para dirigir a mais rica fundação religiosa do país. Nos debates televisivos para a eleição, Raisi foi acusado repetidas vezes de liderar uma fundação que não paga impostos, apesar de seu patrimônio multibilionário.

Candidatos com pouca chance

O candidato Mostafa Mirsalim também é considerado conservador. O ex-ministro da Cultura já tinha se retirado dos principais palcos da política iraniana há 20 anos e ultimamente era apenas membro do Conselho de Discernimento, que faz a mediação de questões contenciosas entre o governo e o Parlamento. No entanto, tem pouca chance de vitória na eleição.

O reformista Mostafa Hashemi-Taba, de 76 anos, também tem chances reduzidas de chegar à presidência. Vice-presidente entre 1997 e 2005, sob o presidente Mohammed Katami (1997-2005), ele liderou durante anos o Comitê Olímpico iraniano. Nas últimas pesquisas conseguiu menos de 5% da intenções de voto.

Aiatolá Ali Khamenei é o líder religioso supremo do Irã
Aiatolá Ali Khamenei é o líder religioso supremo do IrãFoto: picture-alliance/dpa/Offical Supreme Leader Website

Cargo de poderes restritos

No sistema político do Irã, o presidente é apenas o segundo homem mais poderoso. Acima de todos, desde a Revolução Islâmica de 1978/79, está o líder religioso supremo, que tem a última palavra sobre todas as questões principais. Ele dita as diretrizes mais importantes da política interna e externa e é o comandante supremo do Exército iraniano.

Como chefe do Executivo, Já o presidente tem, um papel central na estrutura de poder no Irã, mas é dependente da boa vontade do líder religioso supremo em todas as suas decisões. Além disso, é responsável pela política econômica do país.

O presidente nomeia os seus ministros, mas as nomeações devem ser aprovadas pelo Conselho dos Guardiães e também pelo Parlamento. É eleito por quatro anos e não pode se candidatar novamente após seu segundo mandato. Para ser eleito, um candidato precisa da maioria absoluta dos votos. Caso nenhum dos candidatos obtenha essa maioria, deve ser realizado um segundo turno, agendado para 26 de maio.