1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Oposição e governo trocam acusações após mortes em protestos na Venezuela

13 de fevereiro de 2014

Piores distúrbios desde os protestos pós-eleitorais de 2012, tumultos deixam três mortos e mais de 20 feridos. Presidente Maduro culpa "grupos fascistas" e líderes oposicionistas denunciam "emboscada" do governo.

https://p.dw.com/p/1B7tt
Foto: Reuters

Governo e oposição da Venezuela trocaram acusações depois da morte de pelo menos três pessoas na quarta-feira (12/02), nos piores distúrbios desde os protestos do ano passado, após a apertada vitória eleitoral do presidente Nicolás Maduro.

As mortes ocorreram depois de manifestações a favor e contra o governo. Duas pessoas foram mortas por tiros em Caracas, um estudante e um simpatizante do governo. Uma terceira perdeu a vida em um tiroteio relacionado a uma manifestação no município de Chacao.

Quase um ano após a morte do líder socialista Hugo Chávez, os tumultos evidenciam a polarização profunda que vive o país, membro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP). De um lado, estão os defensores dos milionários planos sociais do governo que deram benefícios a grande parte da população. Do outro, estão os que querem mudanças, cansados do desempenho fraco da economia e do aumento da violência.

Segundo Maduro, uma quarta pessoa estaria hospitalizada em estado crítico. O chefe de governo venezuelano culpou "pequenos grupos fascistas", que acusou de estarem infiltrados nos protestos da oposição. Já esta culpa militantes armados pró-governo, conhecidos como "coletivos", de atacar dezenas de suas manifestações nos últimos anos.

Venezuela Unruhen Proteste 13.2.14
Maduro em evento na quarta-feira: líder culpa oposição de querer derrubar governo pela violênciaFoto: Reuters

Um funcionário do governo disse que 23 pessoas ficaram feridas, 25 foram presas, quatro veículos da polícia foram queimados e alguns prédios do governo sofreram atos de vandalismo. Alguns manifestantes da oposição, muitos deles com rosto coberto, lançaram pedras e queimaram pneus nas ruas.

"Não vamos permitir mais ataques"

"Querem derrubar o governo através da violência", afirmou Maduro na televisão estatal. "Não têm ética, nem moral", acusou. "Não vamos permitir mais ataques".

Na últimas semanas, grupos liderados pela ala mais radical da oposição − integrada por Leopoldo López, a deputada Maria Corina Machado e o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma − saíram às ruas para protestar contra o governo, gerando violentos confrontos. Seu slogan é "A Saída", uma alusão a uma saída de Maduro do poder, que assumiu há dez meses.

As marchas se voltam contra a delinquência, a corrupção e o rápido aumento do custo de vida no país.

Ledezma culpou o governo pela violência, afirmando ter sido causada por uma "emboscada" contra uma passeata realizada pacificamente diante do Ministério Público para exigir a libertação de oito estudantes detidos em recentes marchas. "A passeata começou e terminou pacíficamente na cidade de Caracas. A marcha foi vítima de uma emboscada", acusou Ledezma. "Toda a Venezuela sabe quem são os violentos no país. Todo mundo sabe quem são os grupos armados que vêm atuando com total impunidade", completou.

Venezuela Unruhen Proteste 13.2.14
Caracas teve os piores confrontos desde protestos do ano passadoFoto: Reuters

Novas manifestações

Dirigentes da oposição acusaram Maduro de querer "suspender garantias" constitucionais e desacreditar os protestos. Eles convocaram novas manifestações depois de o governo anunciar que impedirá passeatas não autorizadas.

O líder da oposição e ex-candidato presidencial Henrique Capriles também condenou a violência e disse que os incidentes não podem manchar a manifestação realizada de modo pacífico.

Em abril do ano passado, apenas um dia depois de ganhar as eleições presidenciais com uma vantagem de 1,5 ponto percentual, Maduro enfrentou violentos protestos de opositores, que reclamaram uma recontagem de votos. As manifestações deixaram oito mortos, entre opositores e simpatizantes do governo.

MD/rtr/dpa/lusa