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Orquestra da UE retira sede do Reino Unido

Cristina Burack md
6 de abril de 2017

Devido ao Brexit, Orquestra Barroca da União Europeia, cofinanciada pelo bloco, deixa Oxfordshire, na Inglaterra, e se muda para Antuérpia, na Bélgica. "Não faz sentido ficar fora da UE", diz diretor da instituição.

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Músicos da Orquestra Barroca da União Europeia
Orquestra Barroca da União Europeia reúne alguns dos melhores músicos jovens da EuropaFoto: Global Arts Photography Ed de Groat

Ao ativar o artigo 50, com o qual a premiê do Reino Unido, Theresa May, iniciou oficialmente negociações para saída do país da União Europeia (UE), a chefe de governo britânica afirmou que o Reino Unido vai deixar UE, e não a Europa.

No entanto, para conjuntos de música clássica, a questão sobre se o Reino Unido conseguirá sair da UE sem abrir mão de sua ligação com a arte e a música da Europa é de vital importância. Orquestras pan-europeias – no Reino Unido e na Europa continental – começam a se perguntar se o Brexit trará mudanças na relação com o Reino Unido.

Para a Orquestra Barroca da União Europeia (European Union Baroque Orchestra, Eubo), integrada por alguns dos mais talentosos jovens músicos da UE, a resposta é: sim. Desde a sua criação, em 1985, o conjunto tem sua sede em Oxfordshire, na Inglaterra. Mas em 19 de maio, a Eubo fará, na antiga igreja da St John Smith's Square, em Londres, seu último concerto como entidade baseada no Reino Unido. Logo depois, fará sua mudança de sua sede oficial para Antuérpia, na Bélgica.

"Enquanto uma unidade da União Europeia, isso era mais uma questão de 'quando' do que de 'se'", sublinha Paul James, diretor-geral da Eubo. "Somos embaixadores culturais oficiais da União Europeia e cofinanciados por ela" – através do programa Europa Criativa, da Comissão Europeia.  "Não faz sentido algum manter uma unidade da União Europeia fora da UE", acrescenta.

"Cultura é assunto secundário" 

Com orçamento de 1,46 bilhão de euros para o período de 2014 a 2020, o programa Europa Criativa financia arte e cultura, incluindo música, nos Estados-membros da UE. Mas até mesmo países que não são membros do bloco podem receber dinheiro, se pagarem uma espécie de taxa de entrada, cujo valor é determinado conforme o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Paul James, diretor-geral da Eubo:
Paul James, diretor-geral da Eubo, aposta na solidariedade Foto: European Union Baroque Orchestra

Consequentemente, instituições de música britânicas também podem continuar obtendo verbas do programa após a saída da UE – mas, nesse caso, o governo britânico teria que decidir investir no projeto.

James acredita que a cultura não vai ter um papel tão importante nas negociações lideradas por May. E mesmo assim, ele crê que pode haver um conflito entre sua orquestra, que é intimamente conectada à UE, e o Reino Unido.

"Por que alguém seria a favor de dar dinheiro a uma organização europeia que não deseja mais permanecer no Reino Unido?", questiona.

Solidariedade entre músicos

Mas James também prevê receber muita solidariedade nos próximos meses com a mudança da sede da Eubo, incluindo na futura nova sede de sua orquestra, o Amuz International Music Center, em Antuérpia.

Diferentemente de temas como exigências comerciais ou de entrada de cidadãos, em que muitos vezes duras negociações são exigidas, as conversas entre profissionais da música britânicos e europeus sempre foram dominadas pelo sentimento de solidariedade.

J ames acredita que isso continuará valendo no caso da mudança da Orquestra Barroca da União Europeia de Oxfordshire para Antuérpia. "A música é um idioma universal", diz.